𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 37

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CAPÍTULO 37

Semanas depois.

Nós nos perguntamos se eles iriam mesmo nos querer por lá. Sabemos que a culpa de um evento como esse estar acontecendo é de Cinco, mas até então, nenhum de seus irmãos demonstrou rejeição ou aceitação da nossa presença.

Foi uma decisão tomada pela família do meu marido, já que Ben não tem condições de fazer isso por si mesmo. Cada parte de seu corpo há um problema a ser resolvido, e que estava em um demorado e caro tratamento. Porém, há alguns dias, recebemos a notícia que ele teve morte encefálica.

Quando Diego nos passou essa informação, no meio do nosso almoço no refeitório da CIA, Cinco não foi capaz de demonstrar nenhuma reação. Ele não se mostrou triste, e se estava feliz, também fez questão de esconder. A única coisa que ele disse foi para conversar com seus irmãos e decidir o que farão com o irmão. Disse de uma forma séria, e até um tanto profissional.

Meu marido se desvinculou do mínimo de parentesco que tinha com Benjamin há muito tempo.

Meu marido e cunhados concordaram que desligassem os aparelhos. Por conta de ainda estar em condicional, mesmo que em coma, o acesso não foi liberado para toda a família. Os únicos que ficaram na sala durante a morte de Ben foi Klaus, Diego e Allison.

Eu e o restante esperamos do lado de fora. Os outros irmãos de Benjamin também tiveram a oportunidade de se despedirem, mesmo que um de cada vez. Entretanto, Cinco não foi. Só ele não foi. Até seus sobrinhos se despediram.

Eu não era próxima de Benjamin, muito pelo contrário, e também fiz questão de não participar deste momento. As coisas ficam sérias mesmo quando vejo Allison sair às pressas do quarto do hospital, secando os olhos e dizendo que não aguentaria ficar lá por muito tempo.

Eu suspiro, porque agora, definitivamente Ben está morto. E as coisas vão mudar radicalmente. Tanto no processo da CIA com a acusação contra Cinco, quanto dentro de sua família.

— Ei, não precisa fazer essa cara — Cinco diz, nessa sala de espera, porque notou meu desconforto. Acredito que o tempo me fez pensar muito bem naquele dia, naquela situação, e que talvez Ben merecia uma segunda chance. Um sentimento diferente do que Cinco sente até hoje.

— Eu sinto muito — Eu digo para Cinco, abraçando-o.

Talvez sejam os hormônios me deixando mais emotiva que o normal, mas não consigo sentir rancor nesse momento. Só penso que o seu irmão morreu numa sala ao lado, e que meu marido precisa de um abraço. Demonstro meus pêsames para seus outros irmãos também.

— Pare com isso, Marilyn — Cinco diz, entre os dentes, no que era para só eu escutar. Seus irmãos também ouvem e prestam atenção. — Sabe que se não fosse desse jeito, você não estaria aqui hoje.

— Eu sei — Respondo, com os nervos aflorados. — Mas é que… Ah, esquece.

— Mary, você tá chorando a morte de quem te matou? — Luther questiona, retórico, e dá uma risada sarcástica. — Garota, como é que você vive?

— Não é remorso, é só… sei lá, hormônios. — Dou de ombros, secando meu rosto por completo e me forçando a não me emocionar mais uma vez hoje. Luther abre um pequeno sorriso, se aproximando de mim e apoiando sua mão sobre a minha barriga.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora