Brincando de Casinha

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Festas são ótimas para se divertir; poder beber até o barmen te expulsar, dançar igual a Madonna e ficar com um cara lindo, que até parece com um modelo da Ralph Lauren. Mas nada se compara com a noite de sono que se tem, após uma festa.

Aquele maravilhoso coma instantâneo que se entra, no momento em que caímos na cama, sem nos importar com maquiagem ou roupa. Simplesmente apagar e acordar no outro dia sem saber que horas são ou que ano é.

E era aquilo que eu pretendia fazer, dormir dentro do casulo do meu cobertor e apenas acordar quando os robôs se tornassem empregadas domésticas ou quando Hazel resolvesse falar comigo.

Não se enganem, mas robôs são a opção mais óbvia de acontecer primeiro.

Pensar em Hazel como uma pessoa que fica longos períodos de tempo sem falar, é quase ridículo, mas foi o que aconteceu na noite passada.

Quando ela finalmente chegou em casa, eu a esperava sentada no sofá, pronta para começar com as perguntas que estavam dando um nó em minha cabeça, no momento em que a vi beijando Simon, no carro.

- Haz, o que aconteceu lá fora? Você beijou Simon? - Eu gesticulava com as mãos freneticamente, esperando por uma explicação para tudo aquilo, mas Hazel simplesmente me ignorou, andando com a cabeça baixa em direção ao seu quarto.

- Hazel, pare! Nós precisamos conversar. – Mas tudo o que eu consegui foi receber uma bela portada na cara.

E ainda fiquei alguns longos minutos encarando o pôster de Taylor Lautner, sem acreditar que ela tinha mesmo me ignorado daquela forma.

Conhecia Hazel como conhecia a mim mesma, e sabia que ela iria se esquivar de uma conversa o máximo possível, mas eu também não iria desistir tão cedo.

Mas enquanto a “hora da verdade” não chegava, eu apenas aproveitava o belo sonho que eu estava tendo, enquanto rolava de um lado para o outro na cama, buscando por algo para abraçar.

Provavelmente a música irritante que começara a tocar era parte do meu sonho, mas depois de alguns minutos tentando ignorá-la, ela simplesmente começou a ficar cada vez mais alta, chegando ao ponto de me deixar surda momentaneamente.

Com um grunhido, abri meus olhos com dificuldade, piscando repetidas vezes devido a luz que enchia meu quarto. Levei minha mão para de baixo do travesseiro, que tremia como se estivesse tendo uma convulsão.

Olhando para a tela do meu celular, tentei decidir se ficaria animada ou realmente muito brava, pois o nome de Harry piscava nervosamente, mesmo ainda sendo nove horas da manhã.

Respirei fundo algumas vezes, massageando minhas têmporas em uma tentativa de aliviar a dor de cabeça, antes de finalmente atender a chamada.

- O que você quer de mim a essa hora da manhã? - Resmunguei, sem me importar em estar sendo rude ou não.

- Bom dia para você também, Nora. – Harry tentou parecer ofendido, mas acabei conseguindo ouvir sua risada baixinha.

- Meu dia seria realmente bom, se você não tivesse me acordado. – Se meu pai estivesse me ouvindo, ele provavelmente começaria um discurso sobre bons modos.

- Sinto muito ter que atrapalhar seu sono, mas nós não íamos ao orfanato hoje? - Sua voz pareceu-me um pouco triste, o que me fez ficar arrependida.

- Desculpe-me, Harry, eu... – Solto um bocejo, lançando minhas pernas para fora da cama. – Vou me trocar rapidinho e nós vamos, afinal, onde você está?

- Sentado em um dos sofás da recepção do seu prédio. – Me preparei para fazer uma pergunta, quando ele me interrompe. – E caso você se pergunte, o zelador me deixou entrar e agora eu estou vendo ele lavar o chão com alguma coisa bem estranha, que não parece nem um pouco com desinfetante.

Don't Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora