Capítulo 36

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Continuámos um pouco mais na casa da árvore até que se fez noite e fomos jantar. Acabei por convidar os meus tios para virem cá. Fez-se o jantar e fomos todos para a sala de jantar.

Dia seguinte

Hoje seria um dia comprido. Iria pôr o meu filho à ama, aquela senhor do parque. Salvou-me a vida, definitivamente! Preparei a sua mochila com todas as coisas necessárias. Nunca se sabe o que pode acontecer com um bebé, ainda por cima num sítio que é completamente novo para si. Prefiro jogar sempre pelo seguro.

Quando cheguei a casa da senhora, disse quem podia vir buscar o meu filho e dei, ainda, os respetivos números caso algo acontecesse. 

Fui para casa e tratei dos meus afazeres sem ter de me preocupar com o meu filho. Pelo menos, durante algumas horas.

À tarde

O meu telemóvel começa a tocar. Ashton, indica o ecrã. Atendo.

-Sim?- iniciei a conversa.- Passa-se alguma coisa?

-Não. Gostaria de saber se estás disponível para irmos à próxima sessão de cinema. Sei que à noite não te dá muito jeito e, como tens o teu filho na ama, achei que podíamos ir agora. É um filme novo, acho que vais gostar.

-Sim, sim. Vamos. Deixa-me só arranjar. Vens-me buscar daqui a, mais ou menos, quinze minutos?- do outro lado da linha recebo um sim e desligo. Arranjo-me um pouco melhor e pego na minha mala. Não sei porquê, mas comecei a sentir um nervoso miudinho que me começou, de certa forma, a irritar. É sempre - ou quase sempre - assim quando estou ou estou para estar perto do Ashton. Há algo nele de diferente. Talvez o modo como se preocupa comigo e com a minha família. Faz-me lembrar o Luke. Luke. Esse nome. Esse nome que foi dito, pela última vez, por Ashton, não sendo acompanhado de boas notícias. Sinto tanto a falta dele. Sinto a sua falta como sinto a falta do meu irmão. Ultimamente tenho falado com o resto do pessoal. Desde há uns meses que não falávamos. Sentia saudades. Por que raios é que eles tiveram de ir? Por serem dois dos melhores!? Simplesmente não compro esta justificação. No meu ponto de vista, há algo mais que isto. Muito mais. E eu hei de de descobrir. Custe o que custar. Nem que tenha que invadir a casa do meu tio. Mesmo sendo da família - e estando de baixa há já alguns meses, por problemas de coração - ele deve de estar em posse desse  tipo de informações. Pergunto-me, por vezes, qual é o problema de me contarem as coisas. Prefiro que me contem tudo logo de início do que vir a saber das coisas mais tarde. E pior, saber dessas coisas por terceiros. Isso só piora as coisas ainda mais e faz-me querer discutir a triplicar. É a minha ira ao mais alto nível!

Uma bozina do lado de fora fez-me acordar para a realidade. Consultei o meu relógio. Era ele. Era Ashton. Saí de casa. Como havia gente, não me preocupei, sequer, em trancar a porta. Quando me virei, encarei dois carros. Michael, Calum, Ariel e Kendall vinham connosco. Parecia que era uma saída de casais, tirando o facto de só haver um. Pelo menos, com eles, não ficaria ainda mais constrangida com o Ashton. Fiquei com receio do que pudesse acontecer se estivéssemos sozinhos.

Michael e Cal um acompanharam o Keaton e o Luke no primeiro destacamento. Contudo, recusaram o segundo. Grande sensatez da parte deles.

Quando cheguei perto dos carros, cumprimentei-os a todos.

No cinema

O filme começou muito pouco tempo depois de lá chegarmos e de comprarmos os bilhetes. Sentia-me tensa.

Quando chegou o intervalo e os outros quatro saíram da sala, Ashton começou a encarar-me, fazendo ficar cada vez mais desconfortável.

-Passa-se alguma coisa, Eveline?- perguntou-me segundos depois, que mais me pareceram minutos.

-Infelizmente sim. A justificação que me deste acerca do destacamento do Luke e do Keaton é a verdadeira ou há outra que vocês não me querem contar?- fui direta ao assunto. Senti-o ficar tenso, mais tenso que eu, e preparei-me para a sua pergunta.

-Sim, por que perguntas?- mentiu-me. Ainda me pergunto o porquê de lhe ter perguntado o que perguntei. Uma perda de tempo.

-Por nada, por nada.- justifiquei-me. Tentei controlar as lágrimas. Ash pegou-me na mão direita e entrelaçou os nossos dedos e deu-me um beijo na mesma. Um arrepio percorreu toda a minha espinha. Mesmo com o que ele me fez, não consegui separar as nossas mãos. Era mais forte do que eu. Transmitia-me algo. O mesmo que o Luke me transmitia quando me fazia o mesmo. Talvez seja por isso que não quis separar as mãos. Faz-me lembrar o Luke. Ash, por alguma razão, traz-me à memória o Luke. Quando os outros se aproximaram, separámos as nossas mãos como por instinto. Não queríamos que eles criassem coisas nas suas cabeças que eram totalmente erradas. Ou será que não são assim tão erradas quanto eu pinto. Comecei a matutar sobre isso e não prestei atenção ao resto do filme. Inúmeras coisas, principalmente dúvidas, começaram a passar pela minha cabeça como raios. As mesmas puseram-me ainda mais confusa do que já estava. O que raios é que vou fazer. Parece que preciso de tirar uma férias de Washington.

War Fighters- Temporada 2Onde histórias criam vida. Descubra agora