Voltar para casa dos meus pais para o fim de semana era sempre uma experiência agridoce. Por um lado, eu adorava o conforto da minha antiga casa, o cheiro do jardim, a comida caseira e o fato de que podia deixar minhas preocupações de lado por algumas horas. Por outro, sabia que não estava mais totalmente à vontade naquele lugar; a convivência com meus pais, embora amigável, era cheia de expectativas e perguntas que eu preferia evitar.
Mas hoje havia algo a mais, algo que tornava aquele fim de semana especial: meu irmão estava de volta. Desde que ele fora estudar fora do país, na Itália, nossos encontros eram raros, e eu sentia falta das nossas conversas despreocupadas, da cumplicidade que sempre tivemos. Assim que o vi, abracei-o com força, como se quisesse compensar o tempo que ficamos longe.
__ Ei, Evie, parece que passou uma eternidade desde a última vez que te vi __ ele disse, sorrindo ao me apertar de volta. Só ele me chama assim.
__ Dá até pra acreditar que você me esqueceu, sumido desse jeito __ respondi, rindo e tentando esconder a saudade que sentia.
Nós passamos o resto da manhã juntos, conversando e atualizando um ao outro sobre nossas vidas. Ele me contou sobre suas novas aventuras na faculdade, das noites de estudo viradas, dos novos amigos e dos desafios que vinha enfrentando. Em troca, compartilhei um pouco das minhas últimas semanas, evitando certos assuntos e nomes que poderiam despertar curiosidade ou perguntas desconfortáveis. Não queria falar sobre Viktor – nem sobre o impacto que ele vinha tendo na minha vida, por mais que, mesmo agora, ele estivesse nos meus pensamentos.
Depois do almoço, meus pais sugeriram que fizéssemos algo fora de casa. Eu e meu irmão, Diogo decidimos ir ao shopping, aproveitar o dia juntos e matar a saudade de atividades simples. Quando chegamos, o shopping estava cheio, e o clima era animado, com crianças correndo, famílias passeando e aquele burburinho típico dos finais de semana.
Estávamos na praça de alimentação, rindo e escolhendo o que pedir, quando ouvi uma voz familiar do outro lado da praça. No meio da multidão, avistei Viktor ao lado de dois rapazes que reconheci como seus amigos, John e Mickey. Meu coração deu um salto, e eu fiz o máximo para parecer casual, mas meu irmão percebeu imediatamente.
__ Conhece eles, Evie? __ ele perguntou, notando para onde eu olhava.
Revirei os olhos, tentando soar indiferente. __ um deles é meu tutor.
Meu irmão levantou uma sobrancelha, me encarando com um sorriso que eu conhecia bem. __ Ah, um desses olhares que dizem mais do que palavras...
Ignorei sua provocação, mas meu rosto certamente não conseguiu esconder o que eu estava sentindo. Viktor parecia estar se divertindo, rindo de algo que Mickey dizia, enquanto John tentava apontar algo no celular. Mesmo de longe, conseguia perceber a intensidade do seu olhar e a maneira como ele parecia ser o centro das atenções, mesmo sem querer.
__ Por que não vamos lá falar com eles, então? __ meu irmão sugeriu, me surpreendendo. Antes que eu pudesse protestar, ele já estava andando em direção ao grupo, e não me restava outra opção a não ser segui-lo.
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Corações Gelados
FanfictionEvelyn Bianchi, uma estudante italiana de moda, sempre viveu no luxo, com o mundo a seus pés. Mas, por trás da imagem de patricinha está uma garota determinada a desafiar as expectativas de todos ao seu redor. Quando suas notas em física ameaçam seu...