Longas horas buscando rosquinhas e enormes copos de café para aqueles que pareciam zumbis preguiçosos vidrados na tela dos computadores, lendo e relendo sabe se lá quantas vezes as matérias que iriam para as páginas da Daily do próximo mês.
Faltando menos de meia hora para o fim do expediente, o dia não tinha sido dos melhores até o momento, e eu tentava compartilhar toda essa frustração com minha zumbi preguiçosa favorita, mas ela estava ocupada demais folheando papéis e mais papéis, para ouvir minhas reclamações.
− Nora, eu adoraria que você prestasse atenção em mim, enquanto eu reclamo da vida! – Disse afastando uma pilha de papéis para o lado antes de sentar-me em sua pequena mesa.
− Eu preciso trabalhar, Haz! − Nora disse, levando as mãos à cabeça. – E eu acho que você deveria também.
− Meu chefe me deu esses últimos minutos de folga. – Ri, balançando as pernas, recebendo um olhar desaprovador de Nora. – Está bem, eu me dei esses últimos minutos de folga.
Nora riu balançando a cabeça em sinal negativo enquanto levantava-se, levando nos braços alguns dos papéis.
− Preciso levar isso aqui para o Simon. – Ela ia em direção ao corredor.
− Ele está em reunião. – Disse rapidamente, colocando uma mecha revoltada de meu cabelo atrás da orelha. Nora parou por um instante, antes de virar-se para mim, olhando-me desconfiada.
− Então é por isso que a senhora está reclamando até do mosquito que passa em sua frente? – Ela disse, colocando os papéis de volta a mesa, apoiando-se nela.
− Claro que não! – Revirei os olhos, tentando arrumar a insistente mecha de cabelo, que continuava caindo sobre meu rosto. Nora arqueou uma sobrancelha, como faria uma mãe chata. – O que? Eu não gosto mesmo de mosquitos. Eles ficam por ai sendo... mosquitos.
− Hazel, Hazel. Você não me engana mocinha. – Ela riu, apontando para mim. Nora estava mesmo parecendo uma mãe chata. – Admita! Está revoltada assim só porque ficou a tarde toda sem o...
− Simon! – Gritei ao vê-lo passar por ali. Simon ajeitou os óculos e voltou os olhos para mim, antes de sorrir timidamente, aproximando-se.
− Oi, Haz, estava te procurando. – Simon disse, quando estendi os braços para ele, e os dele, já estavam praticamente em minha cintura quando Nora colocou-se entre nós.
− Vocês não vão se agarrar em cima da minha mesa. – Nora me olhou, antes de virar-se para Simon. – E oi para você também, Simon.
− Oh, oi, Nora. – Ele disse, sem jeito, passando a mãos pelos cabelos escuros.
Fuzilei Nora com o olhar, fazendo-a revirar os olhos antes de pegar novamente os papéis, soltando-os sobre Simon.
− Todos revisados. – Nora pegou sua carteira na bolsa. – Vou comprar um refrigerante. − Ao dizer aquilo, ela saiu, murmurando palavras para si mesma. Simon me olhou apontando para sua sala com a cabeça e eu assenti.
Antes de entrarmos, ouvi um barulho alto ao meu lado e, ao virar-me para olhar, vi Nora batendo no vidro da máquina de refrigerantes, para que a latinha caísse.
− O que deu nela? – Simon murmurou, colocando os papéis sobre a mesa, recostando-se nela, enquanto eu fechava a porta em minhas costas.
− O “motivo” de Nora estar assim tem nome, sobrenome e cachos. – Disse rindo, fazendo aspas com as mãos. – Ele foi viajar.
− Ah, claro. – Simon riu, colocando a mecha rebelde do meu cabelo atrás da orelha, antes de deixar sua mão escorregar por meu braço até alcançar a minha, puxando-me contra si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Let Me Go
Fiksi PenggemarTudo começou com um pedido de Natal de uma garotinha órfã. Nora Hayes é jornalista e, nas suas horas vagas participa de um trabalho voluntário no orfanato Saint Peter, no subúrbio londrino. Ao tentar realizar o sonho de uma das crianças de lá, conhe...