Capítulo 6

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Olhei para ele, estava a olhar para o simbolo. Não era igual ao meu, o meu era umas riscas que pareciam sem sentido, mas o dele... o dele parecia que me atraia, eu queria tocar...

- Que estas a fazer Fly? Larga a minha mão, pareces uma psicopata! - Disse parecendo chocado

- Desculpa! Mas o que é isso? - Tentei não demonstrar como aquilo me tinha afetado.

- Eu sei que isto é estranho, mas eu não sei. Não fui eu. Acordei assim. Alias ultimamente a minha vida esta tão estranha que eu já nem duvido que seja o stress.

Eu não estava mesmo a entender o que se estava a passar, por mais que o meu simbolo fosse diferente do dele, era coincidência a mais aparecer do nada. Sentia-me naqueles filmes de terror em que a personagem principal é marcada até ao fim e acaba por morrer na praia. Não iria pensar mais no assunto, atirei o pau para o lago usando toda a minha energia acumulada.

- Faz melhor agora. - Olhei para ele e pisquei-lhe o olho.

- Observa e aprende fraquinha. - Ele atirou-o com uma elegância, que parecia que não tinha usado força alguma. Mas tinha ido para bem mais longe que o meu , eu tinha sido desajeitada e fraca, enquanto que ele...

" Que homem..."

Este pensamento passou-me pela mente sem querer. Quando é que eu tinha deixado de o ver como meu melhor amigo? Quando o tinha começado a ver como um homem?

Ele olhou para mim e sorriu.

O sorriso dele era lindo, tinha os dentes brancos bem alinhados, os caninos pareciam-se com os de um vampiro , o que lhe dava um ar mais sexy e rebelde. Dei por mim a pensar como seria aquela boca na minha.

- Oh bela adormecida acorda. - Senti uma palmada no braço.

- A bela adormecida só acorda com um beijo do príncipe. - Disse-lhe sem pensar.

Ele aproximou-se de mim, inclinou o meu queixo para cima e quando já estávamos a escassos centímetros, deu-me um beijo na testa. Fiquei a olhar para ele atônita. Senti-me envergonhada, tinha acabado de levar o pior fora da minha vida. Vim-me embora.

- Fly o que foi? Espera!

Não olhei para trás, tinha feito um papel ridículo!

- Abre-me a porta do carro ou eu vou a pé! Chamo o meu pai ou o papa se for preciso!

- Acalma-te ! Diz-me o que tens! - Ele olhava para mim com cara de cachorro mal morto.

- Não abres a porta? Então vou-me embora. - Disse encaminhando-me para a paragem mais próxima.

- Espera porra ! Eu levo-te ! - Continuei o meu caminho.

O dia já estava arruinado e o que eu mais queria era que ele fosse dar milho as galinhas.

Ele correu e puxou-me.

- Larga-me!

- Para com isso! Diz-me o que foi!

- Deixa-me em paz!

- Como queiras. . Largou-me e foi-se embora, vi o carro a acelerar e desaparecer.

"Estupido, estupido, estupido!"

Caminhei até à paragem, não sabia a que horas tinha um autocarro, estava tão longe de casa... 
Ele tinha-me deixado ali... Senti-me tão patética.

Peguei no telemóvel.

- Olá pai. - Disse tentando soar normal.

- Olá filha, estas bem? Já não me dizias nada há tanto tempo! 

- Estou bem pai e tu? Eu sei que não, desculpa. Estas em casa? É estou mesmo perto.

- Que andas por aqui a fazer? Onde estas vou-te buscar! 

Eu não tinha uma ligação muito forte com o meu pai , não era mau homem , mas sempre fui mais chegada a minha mãe. Desde que se separaram não o via muito, as cidades eram longe e aquela cidade trazia-me más recordações.

- Estou no parque. 

- Ok filha, eu já vou para aí. - Desligou 

Gotas de LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora