Capítulo 16

714 150 98
                                    

Certifique-se de que leu o capítulo 15 antes de continuar a leitura, pois o Wattpad não notificou todas as leitoras quando eu postei.

AGNES

Eu percebia o olhar de Álvaro em mim o tempo todo. Não era um olhar lascivo, mas intenso, como se ele estivesse me estudando, tentando decifrar cada parte de mim. E isso me deixava desconfortável. Ao mesmo tempo, havia uma curiosidade latente que crescia dentro de mim. Eu sabia que ele era diferente dos outros homens com quem já havia me envolvido, mas não conseguia decidir se isso era bom ou perigoso. Talvez fosse ambos.

Amanhã, eu estaria livre para ir embora. E, de alguma forma, não queria ir. Havia algo em Álvaro, algo não resolvido, que me mantinha ali, presa entre a razão e o desejo.

Quando saí do quarto ao anoitecer, ouvi o som de panelas na cozinha. Resolvi ir até lá. Era uma desculpa para falar com ele, talvez entender melhor essa tensão que parecia envolver a nós dois.

— Vai querer ajuda com o jantar? — ofereci, tentando manter um tom casual enquanto o via mexendo em alguns ingredientes na bancada.

Álvaro me olhou por cima do ombro. Seus olhos escuros me analisavam por um instante, e, como de costume, ele parecia já ter lido mais do que eu estava disposta a revelar.

— Se você quiser, não vou recusar — respondeu, com aquele meio sorriso que sempre carregava algo a mais, como se ele soubesse exatamente onde isso iria parar.

Peguei alguns legumes para cortar e tentei me concentrar na tarefa simples. No entanto, a proximidade dele fazia meu corpo ficar hiperconsciente de cada pequeno movimento. Eu sentia o calor que emanava dele, o toque leve de sua respiração se aproximando, e isso mexia comigo de uma maneira que eu não queria admitir.

Enquanto cortava os legumes, percebia os músculos dos seus braços se flexionando enquanto ele misturava os ingredientes na panela. O aroma do alho e das especiarias começava a preencher o ar, mas o cheiro não era o que prendia minha atenção. Era ele.

Em algum momento, nossos braços se tocaram levemente, um simples roçar de pele contra pele. E foi o suficiente para que um arrepio subisse pela minha espinha. Eu sabia que ele tinha percebido, porque senti seu olhar sobre mim, fixo por alguns segundos a mais do que o necessário.

— Eu ainda te deixo nervosa? — ele perguntou, com aquela voz baixa, mas carregada de uma malícia sutil que parecia sempre presente quando ele falava comigo.

Respirei fundo, tentando controlar meu coração acelerado.

— Não, só... um pouco tímida — respondi, mantendo os olhos nos legumes, mesmo que minha mente estivesse longe dali.

— Tímida? — Ele murmurou, o tom brincalhão. — Não parece muito tímida no Instagram.

Rolei os olhos, sentindo o calor subir pelo meu rosto.

— Pare de falar dessas fotos, por favor!

— Por quê? — Ele arqueou uma sobrancelha, um sorriso irônico surgindo em seus lábios. — Elas são ótimas para bater punheta.

O ar parecia ter sido sugado da cozinha por um momento. A provocação dele, tão descarada, me pegou de surpresa.

— Você bateu punheta vendo as minhas fotos?

— Eu e seus seguidores, né? Ou você posta foto quase nua achando que a gente vai orar?

Senti uma mistura de raiva e atração. Era como se ele soubesse exatamente quais botões apertar para me desestabilizar. O sorriso irônico dele me irritava, mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim queria continuar ouvindo, continuar brincando naquele território perigoso que estávamos explorando.

NA MIRA DE UM STALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora