Capítulo 5 - "Não faço o tipo dele".

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- Está entregue, baixinha. - Disse Thomaz assim que parou em frente a minha casa.

- Obrigada pela carona e por principalmente me defender daquele cara. - Falei olhando para meus pés.

Não obtive resposta, então quando levantei meu olhar vi Thomaz me olhando intensamente. Nossos olhares ficaram presos por segundos até eu desviar.

- Melhor eu entrar. - Falei. - Obrigada mais uma vez e até mais. - Sorri.

Quando estava para entrar em casa ele me chama:

- De nada. Se cuida e uma boa noite, baixinha. - Sorriu fraco e se foi.

Entro em casa e sinto alívio, não só por estar segura em casa, mas também por mamãe estar dormindo e não ter que dar explicações por agora.

Vou para meu quarto, troco de roupa e me deito na cama pensando na noite de hoje. Thomaz me defendeu de uma forma que ninguém nunca fez por mim, mas na hora que ele estava aqui, parecia triste, como se tivesse aconteciso algo... pensando em tudo isso, acabei adormecendo.

*

Quando acordei no outro dia, mamãe já havia saido. Tinha deixado o café pronto e um bilhete na geladeira.

"Thay, tive uma emergência no hospital e fui correndo para lá. Mas logo volto para casa. Quero saber tudo sobre a festa! Bjs.
Mamãe."

*

Quando cheguei na escola fui parada pela Vic furiosa.

- Garota, onde tu se meteu? Fiquei preocupada, me contaram sobre a briga que teve por sua causa. - Disse ela com irritação falsa na voz.

- Desculpa não ter te avisado, Vic. Depois da briga, Thomaz me levou para casa e nem me lembrei de te falar. - Disse a ela encolhendo os ombros.

- Pera ai, você foi para casa com o Thomaz?! - Ela me perguntou boquiaberta. Confirmei com a cabeça. - Thay, você não conhece mesmo a fama desse garoto, né?! - Neguei com a cabeça. - Thay, Thay... O Thomaz é o maior galinha da cidade, é um metido filhinho do papai. Um tremendo PlayBoy. Ele se acha só por causa da sua moto incrível, da sua casa espetacular e se gaba por ter todas as meninas aos seus pés, menos eu, é claro.

Fiquei sem saber o que dizer. Sabia que ele era um garoto que não queria relacionamento serio, mas isso? Tudo que ela disse? Não era isso que ele tinha demostrando ontem a noite. Me defendeu, me protegeu e me levou para casa em segurança.


- Olha Thay, vou te dar um conselho, sei que não nos conhecemos direito e tudo mais, mas gosto de você e quero e teu bem: o Thomaz não é flor que se cheire, ele se mete sempre em confusões, brigas, rachas de motos e anda sempre bêbado por ai. Só não é preso por que o papai é advogado e limpa todas as burradas dele. Então amiga, pro seu bem, fica longe.


Fiquei sem reação, só consegui acenar com a cabeça. Fiquei perdida em meus pensamentos e tentando dissolver tudo que acabei de escutar da Vic. Será que ele era tão ruim assim? Seu sorriso era tão leve, mas seus olhos carregavam segredos desconhecidos por muitos.

*

No intervalo aproveitei para passar na biblioteca para pegar alguns livros. Meus braços estavam cheios de livros impedindo a minha visão, até que esbarrei em alguém e caí levando a pessoas e os livros comigo.


- Ouuu, não olha por onde ainda não?! - Disse a pessoa com raiva na voz se levantando.


Virei em direção a pessoa que naquele momento parecia que iria me matar e vi Thomaz me olhando com raiva.


- Desculpa, não tinha te visto por causa dos livros que estavam atrapalhando minha visão. - Ele me olhava serio e resolvi continuar. - E, obrigada por ontem a noite, e pela carona também, mais uma vez. - Sorri sem jeito.


- Não foi nada, faria isso por qualquer uma. - Disse ainda com raiva na voz.


Então é isso? Sou qualquer uma? Me doeu ouvir essas palavras. O que aconteceu com o garoto que me olhava intensamente na noite passada? Seu olhar agora é frio. O que aconteceu? Resolvi mudar de assunto.


- Então como forma de acradecimento será que não podíamos sair qualquer hora? - Eu perguntei já me arrependendo quando vi seu olhar endurecer.


Ele me prendeu contra uma estante cheia de livros fazendo com que alguns caíssem no chão. Com os braços um de cada lado do meu corpo me prendendo na estante ele olhou bem no fundo dos meus olhos. Por um curto momento achei que ele iria me beijar, mas estava errada quando ouvi sua risada. Seu olhar era frio.

- Escuta aqui baixinha, não vou sair com você, ok? Só por que eu te ajudei ontem a se livrar da que cara não quer dizer que eu goste de você. - Dizendo isso ele me soltou e se virou pra ir embora, mas parou.


- E também, você não faz o meu tipo. E nunca vai fazer. - bufou e saiu.


Só quando ele saiu percebi que estava prendendo a respiração e que lágrimas ameaçavam cair dos meus olhos. Desabei no chão.

Burra, fui muito burra em pensar que ele aceitaria sair comigo. Ri da minha própria idiotice. Não consegui entender, como uma pessoa que foi tão "legal" com você e até mesmo te defendeu pode do nada ser tão frio e grosso com você? Estou começando a achar que Vic tem razão...


Me levantei, peguei os livros do chão e fui direto para a sala de aula, justo a que nós dois tínhamos juntos.


*

Nosso professor estava passando um trabalho em dubla na qual seria escolhido através de sorteio. Estava perdida de mais em meus pensamentos para poder prestar atenção na aula, até que ouvi meu nome.


- Sonhorita Thay Robens vai formar bupla com... - Ele tirou um papelzinho de um pote e fez caranca. - Senhor Thomas Grey.


Não, não pede ser, deve ser algum engano. Não quero fazer trabalho nenhum com esse idiota. Me virei para encarar Thomaz que pela cara, não tinha gostado nada também...

A Baixinha E O PlayBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora