Noite de Filmes

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Descobri que coisas que você nunca pensaria encontrar, aparecem magicamente quando se faz faxina. Já era tarde de quinta-feira e eu mal tinha acabado de tirar o pó da sala, isso porque passei quase a manhã inteira tirando desde pipocas mofadas até pares de meias que se escondiam tanto em baixo do sofá quanto entre o estofado.

Com um espanador em uma mão e o aspirador de pó na outra, tentava limpar a estante da televisão ao mesmo tempo que aspirava o tapete felpudo. Mas claro que aquilo não tinha a menor chance de dar certo e eu acabei derrubando vários porta-retratos e me enrolei incontáveis vezes no fio da aspirador.

Nunca fui uma maníaca por limpeza, muito pelo contrário, só fazia faxina no apartamento para que o mesmo não acabasse se tornando um grande depósito de lixo e roupas íntimas femininas. Mas entrei em desespero, na tarde de ontem, enquanto tentava fazer com que Simon e Hazel parassem de brigar e fizessem as pazes, pois minha fixa caiu e percebi que eu ia ter uma “noite de filmes” com Harry.

Mesmo sabendo que ele já tinha passado a noite em meu sofá, vulgo depósito de objetos, a ideia de tê-lo ali novamente me deixava um tanto... Nervosa? E fazer aquela mega limpeza me deixava menos desesperada do que eu já estava.

- Isso é tão ridículo! – Murmuro, frustrada. – Até parece que nunca sai com Harry.

Tentei tirar aqueles pensamentos de adolescente em crise da cabeça e comecei a pensar sobre Hazel e Simon. Eu já estava acostumada com as pequenas implicâncias deles e apartar suas brigas tinha se tornado um hobbie para mim, mas de uns dias para cá aquelas discussões tinham se tornado insuportáveis e agora eles poderiam entrar em guerra por uma simples conversa sobre o clima.

Ficar com os dois em um mesmo ambiente era extremamente arriscado e Simon sempre ficava nervoso quando falávamos os nomes dos meninos e seu estresse parecia piorar quando ele via Hazel trocando mensagens com Zayn.

Eu não sabia o que fazer em relação a isso.

Com um suspiro pesado, começo a carregar as vassouras, os baldes, os panos e o aspirador de pó de volta para o armário na lavanderia. Aquela faxina que tinha tomado quase meu dia inteiro, finalmente chegou ao fim e agora eu estava pronta para devorar um enorme sanduíche com muito queijo e presunto.

Depois de preparar o lanche, me sentei em um dos banquinhos da cozinha, fiz um coque em meus cabelos suados e engrenados e comecei a comer aquela delícia cheia de coisas aleatórias que encontrei na geladeira.

Estava pensando sobre a virada do ano, que já era amanhã, quando ouço o barulho da porta sendo aberta, e uma Hazel toda encapuzada e cheio de sacolas aparece na cozinha, com o celular na boca e o molho de chaves pendurado no único dedo que não estava sendo usado para carregar os pacotes do mercado.

- Nora Hayes, da próxima vez que você quiser comprar um milhão de coisas no mercado, vá você mesma! – Hazel disse, jogando tudo que ela carregava em cima da mesa, vindo até onde eu estava e roubando meu lanche.

- Haz! – Protestei, tentei pegar meu sanduíche, mas ela já tinha dado duas mordidas generosas.

- Pare de resmungar! Afinal, fui eu quem teve que andar dois quarteirões e meio para comprar besteiras para uma noite de filme que eu não serei bem-vinda, eu que deveria estar resmungando.

Revirando os olhos, fui até as sacolas e comecei a tirar os milhares de pacotes de salgadinhos e balas, juntos com saquinhos de pipoca, tubos de Pringles e refrigerante. Eu provavelmente morrerei de diabetes aos sessenta anos, mas quem liga?

- Eu não disse que você não era bem-vinda, só disse que não queria que você ficasse com a gente na sala. – Digo, dando de ombros enquanto guardava as latinhas de Coca-Cola na geladeira.

Don't Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora