Dei uma volta ao quarteirão, parecia que a mota estava uma maravilha. Ela não me fazia tanta falta diariamente, mas era uma maneira de eu não depender de ninguém para ir aqui ou acolá, também era uma maneira de me afastar do Eric, dizia eu para mim...
- Ela está uma maravilha! - Disse eu assim que cheguei.
- Ainda duvidaste? - Disse o Antony
- Achas ? Nada disso! - Sorri para ele - Antony tens o reboque contigo?
- Por acaso ele está por cá hoje , queres que te leve a mota para tua casa?
- Sim , senão terei que ir pela nacional, nunca mais lá chego...
- Natália vamos levar a Fly a casa! Se não estiveres aqui em 5 min ficas aí! - Falou o Antony em tom de brincadeira.
E lá veio ela a correr como se fosse o fim do mundo com um sorriso enorme na cara.
*****
Sai um pouco de casa para arejar, estava aborrecida. Fui até ao café comer um gelado.
- A sair um copo com caramelo e chocolate! - Disse a menina assim que me viu.
- Você até já adivinha! - Brinquei com a menina
- Errei? - Sorriu para mim
- Na mosca! - Ri-me
- Então o meu dedo mindinho está a funcionar bem. Aqui tem , que lhe saiba bem.
- Muito obrigada. - Retirei o dinheiro e paguei.
As bolas de gelado dali era muito boas e nem era um sitio assim tão caro , quando me apetecia gelado era lá que ia. Cheguei a vir algumas vezes com a Cath e com o Eric , mas como as coisas com as Cath não andavam assim tão bem , muito menos com o Eric , não me estava a parecer que fosse lá com eles tão cedo , se é que isso voltaria a acontecer. Eu queria dizer que não , mas eu realmente estava chateada com ela. O que se teria passado para ela ter decidido magoar-me daquela maneira? Eu não entendia o porquê das indiretas, o porquê de se aproximar do Eric, quando já se tinha afastado. Estava a ficar enervada por pensar nisso, levantei-me, o gelado não me estava a saber assim tão bem, pousei o copo do gelado e percebi que estava tudo derretido, o que eu não entendia era como tinha derretido tudo se não estava assim tanto calor. Fui até a casa de banho, abri a torneira para lavar a cara, mas assim que pus as mãos debaixo da torneira a água começou a evaporar e as mãos continuaram secas. Fechei a torneira e voltei a abri-la, a água estava a sair direito, voltei a por as mãos e o mesmo aconteceu. Olhei para elas e não vi nada de diferente. Estava incrédula, toquei no meu braço para tentar entender o que se estava a passar, mas a temperatura pareceu-me normal. Fui embora do café, havia coisas que eu estava longe de entender, que estava cansada de processar sozinha.
Fui para casa, já que sair só tinha piorado a situação. Cheguei a casa e fui direta ao meu quarto , liguei o meu telemóvel às colunas e comecei a dançar para esquecer um pouco a loucura da minha vida.
" Se a vida te der música, dança."
E foi exatamente o que eu fiz , deixei-me levar pela melodia. Atirei-me para a cama já cansada. Fiquei um pouco a ouvir a música e a olhar para o tecto, comecei a dançar com os braços , desenhando coisas invisíveis no ar. Aquilo estava-me a relaxar, não estava a entender o porquê, mas eu estava-me a sentir em paz. Um grande clarão apareceu no tecto e puxou-me , não consegui fazer nada. Cada vez estava mais perto de mim, eu ia colidir , o meu coração apertou e assim que colidi com o clarão a atmosfera mudou. Olhava para todo o lado e tudo o que via eram cores , um vazio de cores , não havia nada , não havia chão, mas eu também não caia, era como se flutuasse. Não tinha medo, o medo que eu tinha sentido tinha-se dissipado assim que entrei naquele lugar. Tentei andar, mas os pés não firmavam em nada, pensei que não ia sair dali nunca, o desespero estava a voltar, mas eu respirei fundo e tentei acalmar-me da melhor maneira possível, movi o braço para o lado para tentar entender o ambiente a minha volta e assim que deixei o braço cair , senti o ar envolve-lo, veio-me a mente quando estamos na piscina ou na praia, quando relaxamos o corpo e flutuamos. Deite-me no vazio, fechei os olhos e o meu corpo começou a ser levado. Outro clarão apareceu diante de mim e senti outro puxão , mas desta vez eu não senti medo.
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Gotas de Luz
FantasySabes quando tudo no teu mundo é o dito normal? Era assim o meu mundo até descobrir seres sobrenaturais e estar em perigo de morte. Seria o meu destino morrer ? Ou ter o meu coração partido?