− Harry, o que você faz aqui?
Aquela foi a única frase que saiu de meus lábios, quase instantaneamente, enquanto eu continuava a encarar Harry e seu misterioso embrulho de presente. Hazel parecia ser a única a estar se divertindo com aquela situação, pois ela lançavas sorrisos sugestivos tanto para mim, quando para Harry, mas o sono ainda me impedia de tentar entender o que se passava ali.
− Eu cheguei em uma má hora? – Ele perguntou, sem jeito, coçando a nuca e fazendo uma careta. – Sei que vocês duas tem muito o que conversar, já que a Hazel está indo embora e...
Ele parou bruscamente de falar, virando a cabeça em direção à Hazel, encarando-a como se ela fosse algum tipo de fantasma ou assombração.
− Por que você está me encarando assim, garoto? – Ela perguntou, assustada, afastando-se de Harry, no sofá.
− Ela não deveria estar na Espanha? – Harry olhou para mim confuso, apontando para Hazel, enquanto eu segurava o riso.
− Agora que você percebeu que eu estou aqui, gênio? – A ironia na voz de Haz era evidente, e ela revirou os olhos, sussurrando baixinho para mim – Ele é bem lerdo, às vezes.
− Eu ouvi. – Harry protestou, enquanto eu ria abertamente, balançando a cabeça freneticamente, enquanto me aproximava do sofá, sentando entre os dois, apenas para prevenir que eles não começassem a discutir sobre a inteligência de Harry.
− Certo. – Arrastei a palavra, olhando com cara feia para Hazel, mas ela apenas deu de ombros. – A Hazel decidiu não ir para a Espanha, Harry.
− Isso é ótimo, eu acho. – Ele riu baixinho. – Mas fico feliz por ver que vocês duas se acertaram.
− Nora me deu um pouco de trabalho, mas ela não resistiu muito tempo aos meus charmes. – Hazel se gabou, envolvendo meus ombros com seu braço, e eu apenas revirei os olhos para Harry, que riu.
− Mas por que você ficou, Hazel? – Harry nos olhou, de forma curiosa.
− Não vou repetir toda a história, talvez se você chegasse mais cedo, saberia. – Deixei um tapa em Hazel, que soltou um gritinho de dor. – Você já está me batendo? Vou começar a ameaçar ir embora mais vezes, assim você fica mais bondosa comigo.
− Cale a boca, Hazel. – Ralhei com ela, voltando-me para Harry, que assistia toda àquela cena, rindo.
− Mas, o que você veio fazer aqui tão cedo, Harry? – Perguntei, curiosa, mexendo nervosamente na barra da minha blusa do pijama, que se resumia à uma regata estampada com várias borboletas.
− Eu queria conversar com você... – Ele murmurou, passando as mãos pelos cabelos, e automaticamente, tanto eu como ele, olhamos para Hazel, que parecia muito entretida com suas unhas para nos perceber.
Demorou alguns segundos para ela perceber o que nós queríamos, e rapidamente levantou-se do sofá, com um pulo, levantando as mãos para o ar, em um ato de redenção.
− Ok, entendi! – Ela revirou os olhos. – Vocês querem privacidade e "blábláblá", tudo bem, eu sei quando não sou bem-vinda, acho que vou ligar para o Simon... Lá da escadaria. Sabiam que o sinal lá é muito melhor que aqui no apartamento? Incrível!
Enquanto Hazel tagarelava, ela ia em direção à porta, pegando seu celular em cima da bancada da cozinha, juntamente com um pacotinho de bolachas integrais. Mas só quando vi a porta sendo fechada e ouvi os passos de Hazel ressoando para longe do corredor, que eu me voltei para Harry, olhando-o de forma afobada.
− Acho que agora podemos conversar em paz. – Ri baixinho, colocando atrás da orelha, uma mecha de meu cabelo que insistia em cair. E só então fui perceber que eu me encontrava na frente de Harry apenas de pijama, com os cabelos bagunçados e um provável mal hálito matinal. – Espere! Eu vou me arrumar, e...
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Don't Let Me Go
FanfictionTudo começou com um pedido de Natal de uma garotinha órfã. Nora Hayes é jornalista e, nas suas horas vagas participa de um trabalho voluntário no orfanato Saint Peter, no subúrbio londrino. Ao tentar realizar o sonho de uma das crianças de lá, conhe...