Capítulo 25

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AGNES

Enquanto jogava as roupas dentro da bolsa de mão, sentia uma mistura de pânico e alívio. Não sabia se a presença de Álvaro me tranquilizava ou se me deixava ainda mais confusa. Tudo o que eu sabia era que precisava sair dali, daquele apartamento que não parecia mais seguro. A calcinha com a mancha de esperma ainda estava fresca na minha mente, e o medo de que alguém estivesse me observando, talvez até mais perto do que eu imaginava, me deixava completamente desnorteada.

Vasculhei o guarda-roupa, procurando o essencial para passar a noite fora. Peguei algumas roupas e itens de higiene pessoal, jogando-os na bolsa sem nem ao menos me preocupar com o que estava levando. Só queria sair dali. Álvaro estava parado na porta do quarto, observando com aquele olhar firme que nunca me deixava realmente à vontade.

Eu ia sair de pijama mesmo, só queria fugir daquela situação o mais rápido possível, mas ele me deteve.

— Veste uma calça — ele ordenou, sem qualquer delicadeza. — Não quero ninguém te olhando.

A possessividade na voz dele era clara, quase palpável. Tentei não sorrir ao ouvir aquilo, mesmo achando estranhamente fofo. Álvaro não fazia questão de disfarçar seu jeito controlador, e em meio a todo o caos, havia algo de reconfortante nisso.

Ele fez menção de sair do quarto para me dar privacidade, mas, num impulso, segurei sua mão. Não queria ficar sozinha nem por um segundo, não depois de tudo o que tinha acontecido.

— Fica aqui — pedi, a voz saindo mais baixa do que eu esperava.

Preferi que ele me visse ali, em minha vulnerabilidade, só de calcinha, do que correr o risco de ele sair e algum louco, que poderia estar me vigiando, me encontrar sozinha.

Álvaro não disse nada, mas seus olhos falaram mais do que palavras. Ele ficou. O olhar dele me acompanhava enquanto eu tirava o short do pijama e vestia uma calça jeans qualquer. Senti seus olhos passeando pelo meu corpo, mas, estranhamente, não me incomodei. Era como se, naquele momento, a presença dele fosse a única coisa que me mantinha ancorada à realidade, à sanidade.

Vesti a calça rapidamente, deixando a camiseta do pijama mesmo, e peguei minha bolsa. Quando estava pronta, saímos do apartamento. Enquanto caminhávamos pelo corredor silencioso, passei pelo apartamento da Renata e do Fábio, fazendo uma anotação mental de lembrar de avisar a eles que estava com Álvaro. Eles deviam estar dormindo a essa hora, e eu não queria preocupar ninguém, mas também não podia desaparecer sem dar notícias.

A descida pelo elevador foi envolta em um silêncio denso. O barulho suave do elevador descendo era o único som entre nós, e, apesar de tudo, eu sentia a presença de Álvaro como uma barreira contra o pânico que ameaçava me engolir. Quando as portas se abriram e saímos no estacionamento subterrâneo, o som dos nossos passos ecoava pelo espaço vazio. Ele apertava minha mão com firmeza, como se quisesse transmitir segurança através daquele simples gesto.

Assim que entramos no carro, o silêncio foi quebrado.

— Você está segura agora, Agnes — ele disse, enquanto ligava o carro.

Sua voz era baixa, quase um sussurro, como se temesse quebrar o frágil estado em que eu me encontrava.

Eu balancei a cabeça, tentando acreditar nas palavras dele. O toque da mão dele nos meus cabelos, suave e quase cuidadoso, me pegou de surpresa. Não era o gesto de alguém que normalmente demonstrava carinho. Ele deslizava os dedos pelo meu cabelo, como se estivesse tentando me acalmar com toques delicados, e a cada vez que fazia isso, algo dentro de mim relaxava, mesmo que contra a minha vontade.

— Vai ficar tudo bem — ele repetiu, sua voz agora mais firme, como se estivesse tentando convencer a si mesmo tanto quanto a mim. — Eu vou garantir que nada aconteça com você.

NA MIRA DE UM STALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora