• Rosa
Eu me apaixonei pelo Cravo há quatro anos.
Fui sua amiga durante todo esse tempo, talvez esperando, tola, que um dia ele me olhasse de verdade. E ele me olhou. Mas foi um olhar breve, fugaz. Longo o suficiente para despertar um turbilhão de sentimentos, mas curto demais para me destruir.Ele me encheu de promessas silenciosas, de expectativas que nunca teve a intenção de cumprir. Eu não queria me entregar no início, mas ele... Ele parecia gostar mesmo de mim. Parecia.
E foi bom, sabe? Por um breve instante, foi mágico mas, como tudo o que parece perfeito, era uma mentira. Ele sabia. Talvez sempre soubesse. Não era para ser.
Agora só resta a dor. A dor de saber que, se ele não queria, nunca deveria ter me correspondido. Ele nunca deveria ter sorrido daquele jeito que fazia meu coração explodir. Nunca deveria ter segurado minha mão como se estivesse segurando o universo. Nunca deveria ter me dado esperanças quando tudo o que tinha para me oferecer era vazio.
Rosa, meu coração está em pedaços. Não sei se consigo juntar os fragmentos de mim mesma. Ele arrancou cada pétala com seu silêncio, cada folha com sua indiferença. E agora? Agora eu sou apenas um caule quebrado, segurando o que sobrou de quem eu era antes de me apaixonar por Cravo.
Talvez um dia eu consiga perdoá-lo. Talvez um dia eu consiga perdoar a mim mesma por ter acreditado. Mas, hoje, tudo o que consigo sentir é a raiva, o grito preso na garganta. Porque ele nunca deveria ter me olhado daquele jeito, Rosa. Nunca deveria ter feito parecer que eu era especial, só para me jogar de lado como algo descartável.
Eu queria esquecer, mas, ao mesmo tempo, não quero. Porque, mesmo em meio à raiva e à dor, ele ainda foi o Cravo que me fez sentir viva por um instante. Mas, no fim das contas, talvez isso tenha sido apenas uma ilusão. E ilusões, Rosa, têm o preço mais cruel de todos.
________________________________________ fim
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sussurros do coração
PoetryPara todos os meus amores falidos Eu vos dedico esses versos