Quatro dias depois
Já se passaram quatro dias desde que o Luke e o Michael chegaram. Tem sido de loucos com tanta gente cá em casa, com o bebé a chorar, enfim, de pôr alguém de cabelos em pé. Brigo com toda a gente, não os consigo aturar e, por alguma coisa, mesmo que seja muito pequena, descargo logo neles, sem terem culpa. Respirei várias vezes para que me tentasse controlar, por vezes, sem grande resultado. Não aguentava isto. Se tudo isto é o que acontece em quatro dias, imaginem o que acontecerá daqui a mais quatro.
-Cala-te Luke!- disse, enquanto discutíamos.
-Tu andas super mal! Já ninguém te pode aturar!- foi logo cara a cara.
-Ainda bem, por o sentimento é recíproco! Não aguento isto tudo. Imensa pressão sobre mim. Escola. Tomar conta do bebé quando chego a casa para não ser sempre a minha mãe, mesmo que tenha a vossa ajuda. Estudar. Julgam que isto é fácil para mim? Diz, vá! Achas? Achas que para mim é? Pensem duas vezes antes de começarem a atirar cenas para cima de mim! Já lá vai imenso tempo desde que estou a tomar conta do nosso filho com a ajuda da minha família, enquanto o sacana do teu pai te prendia na Austrália. Como achas que foram todos esses dias? Vivi angustiada que nem sabes e ainda vivo. Vivo com medo do que o teu pai possa vir a fazer, sobre o nosso futuro e o futuro do nosso filho. Como é que acahas que eu vivo com isto tudo durante todos os dias, segundo atrás de segundo, minuto atrás de minuto e hora atrás de hora? Como é que achas?- debafei entre lágrimas. Carregava um grande peso sobre os meus ombros, mesmo com a ajuda de todos eles.
-Mas...- tentou começar ele, contudo, travei-o.
-Olha, esquece.- disse, pegando na minha mala.- Ninguém irá entender. Vou sair para me organizar.
-Vês? Tu não deixaste, durante estes quatro dias, que nos aproximássemos de ti e hoje é mais uma prova disso. Cresce!- disse ao mesmo tempo que eu abria a porta.- Estás a ser muito egoísta e egocêntrica. Por vezes parece que só pensas nos teus problemas e em ti. Ainda não entendeste que todos nós também temos problemas!- Cheguei-me ao pé dele e dei-lhe uma estalada. Como é que é possível ele dizer uma coisa destas? Que sou egoísta e egocêntrica? Que não penso nos outros e que só penso em mim? Isso, de facto, magoou-me e muito. Eu penso nos outros, mesmo que não mostre isso. Mas penso.
-Parecendo que não, eu penso em todos vocês. Por vezes sobrecarrego-me para que vocês não fiquem com tanta sobrecarga. E ainda dizes que só penso em mim? Desculpa meu caro, mas estás muito enganado.- explodi. Foi a gota de água. Saí do quarto e fechei a porta da rua com força, fazendo bastante barulho. Lágrimas corriam compulsivamente pela minha cara. Estava tão magoada com as suas palavras. O tempo que ele esteve separado de mim foi suficiente para que ele não ficasse a saber o que me esforcei, no início, de conciliar a escola com o bebé. Ele não soube o que foi isso. Não esteve presente nestes meses. Passei imensas noites em branco a cuidar dele, andava a cair para o lado de sono, tinha que beber alguns cafés para me aguentar e lá se foi passando. Limpei a minha cara com as costas da mão e respirei fundo. As coisas têm de mudar. Não sei como, mas vão ter que mudar. Caminhei sem rumo até que me lembrei de ir buscar o carro. Queria ir à casa do lago, onde eu, o meu pai, a minha mãe e o meu irmão costumávamos ir passar alguns fins de semana e uma ou duas semanas durante as férias grandes. Dirigi durante algum tempo até lá. Parei o carro perto do lago e saí. Respirei fundo. Sentir este ar puro, fazia-me sentir bem. Quando olhei em volta, várias memórias vieram-me à memória. Umas atrás das outras. Comecei a sentir-me nostálgica. Abanei a cabeça para que essas memórias não me invadissem mais. Já estava mal o suficiente. Encontrar as chaves no meio das coisas da mesa da entrada da outra casa foi um problema, mas foi uma missão bem sucedida. Senti o meu telemóvel a tocar. Era Ariel. Decidi atender.
-Estou?- falei de uma forma um pouco seca, mesmo não sendo a minha intenção.
-Calma! O Keaton ligou-me e contou-me o que se passou. Como estás? Onde estás?- falou calmamente.
-Mas porque é que eles só se metem na minha vida? Eu já sou crescida o suficiente para saber o que faço! Estou bem e não interessa onde estou porque já sei que vais ligar logo ao meu irmão, à minha mãe ou seja lá a quem for para me virem buscar!
-Tu deixaste o teu filho sozinho!- gritou.
-Não, não deixei! O Luke está com ele. Deixei tudo pronto. Não lhe vai faltar nada. O Luke vai ter que cuidar do filho também! Sou sempre eu ou a minha mãe que temos o trabalho maior. Tudo bem que ele também ajuda e bastante. Mas vendo bem, eu fiquei dois meses ou mais a cuidar dele com a ajuda da minha mãe. Fiquei noites a fio, acordada, com o Andy no tempo em que o sacana do pai do Luke o prendeu lá! Agora, adeus.- e desliguei a chamada e o telemóvel. Não queria que ninguém me chateasse durante o tempo que qui estivesse. Abri a porta e o cheiro a mofo invadiu-me o nariz. A casa não era aberta desde a morte do meu pai. Abri todas as janelas para que a casa deixasse de ter aquele cheiro. Depois, abri todas as portas para que as divisões arejassem e as janelas das mesmas. Quando cheguei à última divisão, esta encontravasse trancada. Olhei para ela e vi uma pequena placa de madeira a dizer Escritório. Porque é que o fechariam?, pensei. Fui procurar a chave pela casa toda até que a encontrei dentro de uma gaveta da cozinha. Com esta, estavam outras, que, muito provavelmente, abrem coisas nesta divisão em particular. O que elas ali faziam, não sei, mas eram o menor dos meus problemas. Voltei lá e abri a porta. Abri as janelas e sentei-me na cadeira que, outrora, foi o lugar onde o meu pai se sentava. Comecei a mexer nas chaves.
-O que será que vocês fazem?- falei para mim mesma. Comecei a tentar abrir armários, gavetas, tudo o que tivesse fechadura até que uma me chamou mais à atenção. Era mais pequena que as outras. Procurei algo que tivesse uma fechadura mais pequena que as outras. Procurei também no soalho até que consegui tirar uma parte, mostrando um cofre.- Então és tu que és o dono desta chave. Vamos lá ver o que escondes assim de tão importante para estares aqui escondido.- dito isto, abri-o e tirei de lá uma caixa castanha e velha. Abri-a. Um diário. Lembro-me de o meu pai escrever neste diário. Pensava que estava em nossa casa até que me lembrei de que aqui seria o lugar menos improvável de alguém vir procurá-lo. Voltei a pensar e só poucas pessoas é que sabiam deste objeto.- Então, porque é que estás aqui? Será que escondes segredos que ninguém queria que fossem descobertos? Bem, nada melhor do que abrir-te e ler-te. Talvez encontre coisas que me foram escondidas ou que me mostrem melhor como era o meu pai.- falei para ele.
N/A: Well, well, well. Isto é que é a Eveline revoltada. E este diário? O que acham dele? O que acham que esconde? Palpites? Keep reading para descobrirem!! :D ^^
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War Fighters- Temporada 2
AcakA guerra acabou e todos se encontram numa nova etapa. Novas aventuras estão para vir!!