Os dias foram passando e Agatha estava em sua casa, rodeada por caixas que esperavam para serem preenchidas. O lugar que um dia fora um refúgio seguro agora parecia uma prisão. Olhou ao redor, sentindo a pressão da cidade sobre seus ombros. Era um peso que a sufocava, e estava farta disso. Todas as noites, ela se esgueirava até a casa dos Vidal, apenas para observar Rio dormir. Escutar seus sonhos, suas esperanças e os pensamentos que giravam em torno das duas se tornara uma tortura. A dor da distância se tornava insuportável, e ela sabia que precisava mudar.
Foi nesse momento de desespero que Agatha tomou uma decisão. Precisava ir embora, deixar a cidade e tudo o que a ligava a Rio. Quando Wanda chegou, exalando o cheiro de Romanoff, Agatha a chamou para sentar, determinada a discutir suas intenções.
— Eu quero ir para outro lugar — começou Agatha, o tom sério. — Uma cidade maior, diferente. Preciso me afastar de tudo isso.
Wanda arqueou uma sobrancelha, intrigada.
— Tudo isso por conta da Rio?
— Wanda. Eu já resolvi tudo, comprei uma boa casa. Garanti um ótimo suprimento de sangue por bons anos. E se você quiser, pode levar o seu brinquedinho com você. — Agatha deu uma risada breve, mas sem humor.
— Não tenho nada com a Romanoff. — Wanda cruzou os braços, defensiva. Agatha riu, uma risada cheia de sabedoria.
— Oh, querida, eu sinto o cheiro dela toda vez que você volta das suas longas "caçadas". É um perfume inconfundível, ainda mais quando fica horas empoleirada em cima dela.
Wanda revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso. A conversa seguia um caminho leve, mas Agatha rapidamente ficou séria novamente.
—Filha, está sendo insuportável estar na mesma cidade que Rio. Eu não consigo tirá-la da minha cabeça. E não consigo confiar nela para a ter por perto. — Ela falou, a frustração evidente na voz. — E isso vai piorar com o tempo. Se ela se casar ou algo assim... isso vai ser a minha ruína.
Wanda estava em silêncio, observando a mãe. A vulnerabilidade de Agatha a tocava de uma maneira que ela não queria admitir.
— Você gosta dela né?
— Filha eu poderia mentir, evitar dizer mais eu me apaixonei por ela como nunca me apaixonei por ninguém em todos esses milênios de existência. Nenhuma mulher nunca me tirou do sério assim. Nenhuma delas me fez se quer cogitar abandonar a minha casa.— Ela se levantou olhando as paredes.— Rio é diferente, foi a primeira que eu dei a opção de ser uma de nós. Eu ficaria com ela pela eternidade se ela quisesse. Mas ela tentou me matar. E outra Eu já fui a dona dessa cidade por muito tempo. Estou cansada de ser a mão de ferro aqui. Estamos em 2023. Precisamos de novas áreas, de pessoas diferentes. — Agatha suspirou, olhando pela janela para o céu escuro. — Quero tentar levar uma vida menos perturbada e dura. E uma cidade grande pode ser boa para nós. Há alguns vampiros por lá também.
— Mãe, você não pode simplesmente fugir — Wanda disse, a preocupação transparecendo em sua voz. — Você não pode correr dos seus sentimentos.
— Não é sobre correr, Wanda. É sobre me proteger. E sobre me manter viva. Rio está me matando dia após dia. — Agatha deu uma pausa, olhando nos olhos da filha. — E se você quisesse, poderia levar a Romanoff com você.
— Eu já te disse, não temos nada — Wanda insistiu, mas a hesitação em sua voz era clara.
— Ah, querida, você pode negar o que quiser, mas o cheiro dela está em você. — Agatha sorriu, mas a tristeza ainda pairava sobre elas. — Eu só quero que você seja feliz, você já está a 600 anos nessa de curtição. Se ela for a pessoa certa não seja idiota.
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Evil - Agathario
RandomPara quitar as dívidas de sua família, Rio Vidal é entregue à vampira Agatha Harkness. Determinada a não aceitar esse destino, ela tenta fugir, mas logo descobre que escapar de Agatha não será tão simples quanto imaginava.