14 | você estava me enganando?

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Eu estava no estacionamento, esperando Viktor

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Eu estava no estacionamento, esperando Viktor. Ele parecia surpreso quando eu o  pedi para me ensinar a jogar hóquei, mas, no final, aceitou sem muita resistência. Parte de mim sabia que essa ideia era um tanto absurda; hóquei não era para alguém como eu, mas havia algo sobre estar perto dele que me instigava. Além disso, as provocações entre nós apenas aumentavam minha vontade de desafiá-lo, de mostrar que eu não era apenas a garota que ele imaginava. Ainda mais depois daquele beijo, como ele nunca tinha beijado antes?

Ele chegou carregando uma bolsa cheia de equipamentos e uma expressão levemente desconfiada.

— Está pronta para levar uns tombos? — provocou ele, jogando o cabelo para trás.

Revirei os olhos, mas me aproximei e peguei um dos capacetes.

— Eu poderia te surpreender, Viktor. — Respondi com um tom desafiador, ajustando o capacete.

Quando finalmente estávamos no rinck, eu comecei a "deslizar" com passos desajeitados, fingindo que não sabia patinar. A verdade era que eu já tinha praticado algumas vezes, mas nunca deixaria ele saber disso. Era a oportunidade perfeita para vê-lo em ação e para fazer ele se aproximar de mim de uma forma que, de outro modo, ele jamais faria.

— Você realmente não tem ideia do que está fazendo, né? — ele comentou, segurando meu braço quando eu dei um tropeço proposital.

Eu me permiti apoiar nele, sentindo a firmeza de suas mãos me segurando.

— Talvez eu esteja precisando de um instrutor mais... próximo, entende? — Respondi com um sorriso malicioso.

Ele levantou uma sobrancelha, mas não se afastou. Ao invés disso, se posicionou atrás de mim, segurando meus braços para me dar estabilidade enquanto eu "tentava" deslizar no gelo. Eu podia ouvir seu sorriso na voz, e senti uma faísca de satisfação quando ele respondeu:

— Pois então, vamos ver se consigo te ensinar, Bianchi.

Enquanto ele guiava meus movimentos, eu estava ciente das minhas amigas e seus amigos na arquibancada. Amanda e Elisabeth, junto com Mickey e Jonh, pareciam bastante divertidos com a cena, especialmente com o fato de Viktor estar tão próximo de mim.

Depois de alguns minutos, ele começou a me soltar um pouco, incentivando-me a tentar andar sozinha.

— Vamos, você consegue. É só impulso e equilíbrio, — explicou ele pacientemente.

Eu, claro, aproveitei para continuar tropeçando de propósito, agarrando-me a ele cada vez que "perdia" o equilíbrio. A cada toque, cada apoio, sentia que a tensão entre nós crescia de forma incontrolável. Viktor estava tentando manter a calma, mas percebi que, em alguns momentos, ele perdia a concentração. Ele olhava para mim com uma mistura de divertimento e algo mais, algo que eu não sabia definir completamente, mas que despertava um calor em mim.

— Preciso te confessar uma coisa, — ele disse, finalmente percebendo minhas intenções. Ele segurou meus ombros com firmeza, forçando-me a encará-lo.

Meu coração disparou. Por um momento, pensei que ele iria me confrontar ali mesmo, mas em vez disso, ele se aproximou um pouco mais, de modo que nossos rostos estavam perigosamente perto. Eu estava prestes a responder algo, quando ouvi Elisabeth gritar da arquibancada:

— Viktor, não vai deixar ela cair, hein! Está parecendo que você tem muito o que ensinar a Evelyn!

Senti meu rosto ficar quente, mas, antes que eu pudesse responder, Viktor sorriu, visivelmente divertido com o comentário da Beth.

— Você ouviu a Elisabeth. Parece que eu sou responsável por você hoje, Bianchi. Então, que tal tentar deslizar sozinha agora? — Ele me soltou um pouco, ainda me observando atentamente para garantir que eu não caísse de verdade.

A essa altura, resolvi que era hora de parar com a encenação. Dei alguns passos no gelo, deslizando com facilidade e confiança. Ele me olhou, surpreso, ao perceber que eu estava, na verdade, patinando bem melhor do que eu tinha deixado transparecer.

— Ei, espera aí, você estava me enganando? — Ele riu, mas parecia incrédulo.

Levantei uma sobrancelha e dei um sorriso.

— Talvez eu só quisesse ver se você era mesmo um bom professor.

Ele balançou a cabeça, rindo.

— Esperta, Bianchi. Muito esperta.

Os amigos dele riram e bateram palmas na arquibancada, e eu senti uma onda de orgulho e felicidade. Talvez aquele momento tivesse começado como um jogo, mas, de alguma forma, o peso do ambiente mudou. Viktor não estava apenas me ensinando a patinar; havia algo mais ali. A conexão que nos unia, as provocações, os sorrisos discretos... algo que eu ainda não conseguia admitir para mim mesma, mas que sabia ser real.

— Parece que temos uma nova jogadora no time, — comentou Jonh, gritando do alto.

Viktor riu, olhando para mim.

— Acho que ela ainda tem muito o que aprender.

Eu olhei de volta para ele, sentindo que talvez, naquele momento, não fosse só sobre hóquei.

Corações GeladosOnde histórias criam vida. Descubra agora