CAPÍTULO 39- CASA DE CAMPO

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PAIGE BUECKERS
RALEIGH - NORTH CAROLINA
28 DE JULHO DE 2022

Acordo sentindo como se um caminhão tivesse passado por mim mais de dez vezes seguidas. Minha cabeça dói de uma forma tão forte, que sinto que vai explodir a qualquer momento.
Com dificuldade por conta da claridade, abri meus olhos aos poucos, sentindo minha visão arder.
Só depois de alguns segundos que finalmente consegui enxergar melhor a suíte. Olhei em direção à cama de Aubrey, vazia e arrumada, como se ela não tivesse dormido ali, o que eu não sei, já que não me lembro de muita coisa da noite anterior.
Passando os olhos pela suíte, me assusto ao notar um bolo de cabelos loiros. Ela.
A loira está sentada no chão, com o rosto apoiado no meu colchão, adormecida.

Ela dormiu ali? Por quê?

Sentindo a dor de cabeça piorar, me sentei na cama.
Com cautela, tirei os fios levemente ondulados da frente do seu rosto, tendo a visão da sua face adormecida. Seu rosto está um pouco inchado, como se tivesse passado a noite toda chorando, o que me deixa ainda mais preocupada. Será que eu fiz alguma coisa?

Ei, Aubrey... – a chamo, tocando seu rosto levemente.

Aubrey acorda assustada, se afastando da cama na velocidade da luz.

– Ah... Já está de dia. – suspirou aliviada. – Como você se sente? – perguntou, visivelmente preocupada.

– Eu tô péssima! Pode me explicar o que aconteceu ontem? Eu fiz alguma coisa? – pergunto receosa.

Um sorriso leve e forcado faz seus  lábios curvarem levemente. Aubrey apenas nega com a cabeça.

– Vou ver se acho algum remédio pra você beber.– disse, indo em direção ao banheiro.

Fico por alguns segundos parada, ainda confusa.
Procuro meu telefone e logo o encontro entre os lençóis.
Fiquei aliviada por não ter tido nenhuma marcação nas redes sociais, nada sobre a noite passada, o que significa que eu não passei dos limites, certo? Mas algo chamou minha atenção.

Nova mensagem de Laura "Oii, bom dia, Paige. Espero que não esteja morta! Boa sorte com a ressaca! "

Confusa, abri a foto de perfil.
Aos poucos os flashbacks da noite anterior surgem em minha mente, me dando mais um pouco de clareza, e claro, vergonha.

𝘔𝘢𝘥𝘳𝘶𝘨𝘢𝘥𝘢
Eu não faço idéia para onde estou me guiando, apenas estou seguindo a minha intuição. Estou sentindo algo que nunca achei que fosse sentir antes, uma sensação horrivel que mal sei descrever.
Meu coração está descontroladamente disparado, meu peito arde, minha garganta fecha. Sinto falta de ar, abrindo espaço para mais euforia.
As lágrimas quentes escorrem  dos meus olhos, embaçando minha visão até eu não conseguir andar mais.

O nome dela ecoa pelos meus pensamentos como um castigo. Sinto como se tivesse caído em um buraco, que só ela pode me tirar.

– Respira... Respira fundo... – ouvi sua voz.

– Eu não consigo... – soluço.

– Consegue sim... Ei, olha pra mim. – suas mãos tocaram meu queixo.

Encarei seus olhos castanhos, suas pintinhas amarronzadas que quase nunca conseguem ser camufladas pela maquiagem. Seus lábios entreabertos, como um convite para os meus.
Me aproximei, sentindo sua respiração quente em meu rosto.
Mas como um choque de realidade, sou traga de volta.
O cabelo antes loiro foi substituído por cabelos lisos e pretos, os olhos castanhos foram substituídos por olhos verdes, e não há pinta alguma em sua face.
Não é ela.

𝐶𝑂𝑁𝑁𝐸𝐶𝑇𝐼𝐶𝑈𝑇 | Paige BueckersOnde histórias criam vida. Descubra agora