Meus olhos pousaram na faixada do aeroporto de Dublin, e meu rosto tornou-se uma careta enquanto eu me arrastava com as malas, ao lado de Harry, que me puxava para o balcão do check-out como se aquilo fosse salvar nossas vidas.
Talvez salvasse, já que devido minha resistência para ir embora do hotel e de Dublin, chegamos no aeroporto com poucos minutos antes do horário do voo, e esses minutos ainda se reduziram enquanto o homem da locadora de automóveis não deixava Harry partir, mostrando as fotos de suas seis filhas.
Uma semana havia se passado como poucas horas em um dia bom e eu mal me lembrava de ter me despedido de vovó Molly e Eileen, com um embrulho de pão caseiro que acabara de sair do forno.
Enquanto a mulher sorridente da companhia aérea pegava nossas passagens e nossas bagagens, me recordei com dor no peito de Ryan, Lilly e Geoge, até mesmo o pequeno Tyler com seus cabelos ruivos pareciam uma memória muito boa do dia em que passamos no parque de Dublin.
− Tem certeza de que não podemos ficar aqui mais alguns dias? – murmurei contra o ombro de Harry, enquanto a mulher verificava nossos passaportes
− Nós vamos voltar – ele sussurrou de volta, beijando a ponta de meu nariz enquanto corríamos até nosso salão de embarque.
Minha mala de mão estava com o dobro de peso de como viera, e eu tinha medo de que todos os presentinhos que eu havia comprado ficassem retidos no aeroporto.
− Eles vão achar muito estranho se milha mala começar a expelir vários pequenos duendes? – perguntei enquanto Harry ria da careta que a mulher do raio-X fazia ao ver o conteúdo de minha mala.
− Talvez eles te prendam por estar traficando o que eles têm de mais valioso no país. – Harry colocava o celular e a carteira na cestinha, junto com seus colares, enquanto passava pelo detector de metais.
− Eu só coloquei umas poucas cervejas na mala – disse baixinho, como uma meliante, enquanto pegávamos nossas coisas das esteiras e eu acenava para a policial que me olhava assustada.
− Poucas? – Harry olhou-me com um cara provocadora e eu gargalhei, batendo com meu ombro no dele, enquanto entrávamos na fila para o embarque.
− Deixe de ser chato. – Virei-me de frente para ele, envolvendo seu pescoço com meus braços e lhe roubando um selinho.
− Estamos treinando para quando o avião decolar? – Ele sorriu com covinhas, beijando as maçãs de meu rosto, enquanto eu dava alguns passos para frente quando a fila andou.
− Talvez eu não precise mais de você para acabar com meu medo. – Gargalhei quando vi o enorme bico dramático que Harry fazia, mordendo sua bochecha e voltando-me para frente, entregando nossos cartões de embarque para o homem careca que nos olhava com um sorriso.
− Aproveitaram a viagem? – Corei violentamente, notando a pequena malícia em sua voz.
− Com certeza – Harry respondeu, abraçando minha cintura enquanto nos direcionávamos para a enorme passarela, a qual levava direto para o avião.
Mal pisei dentro do avião, e um gritinho histérico fez com que eu olhasse para trás, assustada. Enquanto a aeromoça conferia nossos assentos, um grupo de meninas olhavam para Harry com bocas abertas e olhos escancarados.
Uma mulher de idade, que cheguei à conclusão de ser a mãe de alguma delas, tentava conter a histeria de todas elas sem grandes avanços. Elas olhavam para mim, meio atônitas e eu sorri, deixando-as surpresas.
Harry parecia muito entretido com a conversa entre as aeromoças, sem perceber a agitação atrás de si. Puxei a manga da camisa listrada que ela usava, recebendo a atenção daqueles olhos verdes com um sorriso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Let Me Go
Hayran KurguTudo começou com um pedido de Natal de uma garotinha órfã. Nora Hayes é jornalista e, nas suas horas vagas participa de um trabalho voluntário no orfanato Saint Peter, no subúrbio londrino. Ao tentar realizar o sonho de uma das crianças de lá, conhe...