Capítulo 31

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Assim que ouvi aquela voz parei, eu conhecia-a... o meu coração apertou ao lembrar-se que tinha sido ele a provocar o buraco que eu e o Eric quase tínhamos perdido a vida. Havia tantas coisas que a minha cabeça não percebia. Porque é que ele tinha escolhido matar o Laík? O que havia de tão mau que o fizesse escolher matar um dos seus anjos? Seria hipocrisia como fazia questão de dizer o Laík?
Tudo aquilo me fazia sentir horrível. 

" A corda rebenta sempre para o elo mais fraco." - O meu subconsciente fez questão de salientar.

Sem sombra de duvidas que eu era o elo mais fraco, por momentos senti-me tonta a pensar nas estacas que matam vampiros. Todos tinham um calcanhar de Aquiles certo? Senti-me naquele filmes de caçadores. Poderia eu de alguma maneira fazer algo contra quem estava atrás de mim? 

- Acho que não te devo justificações. - Disse o Laík indiferente com a presença daquele ser que transpirava poder por cada poro , fazendo os meus pelos arrepiar e me querer fazer encolher.

- Tudo neste sistema solar me diz respeito. - Disse firmemente, sem deixar transparecer qualquer emoção. 

- Então vamos fazer assim, desces a terra e proteges a Fly do teu rico irmão. Eu não sou nenhum burro, nenhum demónio ataca sem permissão e os que atacam acabam presos. Agora diz-me... O que raio o Rei do Inferno estava a fazer nos sonhos de uma mera humana? O que ele vai ganhar com a morte dela?!

Deus não respondeu. 

- Temos que trabalhar juntos Pai. - Disse o Keyllan não obtendo resposta. 

As minhas mão começaram a aquecer, como se tivessem inchadas e a doer. Olhei para elas que neste momento emanavam uma luz esquisita. Encostei-as à parede e esta desapareceu fazendo-me ficar visível para quem estivesse naquela sala.

- Algo não esta bem, sinto uma aura. - Disse o Keyllan olhando para mim. Os seus olhos arregalaram-se ao ver-me, chamando assim a atenção do Laík. 

- Como estas aqui?! - Gritou o Laík. 

- Não sei! 

- Vou tira-la daqui antes que o teu pai decida voltar! - Disse o Laík para o Keyllan. 

- Não podes. Eu encantei isto tudo com magia pura. - O Keyllan estava com uma expressão confusa.

- Desfaz a magia! - Disse o Laík preocupado.

- Não consigo! Ela desfez uma parede pilar da minha proteção, fazendo haver uma distorção no espaço-tempo. - O Keyllan disse enquanto esticou o braço e abriu a mão para uma parede. 

- O que queres dizer com isso?!- Disse o Laík usando as garras para fazer uma bola preta. 

- Não uses magia, não adianta de nada. - Ele disse enquanto se sentava. 

Estava tão sereno que parecia que ele tinha adormecido, a sua pele branca fazia contraste com o seu cabelo preto e com os seus olhos que neste momentos estavam fechados. O seu corpo estava relaxado, mas ainda assim notava-se o formato dos seus músculos. Quando ele era humano a sua beleza não fazia jus aquilo que ele era em anjo, o seu cabelo preto desalinhado dava-lhe um ar mais rebelde, fazendo o seu rosto de menino parecer mais adulto. Senti o meu rosto aquecer, a pensar nas coisas que ele me estava a fazer notar. Desviei o olhar do corpo do Keyllan, para o Laík que estava com uma expressão tensa ao meu lado. Ambos eram mais velhos que eu, não por serem anjos, mas era o que a aparência de cada um deles mostrava. 

- Preciso que me dês a mão Fly. - Disse o Keyllan estendendo o seu braço na minha direção, os seus olhos olhavam intensamente para mim, fazendo me ver as várias cores que neste momento apresentavam. 

Estiquei o meu braço e assim que a minha mão tocou na dele um calor invadiu todo o meu corpo, fazendo-me sentir uma nostalgia tão forte, que parecia que eu precisava lembrar de algo importante. Senti que a minha ligação com ele era maior que uma simples manipulação, senti algo tão forte, algo que enchia o meu coração, que me fazia acreditar que eu era dele e ele meu. Uma luz iluminou tudo a nossa volta, o local tornou-se mais pequeno, não existia mais nada a não ser um luz forte e a presença dele. 




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