Eu sentia que faltava algo naquela história, que o homem estava a esconder coisas, como se aquilo fosse o inicio da explicação para o agora, como se o inicio do mundo fosse a solução para a minha situação. Levantei-me, fui até a janela ver o céu. Eu sentia que havia algo que eu precisava saber, só não sabia como. Não sabia porque eu viajava entre o meu mundo e o mundo lá de cima, nem como o fazia. Eu simplesmente por mais que pensasse não conseguia compreender. Fui até a cómoda ver o meu telemóvel, mas eu não tinha como o contactar.
– A pena! – Disse em voz alta.
Abri a gaveta da cómoda e lá estava ela. Concentrei-me a pensar no rosto dele, nos seus tristes olhos cinzentos, sentia-a ficar quente, como se vibrasse na minha mão. E então eu senti uma vibração correr todo o meu corpo, era uma sensação estranha mas confortável, como se fosse um toque invisível a trazer calor, não um calor abrasador, mas aquele que te trás bem-estar. Não fui transportada para lado nenhum ao contrário do que acontecia sempre, permaneci ali no meu quarto. Uma luz explodiu naquele recinto pequeno e eu vi-o. Era estranho voltar a vê-lo, sobretudo depois daquela ansiedade que eu tinha sentido, das saudades... Mas ao vê-lo parecia que tudo ali tinha deixado de existir. Parecia que as preocupações se tinham ido embora.
– Passa-se algo? – Perguntou-me olhando para mim curiosamente, os seus olhos estavam amarelo gato, parecia um gato matreiro. Fiquei a pensar na pergunta dele, eu não sabia se quer porque o tinha chamado.
– Vais ser meu professor. – Disse quase sem pensar, como se a ideia de o contactar fosse essa.
– Pois, eu estava a falar com uma pessoa que me estava a explicar isso, quando alguém me chamou.
Senti-me como se o facto de o chamar o incomodasse. Ele estava estranho, o semblante estava neutro, mas os olhos ... Era como se eu fosse o rato. Fez-me lembrar do Laík, quando ele me assediava, mas o Keyllan não me estava a assediar.
– Então, podias ter vindo depois.
– Acho que não, isso que tens na tua mão tem um poder que tu não imaginas. Nas mãos erradas ia-me dar muito trabalho. – Sentou-se na minha cama ao meu lado.
– O que queres dizer com isso? – Ele olhou para mim, como se pensasse no que me dizer. E os seus olhos passaram para o cinzento que eu conhecia.
– Eu sou uma criatura especial. Eu tenho poucas penas dessa cor, porque elas são raras, são poderosas. Com ela eu sou obrigado a vir a ti.
Assim que ele acabou de falar, vi-o mexer-se como se estivesse incomodado com certas coisas que estava a pensar.
– És obrigado a contar-me coisas? – Perguntei a pensar que tinha descoberto como descobrir tudo.
– Também não vamos exagerar! – Riu-se – Na verdade ela até pode ter, mas tu não me precisas obrigar a contar-te as coisas Fly. Devias confiar em mim. Olha para dentro de ti, tu sabes mais do que pensas. – Tocou-me na mão, estava morna e era suave. Ficamos a olhar um para o outro. Ele estava perto fiquei a pensar como seria os seus lábios nos meus, eu queria, mas eu sabia que não podia. Não depois de tudo o que eu tinha visto, da dor que lhe tinha causado. Queria voltar a mexer-lhe nas asas ver mais de mim e dele. Queria-me recordar de nós. Aproximei-me dele, estendi a mão para o seu rosto, que me olhava como se estivesse hipnotizado, a pele era tão macia, tão lisa. Eu não sabia o que fazer, ele não reagia e eu estava ali quase tão perto dele que lhe podia ver a incerteza no olhar. Aproximei-me mais dele, pus a outra mão na sua bochecha e puxei-o para mim, ainda com a incerteza do que iria acontecer a seguir, com o medo do que ia sentir. Assim que os meus lábios tocaram nos dele, eu senti calor percorrer o meu corpo, o meu coração acelerou, era suave o seu beijo, como se quisesse ter todo o cuidado do mundo. O beijo intensificou-se a sua língua procurava a minha, estava tão quente. Eu não queria largar, eu não percebia o que estava a sentir, era como se eu conhecesse aquele beijo, sentia-o em todo lado. Senti um balde de água fria por mim abaixo quando ele se afastou. Senti-me perdida, como se me tivessem arrancado algo, o seu toque completava-me. Como se eu fosse vazia a maior parte do tempo. Os olhos dele estavam cinzentos raiados de roxo, parecia-me confuso.
– Porquê? – Parecia-me perturbado.
Não sabia o que lhe dizer, eu própria não entendia o meu coração e a minha cabeça, como lhe podia explicar? Como lhe podia dizer que eu não sabia o que sentia em relação a ele e ao Eric. Senti-me horrível, uma traidora.
– Desculpa, eu....eu não sei. Eu... senti tanto a tua falta, quando olhei para ele. Eu... não sei. – Era tão difícil para mim falar.
– Ele? – Perguntou-me como se nada tivesse acontecido.
– O homem com os olhos multicolores. Vocês são muito parecidos, eu... senti-me estranha. Como se tudo o que eu quisesse naquele momento fosses tu. – Disse envergonhada, era difícil de mais falar do que sentia.
– Ele sondou-te! – Disse irritado
– Como assim ele sondou-me?!
– Como raio estiveste com ele? – Ele estava chateado e nervoso.
– Não sei, mas o que é que é que eu sei não é? – Disse irritada – Eu simplesmente fui lá parar, como se fosse a primeira vez ... Eu vou parar a muitos lugares sem entender como o faço. Mas não respondeste à minha pergunta. Como é que ele me sondou?
– Viu-te a alma. Foi por isso que tu te lembraste de mim dessa maneira. Porque eu estou gravado na tua alma! – Estava a andar ao círculos como se tivesse a solucionar uma equação. – Foi por isso que beijaste! Porque ele trouxe à tona coisas que estava escondidas na tua alma! – Parecia tão chateado que me apeteceu gritar com ele, dizer que não era nada disso, mas... eu não sabia se era verdade ou não.
– A sensação que tenho quando estou contigo eu descobri muito antes de o ver. – Aproximei-me dele, peguei-lhe na mão. – Eu sei o que sentia, só nunca senti da maneira que senti como quando estive com ele. Sonda-me, os teus poderes são psíquicos. Quero provar-te que o que estou a dizer-te é verdade.- Ele puxou-me para ele e eu não consegui dizer mais nada, a sua boca apoderou-se da minha com uma urgência que me fez juntar o meu corpo ao dele de maneira a senti-lo junto a mim. Eu senti algo em mim, como se ele me mostrasse imagens nossas, não conseguia ver nitidamente, mas eu sabia que éramos nós, eu simplesmente sabia.
"Sempre e para sempre."
A frase ecoou no meu cérebro. Nós não éramos a família original da serie de vampiros que eu via, mas tinha um significado, eu sei que tinha. Ele afastou-se de mim e sorriu como um miúdo travesso, os seus olhos voltaram para o amarelo gato e eu percebi que ele sabia o que queria.
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Olá minha gente. O que é que vocês acham? Ela deveria te-lo beijado?
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Gotas de Luz
FantasySabes quando tudo no teu mundo é o dito normal? Era assim o meu mundo até descobrir seres sobrenaturais e estar em perigo de morte. Seria o meu destino morrer ? Ou ter o meu coração partido?