POV GHARD
As ruas passavam rapidamente enquanto Veigh dirigia, os faróis do carro cortando a escuridão da noite. Eu olhava para o celular, ainda encarando a última localização que Júlia tinha enviado antes de desaparecer. Aquele ponto perdido no mapa me enchia de dúvidas. Por que ela estaria indo para um lugar tão isolado? não parecia um bom sinal.
— Vamos pensar com calma. — Veigh quebrou o silêncio, sem tirar os olhos da estrada. — A gente precisa se organizar antes de agir, até pq vai q não é nada demais e a gente ta precipitando.
— Não tem isso de se precipitar, Veigh. — Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia. — Ela mandou uma mensagem estranha e, agora, sumiu. Isso já é o suficiente pra saber que algo tá errado.
Ele respirou fundo, tentando manter a calma.
— Sei disso, mas a gente não pode agir por impulso. Niink e G.A estão indo para o estúdio pegar mais informações, e a gente vai direto pra última localização dela, não dá pra ligar pra polícia sem mais nem menos cara.
Eu assenti, apertando o celular com força. Cada segundo parecia durar uma eternidade.
Depois de alguns minutos, chegamos ao estúdio, onde Niink e G.A já estavam conversando com o pessoal da produtos . Eles tinham trazido alguns documentos e contatos da equipe que estava envolvida com a série que Júlia mencionou.
— Conseguimos algumas coisas, mas nada que grite "algo tá errado". — Niink entregou um envelope com alguns papéis. — A produção da série parecia legítima, mas é tudo muito recente. Eles são famosos fora do país mas decidiram do nada abrir uma sede aqui no Brasil pra gravar essa série do nada, como se fosse gente com muito dinheiro gastando com o que queria.
— Isso que eu achei estranho. — Minha mente voltou para a conversa que tive com Júlia alguns dias atrás. — Ela comentou que essa proposta apareceu do nada, e o contrato era grande demais, tipo... bom demais pra ser verdade.
— Talvez tenha sido isso que fez ela desconfiar de algo. — G.A cruzou os braços, pensativo. — Mas, agora, temos que envolver a polícia, se esses estrangeiros simplismente sumiram com a nossa menina temos q achá-la!
Concordamos em seguir direto para a delegacia mais próxima, onde entregamos as mensagens, a localização e tudo o que tínhamos até aquele momento. No entanto, a reação da polícia não foi exatamente o que esperávamos.
— Olha, rapazes, entendo a preocupação de vocês, mas ainda não passou tempo suficiente para declarar um desaparecimento oficial. — O policial à nossa frente falava com um tom neutro, quase frio. — Além disso, essas mensagens não são suficientes pra justificar uma intervenção imediata. A empresa é legítima, não tem nenhuma prova que fez algo contra a colega de vocês, e a mesma é maior de idade e pode ter apenas saído e desligado o celular ou acabado a bateria, pode estar com algum cara e quer chamar um pouco de atenção .-O policial disse rindo de leve o que só me gerou uma onda de ódio.
— Você tá falando sério? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. — Ela mandou a localização de um lugar onde nunca iria e, agora, não atende o celular. Isso não é suficiente pra vocês?
O policial suspirou, como se já tivesse ouvido aquilo antes.
— Infelizmente, não. Se ela não entrou em contato dentro das próximas 24 horas, voltem aqui e podemos abrir um boletim oficial.
Eu queria gritar, mas Veigh colocou uma mão firme no meu ombro.
— Vamos, Ghard. — Ele me puxou para fora da delegacia, enquanto eu lutava contra a raiva e a impotência que me consumiam.
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Ghard - Entrelinhas
RomanceOnde Júlia consegue um estágio na Supernova, mas um certo japa tatuado se torna seu maior desafio. "De canto, não quero destacar, ganho que cê já ficou na minha. Mas um moleque bom como eu, é muito bom de ler entrelinhas" Julia Kaminari era uma garo...