Senti Sua Falta

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A semana tinha se arrastado como um longo ano, fazendo com que minha irritação atingisse um nível extremo, onde nem mesmo a Hazel conseguia mais me aguentar. Ela passou a maioria das noites fora, na casa de Simon, aparecendo novamente, apenas nas manhãs seguintes, na redação da Daily, vestindo as camisas de séries dele, deixando-me assustada apenas imaginando o que eles faziam todas as noites.

Minhas noites não eram as mais animadas, pois tudo o que eu fazia, era deitar em minha cama, com o moletom mais confortável e masculino que possuía, encarando a tela do celular, à espera de alguma ligação ou mensagem.

Já começava a ficar brava comigo mesma, por estar parecendo uma garotinha apaixonada e dependente. Harry tinha me ligada uma noite, no meio da madrugada, com a voz extremamente cansada, mas mesmo assim, tinha ligado.

Sabia que o fuso horário e a correria dos shows, deixavam os garotos ocupados e exaustos, mas a saudades já me sufocava, chegando a se tornar incômoda. E eu já contava nos dedos, o tempo restante para que o sábado chegasse.

E quando o final de semana finalmente começou, eu me sentia mais alegre que as princesas da Disney, pronta para cantar com as árvores e os pássaros. Acabei deixando Hazel assustada, quando entrei na cozinha de manhã e a abracei fortemente, girando com ela pelo cômodo e esbarrando pelos armários.

Agora, eu me encontrava sentada no chão do orfanato Saint Peter, com os dedos sujos de tinta, devido à Cassie, que havia pedido para que eu a ajudasse com seu desenho de um pônei colorido ao lado de um arco-íris.

− Está ficando lindo, princesa. – Recebi um sorriso da menina. – Você bem que poderia me dar esse desenho, para eu pendurar em meu quarto.

− Esse não, Nora. – Olhei-a, sem entender. – Quando eu crescer, vou ser uma artista e vou pintar desenhos bem mais bonitos para você!

Seus olhinhos castanhos brilhavam para mim, cheios de esperanças e sonhos, fazendo com eu abrisse um enorme sorriso para ela, abraçando-a com o braço não lambuzado de tinta vermelha.

− Tenho certeza que vou me orgulhar de você. – Sussurrei, observando ela pintar o céu, com os dedos mergulhados em tinta azul.

Levantei-me do chão, pronta para lavar as mãos sujas e procurar Martha, para ajudá-la com o almoço das crianças, quando sinto mãozinhas pegajosas agarrando minhas pernas descobertas pela saia florida que usava. Olho para baixo, vendo que a dona das mãos era Cassie, e ela havia transformado minha pele em um amontado de cores.

− Nora, cadê o Harry? − Sua voz era chorosa. – Ele falou que ia vir.

− Oh, Cass. – Pegei-a no colo. – Harry está viajando com a banda.

− Estou com saudades dele. – Ela murmurou, balançando os bracinhos.

− Também estou. – Minha voz saiu falhada e meu peito apertou, mas rapidamente, balancei a cabeça. – O que você acha de lavar essas mãos sujas e ir roubar alguma coisa gostosa, na cozinha?

− Martha vai brigar com a gente. – Ela disse, rindo.

− Não se ela não ver. – Fiz cócegas em sua barriga, ouvindo sua risada fina, enquanto beijava-lhe as bochechas coradas.

− Eu sei onde estão os marshmallows! – Cassie sussurrou.

− Ótimo! – Sorri, balançando a cabeça enquanto caminhava em direção ao lavatório.

Martha acabou mesmo, nos flagrando de bocas cheias, agarradas com o pacote de marshmallows coloridos, mas tudo que ela fez foi rir e nos tirar a guloseima, avisando que poderíamos comer mais após o almoço. Infelizmente, para o desespero de Martha, Cassie acabou contando para todas as crianças sobre os doces, que armaram um verdadeiro complô, para conseguirem o precioso saco de marshmallows.

Don't Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora