"Eu acredito no amor, sabe" PARTE II

176 4 0
                                    

Nick

Amélia apareceu esta manhã, soluçando e chorando na minha porta. De início, pensei que era um gatinho abandonado na varanda ou um cachorro com o rabo quebrado.
- O que você quer? - perguntei através da porta semifechada pela corrente, já que eu estava de cueca. Sempre trabalhei com a hipótese de que, se um estranho me atacasse, eu não ia querer estar só de cueca.
Amélia era uma estranha, na verdade. Ela estava diferente. Sim, era isso - eu não a amava mais.
As pessoas ficam diferentes quando você deixa de amá-las. Mas, então, me perguntei se o que sentira por ela, ou por quem quer que fosse, era amor. Desde que conheci Sienna, me perguntava se todos os meus relacionamentos não tinham sido uma farsa. Nunca sentira aquele frio no estômago com mais ninguém antes de conhecer Sienna. Havia apenas coletado amostras do que poderia ser o amor a partir das histórias de amor adocicadas que Amélia deixava empilhadas pelo banheiro, das musiquinhas comerciais no rádio, das comediazinhas românticas, e então as absorvera e incorporara feito uma gravidez psicológica.
- Por favor, vá embora - eu disse, calma e sinceramente. Sabia que ela voltaria aqui algum dia, mas nunca esperei me sentir tão frio e à vontade em relação àquela situação.
- Nick, por favor, posso explicar, cometi um erro terrível e amo você... - Ela parou e colocou a mão macia e forte no batente da porta, tentando alcançar meu peito.
Eu realmente adorava aquelas mãos. Gostava de segurar a esquerda contra o meu rosto quando assistíamos TV só para senti-la tocando minha pele, passando as unhas em meus lábios. Agora, eu só queria que estivessem o mais longe possível de mim.
Ela era o veneno dissimulado. Uma Barbie recheada de explosivos. - Acho que você deve ir - repeti, dando um passo para trás e impedindo que sua mão me alcançasse.
Ela começou a se curvar enquanto as lágrimas caíam como flocos de neve de seus olhos castanhos. Tombou de joelhos na minha frente. Ondas de seu cabelo castanho-claro pendiam sobre o rosto enquanto ela se largava ao chão.
Senti uma imensa pena dela. Verifiquei a rua atrás daquela figura pequena e trêmula. Aquilo tudo era embaraçoso. Só Deus sabe o que os vizinhos poderiam estar pensando. O que iriam pensar que fiz a ela?
O leiteiro passou, me encarando. Vá tomar conta da sua vida, homem do cálcio.
Calma e silenciosamente, fechei a porta e voltei para o corredor. Precisava ir para o trabalho em uma hora, e era melhor que àquela altura ela já tivesse partido.
Preparei um chá ao som de soluços desamparados vindos do lado de fora da janela, então aumentei o rádio. Chris Moyles não era quem eu mais gostava de ouvir no mundo, mas agora suas divagações inócuas se sobrepunham às de minha ex-namorada se debulhando em lágrimas na rua.
Nem a chuva fez Amélia ir embora. A coisa estava ficando dolorosa, e, apesar de furioso com ela, senti-me um idiota. Vesti uma roupa, desci as escadas e a deixei entrar.
- Ah, obrigada, Nick. Por favor, me escute - suspirava, enquanto vinha pelo corredor cambaleando, parecendo uma bêbada.
Sentamos à mesa da cozinha, e ela passava os dedos pela toalha de mesa que ela mesma escolhera meses antes no mercado de Portobello. Seu nariz estava rosa e inchado; os olhos, vermelhos. Ela estragara tudo. Arruinara tudo.
- Olha, eu não quero que me conte por quê, nem como, nem quando - e certamente nem onde - comecei, mas fui interrompido.
- Foi na casa dele. Eu nunca faria isso na nossa casa, Nick- despejou ela, apressadamente, como se isso deixasse as coisas melhores. Não deixavam, e eu não acreditei nela nem por um segundo.
Envergando-se, ela se inclinou sobre mim em desespero, os ombros curvados pelo peso da vergonha que sentia. Devia ser enorme. Estremeci ao imaginá-la enroscada nele num abraço carnal e soquei a mesa com o punho. A raiva crescia rapidamente em meu peito, chegando à garganta, a ponto de me sufocar.
- Pare, está ouvindo? Conheci uma pessoa. Pegue suas coisas, tudo, e vá embora. Jogue a chave por debaixo da porta quando tiver terminado! Ah, e o CD do Radiohead é meu. - Levantei- me depressa e saí da casa, ignorando os gritos atrás de mim e batendo a porta com tanta violência que pensei que o vidro fosse se quebrar. Notei que minhas mãos tremiam. Era tanta adrenalina em meu corpo que eu não sabia o que fazer de mim.
É claro que eu não conhecera ninguém de verdade, pelo menos não alguém a quem pudesse chamar de namorada. Sim, conhecera Sienna, e é verdade que me sentia bastante atraído, mas seria um tanto pretensioso de minha parte achar que ela sentia o mesmo, pois eu tinha certeza de que não. Mas me pareceu a melhor coisa a dizer naquela hora.
Eu esperava que Amélia ficasse zangada, assim como eu ficara com ela. Era o melhor jeito de seguir em frente.
O sol brilhava esta manhã, e os pássaros cantavam; a primavera lançava seus dedos gentis sobre meu mundo, mudando tudo à minha volta. A raiva que eu tinha de Amélia começou a dissipar-se à medida que eu andava, como uma cobra se desvencilhando de sua pele. Respirei fundo várias vezes e senti o ar preenchendo meus pulmões. Queria me livrar daquilo tudo, deixar tudo para trás e começar novamente. Sozinho. Talvez eu pudesse apenas recomeçar. Eu, um cara despreocupado e solteiro. Começar do zero.
O percurso de trem era rápido, tranquilo e sem incidentes. Eu precisava que hoje fosse um dia simples. Tinha uma reunião com Anthony à uma da tarde, o que estava me preocupando um pouco. Ele não disse sobre o que seria, e sua voz soara meio impaciente. Talvez eu fosse levar uma bronca. Para falar a verdade, eu andara abatido e com a cara horrível.
Algumas semanas atrás, eu rascunhara algumas ideias novas em relação aos rumos gráficos que as nossas revistas deveriam tomar, algo que nos pusesse na vanguarda. Senti que era hora de mostrar minhas ideias, e, se íamos conversar sobre crises, eu tinha esperança de provar a ele que eu estava empenhado em minha carreira. Diria a ele que deixara as coisas desandarem um pouco, mas que estava mudando, atento, e que tudo ficaria bem.
Na semana seguinte, eu iria a uma feira de games nos Estados Unidos e estava determinado a me redimir, mesmo estando somente eu, Tom e o cartão de crédito da empresa. Seria um fator de grande distração, mas eu teria de resistir às tentações e à bebedeira, dissera a mim mesmo. De repente, vieram à minha cabeça imagens de Tom e eu acabados e dormindo juntos em algum hotel de luxo depois de um monte de cervejas. Senti um calafrio.
Já estava me sentindo muito mal e com os nervos à flor da pele por causa da reunião, mas, então, aconteceu uma coisa muito estranha que tirou completamente minha atenção do fato de que eu poderia estar a um passo de ser demitido.
Logo após o meio-dia, um morador de rua começou a fazer um escândalo lá fora. Ninguém do escritório parecia saber o motivo. Ele gritava alguma coisa sobre uma fotografia. Provavelmente estava bêbado, e começou a atirar latas de cerveja contra as vidraças do nosso andar, terminando por quebrar a janela de Ant, que ficou furioso com aquela situação. Fomos avisados de que deveríamos permanecer em nosso andar e que a segurança já fora chamada.
É claro que todos na redação ficaram extasiados. Agrupavam-se para comentar junto às janelas enquanto assistiam ao lunático esbravejar no estacionamento como um urso ensandecido. Permaneci na minha mesa.
Mas foi um show rápido, e por volta de 12h45 tudo já voltara ao normal. Todos falaram que viram Sienna lá embaixo acalmando-o e resolvendo a situação. Não sei como ela se envolveu com aquilo tudo. Falando sinceramente, é uma perda de tempo, não dá mesmo para ajudar pessoas como ele. Penso que o melhor é ficar de fora. Já dava para ver que ela era uma daquelas pessoas boas e gentis e, se continuasse com aquilo, acabaríamos com todos os desabrigados e rejeitados de Balham dormindo em nossos carros.
O ponteiro do relógio grande e retangular estava quase no número um, então juntei meus papéis e me dirigi à sala de Anthony. Estava nervoso, um sentimento que vinha se tornando frequente nos últimos tempos.
Quando ia para a sala, avistei Sienna andando devagar na minha direção com um sorriso tímido no rosto. Ela parecia perturbada, e seus olhos estavam um pouco avermelhados, como se tivesse chorado. Mas continuava bonita.
Seus movimentos foram ficando lentos, como num filme. Ela usava jeans justo azul-escuro e um cardigã retrô com babados nas mangas. Seus cabelos lisos e castanhos caíam pelos ombros. Novamente segurava uma xícara de chá. Fiquei me perguntando se ela tinha uma xícara fundida permanentemente à sua mão.
Fomos na direção um do outro até pararmos, juntos, do lado de fora do mezanino de Anthony. - Quer passar? - falei, ironicamente, estendendo o braço para que ela passasse. Ela pareceu confusa.
- Hum, não. Vou falar com Ant. Por que você...? - disse ela, com o olhar surpreso.
- Ah, mas é que marquei com ele à uma - disse eu, pensando se entendera errado o horário.
Então, com um frio na barriga, entendi.
Ela olhou para o relógio, sacudindo-o perto da orelha, mordendo o lábio inferior.
Ficamos lá parados por alguns segundos, obviamente sem saber o que fazer. Então ela quebrou
o silêncio.
- Acho que estou encrencada, Nick, por causa do que aconteceu agora cedo no estacionamento. Merda. Que mico - declarou ela, parecendo prestes a chorar.
Fiquei confuso. Ela não seria a responsável por aquilo, seria? Se fosse, então sim, estava certa. Ant provavelmente a mandaria embora, para ser franco. Ele não tinha muita tolerância para aquele tipo de coisa.
Abri a boca para falar, mas fui interrompido.
- Muito bem, vocês dois, entrem - chamou Anthony, sua voz reverberando nas escadas que davam em sua sala.
Ele nos conduziu com as mãos rechonchudas de modo um tanto impaciente, com uma expressão irritadiça no rosto. Ficamos por um momento como dois pombos confusos, as pernas tremendo.
- Então, vamos lá! - suspirou ele, exasperado. Parecia bravo. Se era Sienna que estava enrascada, com aquela história do sem-teto, por que eu estava envolvido nisso? O que eu estava fazendo ali? Aquilo não tinha nada a ver comigo. E, de qualquer maneira, a reunião fora marcada de manhã cedo, antes do episódio do estacionamento. Talvez ela tivesse se envolvido em outras discussões com aquele cara enquanto estive fora e aquilo era um sermão do qual eu teria de participar. Tecnicamente, eu tinha cargo de gerente...
Merda. Seria um desastre. Ter de punir profissionalmente a garota que você paquera. Obrigado. Minha cabeça começou a vagar pelas possibilidades horríveis. E se eu no final tivesse de demiti-la? Não seria uma boa deixa para um "E aí, que tal sairmos um dia?".
As duas cadeiras estavam dispostas em frente ao trono de couro de Ant, que era tão largo que eu sempre imaginava que ele um dia desapareceria ali dentro. E Anthony não era um homem pequeno. Grande em tamanho, grande na voz, grande em presença. Suas orelhas eram grandes, sua boca era grande e até seus ossos eram grandes, tenho certeza. Do alto de seus dois metros, pairava sobre a maioria das pessoas e frequentemente fazia os outros pularem de susto quando entrava numa sala (o que, devo admitir, era muito engraçado).
Embora Ant e eu nos déssemos bem, ele ainda infundia certo terror em mim. Ele me lembrava o Sr. Blake, um professor amedrontador que tive na escola. Os outros professores nós enrolávamos, mascando chicletes em sala de aula e respondendo a eles grosseiramente, mas Blake nos causava verdadeiro terror.
Além de cheinho, o que era sua característica mais marcante, a cabeça de Ant era adornada com camadas de cachos castanhos que não pareciam estar sob controle algum. Ele tinha olhos escuros e redondos e o nariz rechonchudo e arrebitado. Mas, apesar de seus modos estrondosos, havia também nele um elemento nervoso. Tinha dificuldade em manter contato visual e costumava se distrair com o que estivesse ao seu alcance, quase sempre os próprios cachos na parte de trás da cabeça, quando pensava.
Eu não confiava totalmente nele, mas, como todo mundo, me pegava rodeando-o como uma cobra, caso ele usasse seu poder contra mim num acesso de fúria.
E havia mais uma coisa: Anthony se irritava com facilidade. Muitas vezes ouvíamos um estrondo vindo de sua sala, no andar da produção geral, quando ele dava um soco na mesa e gritava com algum coitado ao telefone. Encolhíamos os ombros e continuávamos a digitar.
Ele se colocou na nossa frente, repleto de gotículas de suor na testa pelo mero esforço de percorrer os quatro metros de sua porta até aqui. Fiquei surpreso por não ter pedido auxílio. Por sobre seu ombro, era possível ver uma grande rachadura no vidro da janela que dava para o estacionamento.
Ligeiramente preocupado que Sienna as visse, escondi minhas ideias atrás da prancheta que segurava. Não queria que ela pensasse que eu era um puxa-saco morrendo de medo de ser mandado embora (o que era exatamente o que estava se passando).
- Muito bem, vocês dois - disse Anthony novamente, movendo para o lado um porta-retratos coloridíssimo tamanho A4, inclinando-se para trás e revelando uma enorme e feliz pança. Um dos botões desabotoara-se, deixando à mostra a pele branca coberta de pelos escuros e grossos. Era nojento.
- Definitivamente, tivemos momentos dramáticos hoje cedo - continuou, virando-se para a rachadura em sua janela e em seguida para Sienna, franzindo a testa. Sim, era esse mesmo o motivo da reunião.
Ela se afundou na cadeira, com ar de culpada. Comecei a sentir o pânico crescer ao imaginar- me preenchendo formulários de conduta e tendo uma reunião com ela daqui a um mês para verificar se ela aprendera a lição ou o que quer que fosse feito nesses casos.
Ant recomeçou a falar.
- Mas, além disso, que parece estar resolvido agora, temos outro problema. Tom ligou hoje dizendo que está doente e não poderá ir aos Estados Unidos. - Ele esfregou o queixo com a mão.
Inclinei-me na cadeira e vi a mesa de Tom debaixo das escadas. É claro, sua mesa estivera vazia toda a manhã. Eu pensei que estivesse em alguma reunião. Fiquei chateado pensando que aquilo significava que a viagem teria de ser cancelada. Mas, espere, se Sienna fora chamada, significava que... ah, por favor, diga que é o que estou pensando...
- Sienna, sei que você é relativamente nova, mas penso que se adaptou bem, então gostaria que trabalhasse com Nickneste projeto - anunciou ele. Sienna corou levemente e depositou a xícara de chá sobre a mesa de madeira de Ant.
- Sienna, quero que crie uma série de artigos para um suplemento de dez páginas da Digimax na feira anual de games na Flórida. Nickficará responsável pelas ilustrações e fotos. O que acha?
O silêncio preencheu a sala à medida que nossas expectativas prévias iam por água abaixo, dando lugar a algo maravilhoso. Eu queria ter quebrado o silêncio como uma criança. Queria socar o ar com satisfação, subir na cadeira e afagar a cabeleira do meu chefe de tanta alegria. O homem a quem eu antes vira como um obstáculo gordo à minha felicidade merecia agora uma estátua para ser adorada. Ele fora da mais absoluta chateação, provocando choro nas garotas, mantendo-nos trabalhando até tarde, a me colocar para viajar com uma das garotas mais gostosas que eu já conhecera... Eu queria correr até Sienna, pegá-la e entrar com ela no avião agora mesmo. Minha cabeça se inundava com imagens de nós dois acordando juntos na cama de um hotel, como numa cena de filme em que tudo é sensual e bom, diferente da realidade.
Sienna parecia lisonjeada. Tomada. Encantada até. Mas até aquele momento nenhum de nós ousara falar.
Talvez pudéssemos ter uma saída romântica durante a viagem. As possibilidades inundavam minha cabeça, e imediatamente me reprimi, pois era contra minhas novas regras: colegas + relacionamentos = desastre.
- Vocês dois não estão muito falantes hoje, não é? - brincou Ant, pegando uma lata de Coca diet do frigobar. O ruído delicioso do lacre sendo aberto cortou o silêncio incômodo.
- Desculpe, é uma excelente notícia. Muitíssimo obrigada. E depois eu gostaria de falar sobre o que aconteceu mais cedo, posso explicar tudo - disse Sienna, muito nervosa agora. Notei seus pés recolhidos, agitando-se, e as mãos entrelaçadas sobre o colo. Sua linguagem corporal irradiava medo.
- Esqueça isso. Não sei o que aconteceu, mas não temos tempo para nos preocuparmos com isso agora. Venha aqui de novo antes de ir embora. Quero realmente que você faça essa viagem, penso que seria uma grande experiência para você - falou ele, amenizando o clima após o início brusco.
Ela se virou para mim e mordeu o lábio. Meu Deus, como era sensual.
- Está bem assim, Nick? - perguntou Ant, inclinando-se sobre a mesa, acordando-me do meu sonho e aproximando-se de mim com sua papada molenga.
- Sim, sim, é claro. Será ótimo trabalhar com Sienna - respondi, tentando soar o mais natural possível, quando, na verdade, eu queria dar-lhe um beijo na bochecha e uma pulseira de "melhores amigos para sempre".
Ant virou-se para Sienna.
- Então, precisamos reservar seu voo. Você viaja amanhã de manhã e fica lá por três dias. Está certo?
Mal havia tempo para a garota pensar, mesmo que não estivesse tudo certo.
- Sim - respondeu ela, rapidamente. - Na verdade, Ant, só preciso ligar em casa para checar, você sabe, se vai ficar tudo bem - acrescentou baixinho, obviamente tentando não ser rude comigo, visto que eu era, sem dúvida, a parte menos informada.
Ant assentiu com a cabeça, compreensivo. Sabia de algo que eu não sabia e queria saber. Por que ela precisaria checar se podia ir? Por favor, não me diga que ela mora com pais superprotetores que não a deixam sair para brincar...
Se ela precisar checar com os pais se pode fazer uma viagem a trabalho, então os pais devem ser um pesadelo. Ela ainda mora com os pais? Ela tem 20 anos. Comecei a imaginar a pobre coitada voltando para casa depois de uma noitada e precisando encarar um café da manhã constrangedor com um casal de superpais, contadores, beatos ou qualquer coisa assim... Deus.
Mas eu realmente não fazia ideia de sobre o que ela poderia estar falando. Estava tecendo conjecturas. Talvez não fosse com os pais que ela morasse, talvez fosse com um homem. Novamente imaginei se ela teria alguém. Nunca a ouvi mencionar nada, mas, como era muito reservada, duvido que me contasse. Rezei para que a situação, qualquer que fosse, não a impedisse de viajar comigo.
Sienna saiu da sala, e então ficamos Ant, eu e o barulho que vinha do refrigerador - A propósito, tenho algumas ideias que gostaria de apresentar, se tiver um minuto. - E dei-lhe
o documento de 20 páginas que preparara, esperando que não tivesse digitado um monte de lixo sem sentido.
Ele folheou as páginas com aqueles dedos gordinhos e aquilo me pareceu uma intrusão. Já podia ver que engordurara a primeira página com seus dedos sujos de comida. Pelo amor de Deus...
- Hum, isso parece muito bom, Nick - ele falou, de um jeito um pouco paternal, como se estivesse elogiando os desenhos de um filho.

Esta é uma história de amor (Jessica Thompson)Onde histórias criam vida. Descubra agora