9 meses depois
Dezembro
A neve caia preguiçosa por toda a cidade de Londres, deixando as ruas e calçadas com a textura esbranquiçada do Natal, fazendo com que algumas crianças ainda brincassem na rua, mesmo com os pedidos incessantes de suas mães para que entrassem, que começavam a se preparar para a ceia.
As casas daquela rua tranquila estavam todas enfeitadas com piscas-piscas dos mais diversos formatos e cores; renas e Papais Noéis também faziam parte da decoração, deixando tudo com um enorme espírito natalino.
A rua fora enfeitada com pequenas lanternas delicadas, formando um caminho de luzes que serviriam para o "pouso" do Papai Noel na noite do dia 24; todas as crianças – e até adultos – estavam empolgados, mas não mais que uma certa menininha de cabelos castanhos acobreados e olhos chocolate.
Seria seu primeiro Natal em família, e Cassie parecia contar os dias para aquela data tão especial, deixando todos de casa tão empolgados quanto ela.
Latidos e risadas alegres vinham da sala, enquanto a tentativa de torta de maçãs do papai Frank cozinhava no forno. Seria muito mais fácil se ele e Martha estivessem em Londres para as festividades, pois meus dons culinários ainda precisavam de alguns ajustes.
− Mamãe!
A vozinha infantil me fez olhar para o batente da porta, onde um enorme labrador amarelo passava com suas orelhas de rena, balançando a calda, onde um sino da árvore de Natal havia sido preso. Atrás dele, uma menina corria para acompanhar o cão, usando um vestido rodado e vermelho junto com um gorro de Papai Noel.
− Cassie, onde você e Butter estavam? – perguntei, pegando a menina no colo quando ela pulou em minha direção.
Era bom poder finalmente pegar Cassie em meus braços, apertar seu corpinho contra o meu, não querendo nunca soltá-la. Meses atrás, eu mal conseguia brincar com ela no parquinho, devido às minhas costelas fraturadas e o gesso que cobria minha perna.
O médico que me atendera no hospital geral de Londres, para onde eu havia sido mandada após ser tirada das ferragens, afirmava que era um milagre eu ter saído viva daquele acidente, com algumas costelas fraturadas, uma perna quebrada e alguns machucados, pois o carro havia ficado completamente destruído.
A recuperação fora lenta, mas eu tive o apoio de toda minha família enquanto estava no hospital, recebendo a visita até dos meninos da banda de Harry, que trouxeram os mais estranhos presentes.
Harry.
Ele ficara comigo desde o momento em que os policiais me tiraram do Mini Cooper destruído, sendo a primeira coisa que eu vira quando abri meus olhos naquele quarto de hospital branco. Seus olhos verdes e suas covinhas fundas em um sorriso, lá estava Harry com Cassie em seu colo, a menina segurando um buquê de rosas brancas.
E quando abri os lábios ressecados e machucados para falar, Harry despejou toda verdade sobre a surpresa da adoção, com a voz rouca controlando o choro; seus olhos mostravam que ele havia chorado pelos três dias em que eu havia estado desacordada.
As ligações misteriosas durante nossa viagem, Robert Strike ser na verdade seu advogado que estava ajudando Harry com o pedido de adoção, e os papéis que ele estava trazendo para mim no dia do acidente, os quais com a minha assinatura, oficializariam a adoção de Cassie.
− Talvez eu precise ser menos curiosa e eufórica. – Foi tudo o que consegui fazer, sentindo meu rosto doer enquanto abria um sorriso para os dois, que se inclinaram sobre a maca para me abraçar.
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Don't Let Me Go
FanfictionTudo começou com um pedido de Natal de uma garotinha órfã. Nora Hayes é jornalista e, nas suas horas vagas participa de um trabalho voluntário no orfanato Saint Peter, no subúrbio londrino. Ao tentar realizar o sonho de uma das crianças de lá, conhe...