Capitulo 15 - Minha

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Agatha se afastou da porta, sentindo-se um pouco idiota por se deixar levar pela vulnerabilidade que Rio lhe provocava. Os últimos dias tinham sido uma tortura, com a jovem se trancando em seu quarto e evitando qualquer tipo de interação. O que a deixava mais confusa era o poder que Rio parecia exercer sobre ela; em vez de arrombar a porta e forçar uma conversa, ela se viu esperando, quase como se estivesse esperando que Rio tomasse a iniciativa de sair.

No quarto, Rio tentava se concentrar em sua própria raiva e nos sentimentos que a invadiam, mas era difícil ignorar a presença constante de Agatha em sua mente. O jeito que a vampira a tocava, como a fazia sentir, a tornava um turbilhão de emoções. A raiva, a atração, a confusão; tudo isso se misturava em um caos insuportável. Ouvindo os passos de Agatha do lado de fora, ela se sentiu um pouco culpada, mas não tinha coragem de abrir a porta.

Nos dias que se seguiram, Agatha se sentiu cada vez mais frustrada. A jovem parecia ter se fechado em uma fortaleza, e cada batida na porta apenas ecoava a solidão que as duas enfrentavam. Em um momento de desespero, ela decidiu ir para seu quarto, buscando a solidão que Rio impunha, mas sem a satisfação que esperava.

No quarto, Agatha se deixou cair na cama, sentindo o peso dos dias arrastando-se como uma nuvem cinzenta sobre sua cabeça. A raiva e a possessividade que sempre estiveram presentes em sua relação com Rio agora se misturavam a uma frustração profunda. O que ela queria não era apenas o corpo da jovem; havia algo mais ali, algo que se aprofundava em cada dia de afastamento.

No quinto dia, a situação atingiu um ponto de ruptura. Agatha decidiu que não poderia mais esperar. Ela abriu a porta do quarto de Rio com a determinação de quem estava prestes a enfrentar um dragão. Quando entrou, encontrou Rio sentada na cama, com os olhos fixos em um ponto no chão, como se estivesse em um transe.

— O que você está fazendo aqui? — Rio perguntou, sua voz fria e direta, mas com uma leve tremulação que não passou despercebida por Agatha.

A vampira se aproximou, segurando uma bandeja com café da manhã, a comida bem arrumada, o cheiro agradável de café fresco pairando no ar.

— Não estou aqui para discutir — disse Agatha, mantendo um tom calmo. — Você precisa se alimentar.

Rio cruzou os braços, desafiadora.

— E você acha que invadir meu espaço. E me trazer café da manhã vai mudar alguma coisa? — questionou, a expressão de ceticismo estampada no rosto.

Agatha revirou os olhos, mas a paciência que vinha cultivando ao longo dos dias se manteve firme.

— Eu não estou invadindo seu espaço, Rio. Só quero que você coma. Se não se alimentar, não vai ter força para nada.

A jovem hesitou, a barriga roncando em um protesto silencioso. Era verdade que ela não havia se alimentado adequadamente nos últimos dias. E a verdade mais difícil de encarar era que, apesar de tudo, ela estava começando a sentir falta de Agatha.

— E se eu não quiser? — retrucou, a teimosia evidente.

— Então eu vou continuar trazendo comida até você querer. — Agatha olhou Rio nos olhos, seu olhar intenso desafiando a resistência da jovem.

— E se eu não quiser você aqui? — Rio falou, a provocação deslizando pela sua voz.

— Então você vai ter que se acostumar com isso — respondeu Agatha, seu tom firme.

Com relutância, Rio pegou a bandeja, observando enquanto Agatha se afastava, ainda mantendo um olhar de vitória em seu rosto. À medida que a porta se fechava, Rio respirou fundo, tentando se concentrar no café da manhã à sua frente. A comida estava boa, mas seu estômago embrulhava-se de uma forma que não tinha relação com a fome.

Evil - AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora