Capítulo 8

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-Não, não estou a gozar, Luke.- tentei manter o meu tom calmo.- Vais dormir no quarto de hóspedes. Eu não sou de brincadeiras e já devias de saber isso.

-Por favor, Eve! Pelo amor de Deus!- implorou. Depois do que se passou hoje, não lhe vou facilitar muito a vida. Vou deixá-lo estar com o seu filho, como é óbvio, e pouco mais. Detesto ver os filhos separados dos pais ou das mães. Já me basta a mim.

-Não. É a minha última palavra e nada nem ninguém me vai fazer voltar a trás. Não me pressiones porque, em vez de ires dormir para o quarto de hóspedes, vais dormir para a rua. E, mesmo assim, ainda tenho um pouco de respeito por ti por te deixar dormir no quarto de hóspedes que, só por acaso e para mal de mim, essa mesma divisão é do lado direito do meu quarto. Bem ao lado do meu. Porquê?- estava passada e, ao mesmo tempo, a tentar não mostrar isso, mesmo que Luke já tivesse notado. Pergunto-me, diversas vezes, o porquê de a minha vida, em certos aspetos, ser tão má. Porquê? Os planetas alinharam-se para me fazer isto? Mas é que só pode. Terei de fazer algo para mudar isso. Algo para travar todos os desastres que já aconteceram comigo durante todos estes anos.-Agora sai.- ordenei-lhe enquanto arrumava umas roupas que tinha deixado espalhadas pelo meu quarto. Assim o fez, antes de pegar nas suas coisas. Era o melhor agora. Por agora é assim.

-Espero que mudes de ideias.- e a porta fechou-se. Sentei-me na beira da cama e pequenas lágrimas começaram a rolar pela minha cara. Olhei para a porta, no meu lado esquerdo, que dava para a varanda. A noite? Maravilhosa. As pequenas estrelas brilham no céu e a lua ilumina, juntamente com elas, a cidade. Respirei fundo e limpei as lágrimas. Fui até Andy para o amamentar e assim o fiz.

-Porque é que isto tem de ser assim?- falei para Andy, baixinho. Respirei bem fundo.- Porquê?

Tudo o que mais queria era ter uma vida mais calma, sem correrias, e ter o meu pai de volta, como se isso fosse alguma vez possível. Um sonho que nunca irei concretizar, infelizmente. Andy parou de beber leite e, aí, arranjei-me outra vez. Pu-lo no berço, aconchegando-o e tapando-o. Peguei no diário do meu pai que tinha escondido na primeira gaveta da minha secretária e sentei-me na cama, encostada às almofadas. Procurei pela página que vinha. Reparei que ele nem todos os dias escrevia.

"3 de outubro de 2000

Parece que isto entre a minha família e a família dele está cada vez a ficar pior e não sei como controlar isto. A minha mulher tenta-me dar apoio, mas parece que não resulta. Parece que tudo está a ficar pior a cada dia, para não dizer a cada segundo, porque é o que parece. Sinto-me como se estivesse perdido neste mundo de gente completamente louca. Tento entender as razões de ele me atacar. Sem sucesso. Não é que ele me declarou guerra? Guerra? Sem razão aparente. É isso que eu penso. Esta guerra não tem pernas nem cabeça. Não há lógica no que ele quer. Se calhar para ele há, contudo, não há para mim nem vai haver. Só estamos a alimentar uma confusão que vem desde séculos atrás. Não tem cabimento nenhum. Estamos a cometer um grande erro. Porque, em todas as guerras que estas famílias se metem, há sempre pessoas a morrer, famílias a perder as suas pessoas amadas. E isso não é justo. Não é justo tirar uma vida de uma pessoa inocente que decidiu meter-se numa confusão de duas famílias. Porque é que tem que haver pessoas a sofrer por uma coisa que os nossos antepassados. Sinto-me revoltado por causa disso. Tenho que mudar isso. Tenho que tentar mudar isso, por mais complicado que seja. Hei de conseguir pôr um ponto final nisto tudo. Quando o meu filho e, se calhar, os meus futuros filhos, for ou forem mais velhos, já não precisaram de passar por isto. Não quero que isto se alastre por mais tempo. Vai ter de acabar enquanto eu andar em Terra. Não permitirei isso. Espero que os meus desejos se concretizem. Também espero conseguir paz às famílias das pessoas que vão entrar nesta guerra entre duas famílias que antes se davam bem. Não quero que mais ninguém sofra por causa disto"

-Vivias tão revoltado. E tens razão para isso, pai.- falei, enquanto fechava o diário. Voltei a guardá-lo de onde o tinha guardado e, quando voltei para a cama, adormeci logo. Não pensei em mais nada. O sono venceu-me antes que alguma coisa decidisse invadir a minha cabeça e tomar-me a noite toda. 

Dia seguinte

Acordei com o choro de Andy. Felizmente, ele é daqueles bebés que dorme imenso e só acorda uma vez por noite ou nenhuma, mas, quando está com fome, chora, o que é o caso. A luz do dia invadia o meu quarto. Com os olhos semisserrados, virei-me na cama, ficando de barriga para cima. Esperguicei-me e pisquei várias vezes os olhos para me habituar à luz. Olhei para a porta que fava acesso à varanda e tinha-me esquecido de fechar a persiana e de tapar com os cortinados. O que o sono me faz! Fico completamente tonta. Levantei-me e fui amamentar o bebé que chorava. Quando já tinha terminado, arranjei-me como sempre e fui lá para baixo. Antes de sair do quarto, consultei as horas. 9h30. Levei o Andy comigo depois de o ter arranjado.

-Bom dia.- disse quando cheguei à sala. Mais um dia em que ia conviver com o Luke. Mais uma vez em que me tinha que sentar à mesma mesa que ele e controlar-me em relação a não armar discussão com ele. Não quero estragar a refeição a ninguém. 

-Bom dia.- responderam em uníssono, menos Luke. Não me importei. Deitei Andy na sua cadeirinha. Fui até à mesa e sentei-me. Respirei fundo para me controlar.

-E o que estás e pensar fazer, já que é sábado?- questionou-me Luke.

-Não sei.- respondi, enquanto preparava o que queria comer.- Dar uma volta com o Andy, ir às compras, ir ter com a Kendall e a Ariel, para estarem um pouco comigo e com o Andy e não sei mais.

O silêncio imperou. Ficou estranho e um pouco intolerável, não sei. Tomei o pequeno almoço e fui acabar de me arranjar. Desci e fui buscar o Andy.

-Bem, vou sair agora. Almoçamos fora e não sei quando voltamos. Até logo.- anunciei e saímos.

N/A: Well, agora o diário do pai dela poderá ser uma grande ajuda para o desenrolar da história. O que acham que pode vir a acontecer? Palpites? Keep reading!! :D

War Fighters- Temporada 2Onde histórias criam vida. Descubra agora