Panquecas Flambadas

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Acordar com um cheiro forte de algo queimando deixa qualquer pessoa em desespero e, era assim que eu estava naquele momento.

Faziam alguns minutos que eu estava acordada, mas, com preguiça de levantar, fiquei rolando pelo colchão enquanto minha mente viaja sobre milhares de assuntos e acabei me pegando pensando em Harry, mas joguei tudo aquilo para longo, quando senti o cheiro de comida queimando.

Pulei para fora da cama e vesti meu robe, já que um vento frio entrava pela janela do quarto, e me arrastei até a cozinha. Me assustei quando vi que Hazel pulava e balançava os braços como uma louca.

- Panquecas do mal! – Ela repetia aquilo desesperada, me fazendo entrar na cozinha com medo de encontrar uma panqueca alienígena.

Assim que passei pela porta, percebi que a coisa era um pouco pior do que eu imaginava. Em cima da mesa se encontrava uma frigideira completamente preta e, alguma coisa pegava fogo ali dentro, supus ser as panquecas. Hazel tentava apagar as chamas com um pano de prato. Não fazia ideia que aquilo era física, química e gastronomicamente possível.

- Haz! O que você fez? - Gritei, enquanto pegava no cabo quente da frigideira e a levava até a pia, onde deixei que a água apagasse o fogo.

- Eu só tentei fazer o café da manhã, já que você não acordava. – Hazel tinha se jogado em uma cadeira e agora tentava controlar sua respiração.

- Depois eu que cozinho igual à uma toupeira cega, não é? - Dei risada, depois que o fogo tinha se apagado e agora a cozinha inteira estava cheia de fumaça. – Isso estava mais parecendo com panquecas flambadas.

- Muito engraçado, mas eu já estava quase ligando para os bombeiros! – Ela estava realmente brava, mas eu não conseguia parar de rir.

- Seria mais fácil se você tivesse me chamado. – Pego o pano de prato que ainda estava em suas mãos e seco as minhas.

- Você fica de mal humor sempre que eu te acordo. – Tive que confirmar com a cabeça.

- Mas você não quer que eu faça alguma coisa? – Pergunto, olhando para o carvão que as panquecas tinham se transformado.

- Depois dessa, eu perdi a fome. – Haz resmungou, se levantando. – Estava pensando...

- Lá vem uma ideia genial de Hazel Rawlins! – Brinquei, recebendo uma tapa.

- Dá para me ouvir? – Tive que segurar o riso, quando ela fez bico. – Estava pensando em dar uma passada no shopping hoje, para comprar algumas roupas para o ano novo.

Eu sabia que ir às compras com Hazel nunca acabavam bem para mim, afinal eu nunca comprava muitas coisas e acabava tento que carregar as milhares de sacolas dela. Ás vezes ela até me pedia dinheiro, já que seu cartão tinha estourado pela vigésima vez.

- Acho que eu passo, Haz, já tenho minha roupa para o ano novo. – Digo, enquanto bebia um pouco de água.

- Vou ter que ir para o shopping sozinha? - Ela resmungou, fazendo manha.

- Você já foi antes.

- Mas não é a mesma coisa, e você sabe que eu não gosto de pegar o metrô sozinha.

- Chame o Simon para ir com você. – Digo, mesmo sabendo que estava fora de cogitação depois da discussão deles noite passada.

- Não preciso daquele idiota, preciso é do nosso carro de volta. – Haz vai até a sala, e eu a sigo, jogando-me ao seu lado no sofá.

- Ninguém mandou você bater ele, agora vai ter que esperar terminar o concerto. – Repreendo ela.

Já iam se completar quatro semanas que tínhamos nos tornados dependentes das caronas de Simon, depois que Hazel bateu meu pequeno Fiat 500 em um cruzamento no centro. Foram longos anos de trabalho para comprar aquele carro com teto conversível e quando Haz me ligou naquela tarde de sexta, contando sobre o acidente eu quase desmaiei.

Don't Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora