Smoking Heart | L.H.

Forever

ÚLTIMO CAPÍTULO

LEIAM A NOTA DE AUTOR NO FINAL

Bella

-"As palavras não dizem o que o coração sente."- Cito algumas frases dos últimos textos que tenho escrito.

Deito-me na cama a pensar nas palavras que escrevera á uns tempos, que pareciam tão significativas na altura, e que agora... não passam de um passado quase inexistente.

É estranho... é como se ainda sentisse os seus lábios nos meus...

Volto a colocar uma ponta do cigarro entre estes, e puxo mais uma vez o fumo para dentro dos meus pulmões.

Volto a expelir o fumo para fora, e assim sucessivamente. 

Deixo de pensar. Fico simplesmente a observar o fumo a pairar sobre a minha cabeça, acabando por se dissipar no meio do ar.

No fim de tudo... não passa tudo do mesmo.

Sabemos que o que estamos a fazer  é errado, mas a vontade fala mais alto. E quando nos habituamos... aí é o pior, porque aí como se deixássemos de conseguir viver sem. Falo tanto aos cigarros... como ao amor. Não passa tudo de uma estúpida metáfora.

Esboço um pequeno sorriso irônico. Em tempos, isto pareceu um fim do mundo e agora... é como se nada tivesse acontecido.

Poderia chorar, não me falta vontade para o fazer, mas já o fiz durante tanto tempo, que as lágrimas secaram.

Poderia gritar, mas o nó que tenho entalado na garganta não me deixa sequer respirar.

Poderia deitar-me, e desejar nunca mais acordar; e sonhar com tudo, perfeito, mas não seria real.

Desvio os olhos de papeis e olho em direção á porta.

-Desculpa.- Diz Sam, que me observava da porta.- Posso entrar?

Neste momento não me abetece falar com ninguém, muito menos com ela. Mas não tenho nada com que a odiar.

Aceno, apagando o cigarro.

Esta senta-se ao meu lado, na cama, e fica em silêncio durantes breves momentos.

-O... O Michael...- Hesita.- O Michael disse-me que passaste a noite a chorar. E que não foste hoje ao aeroporto despedir-te.- Diz com preocupação na voz.

Baixo a cabeça. Pensei que ele não tivesse ouvido.

Olhei para ela, que me tentava encarar. Ela estava mesmo a tentar falar comigo. A Sam.

Até é difícil de acreditar.

-Gostavas mesmo dele.- Diz.

-Nunca o fingi.- Dou uma gargalhada irônica, desnecessária.

-Achas que podemos ficar amigas?- Pergunta-me, fazendo perguntar-me o porquê de o querer, mas mais tarde, pergunto-me porque razão, já que tudo agora está diferente, não sermos amigas?

-Talvez...

-Posso fazer mais uma pergunta?- Pede, fazendo-me perder um pouco da minha paciência, não sabia se isto não passava de sinismo, mas acabei por acenar depois de um pequeno suspiro.

-Hum...- Parece que tem medo de e perguntar ou de ser indiscreta.-O que aconteceu assim tão forte entre vocês em Inglaterra?

-Oh...- Não estava á espera daquela pergunta, muito menos depois de tanta hesitação, de incio.- É muito complicado...