Capítulo 26

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-Bem, vou ser bem direta. Eu e a minha mãe mudamos-nos há pouco tempo para cá porque estávamos com alguns problemas financeiras e um dos irmãos dela, que trabalha cá, ofereceu-lhe trabalho que ela aceitou prontamente. Depois, veio o nosso pai. Ficou escondido na casa onde vocês o devem de ter encontrado.- disse, dirigindo-se a mim e a Keaton.- A minha mãe, quando o conheceu, desconhecia que ele tinha família e, durante estes anos todos, tanto ela como eu fomos enganadas.

-E como é que chegaste até ao Michael?- perguntei, sem entender a ligação deles.

-Tenho um primo inglês a estudar cá e é amigo do Michael. Quando ele me mostrou uma notícia sobre o nosso pai e me disse que o Michael ela vosso amigo, ajudou-me com tudo. Queria que soubessem que ele tem outra família, uma vida dupla.

-E como é que ele se casou, de novo? No final das contas, ele ainda era casado!- intervim de novo.

-Na Holanda não sabiam de nada. Deve de ter começado uma nova vida, um novo ciclo em que eliminou tudo do passado.- respondeu-me Luke.

-E porquê? Por que razão é que fez isso?- na minha cabeça só apareciam perguntas em catadupa. Estava super baralhada, sem saber o que fazer ou dizer. 

-Por que ele sabia que a mãe não o iria perdoar, muito provavelmente e, se o perdoasse, a relação nunca mais seria a mesma. Assim, decidiu começar uma vida nova, o mais longe que podia.- Keaton respondeu-me. 

Mal me respondeu, levantei-me e fui até casa dele. Tenho vergonha de o chamar pai, de alguma vez o ter chamado pai. Como é que ele pôde fazer uma coisa destas? Porquê? Qual era o intuito, o fim? Sinceramente, não, contudo, não me interessa.

Em casa dele

Toquei à campainha e, quando a porta foi aberta, entrei de rompante, sem pedir autorização e sem dizer uma única palavra. Dirigi-me até à sala e, para meu espanto, a minha mãe estava bem de saúde, mas com uma cara que metia dó.

-Vais fazer o obséquio de me explicar por que cargas de água é que foi aquele aparato todo em minha casa que fez com que tivesse de chamar a polícia e todo o pessoal forense?- inquiri-o, indo direta ao assunto.

-Fazes o favor de te acalmar?- pediu-me com a maior pacificidade do mundo, o que me pôs os nervos em alta.

-Não me peças para me acalmar coisíssima nenhuma! Depois do que descobri hoje, e que suponho que tenhas contado à minha mãe, estou fula. Não te admito que me peças nada nem que me chames de filha porque, quem faz o que tu fizeste, não merece compaixão de ninguém! Nem me venhas com desculpas. Tu não mereces nada! Finges a tua morte, vais para a Holanda, casaste lá e ainda tens uma filha que, por acaso, conheço-a desde há uns minutos atrás, quando o Michael apareceu lá em casa com ela. Também informo que vim buscar a minha a minha mãe.- disse tudo o que tinha a dizer e, não me estendi mais porque poderia dizer algo que não devia e enervar o meu pai. Sinceramente, era o que merecia.

Depois de a minha mãe pegar nas suas coisas, saímos rumo à nossa casa.

-Como é que estás, mãe?

-Honestamente, nem sei. Enervada, revoltada, triste, magoada, traída...isto deixou-me tão mal, tão perdida! Se isto se vier a tornar público, como é que hei de encarar as pessoas? Com vergonha?

-Mãe, tu não tens que te envergonhar de nada! Se algum dia isto se vier a tornar público, quem tem que se envergonhar pelo que fez é o meu pai! Ele é que te traiu, ele é que errou. Tu só tens que erguer a cabeça e mostrares-te mais forte que nunca! E sim, mãe, eu sei que foste a traída! No entanto, foste traída por que pensavas que o pai estava morto, assim como todos os outros, e nunca te passou pela cabeça que isto algum dia viria a acontecer.- e a conversa ficou por aqui, pois ela sabia que eu tinha razão e que não tinha como contra-argumentar.

Dois dias depois

Contratámos seguranças e colocámos mais câmaras de vigilância, pelo sim pelo não. Preferimos jogar pelo seguro.

-Preciso de falar contigo.- Keaton entrou, de rompante, no meu quarto enquanto eu tratava de Andy.

-Mas onde é que está a educação?- disse na brincadeira, mesmo antes de encarar a sua cara de preocupação e pavor. O meu semblante mudou logo.- O que é que foi?

-A nossa família deve estar com algum tipo de bruxedo ou coisa parecida. Fui destacado para ir combater. Tenho que me apresentar dentro de duas semanas e meia.

-Tens a certeza?- perguntei com o ar a fugir-me dos pulmões. Mas por que razão é que esta família não pode ter um ano sem qualquer tipo de preocupações, stresses e tudo o mais? 

-Para ser honesto, não sei. Tenho medo do que possa vir a acontecer caso eu vá. Não te esqueças do que aconteceu e do que tem vindo a acontecer. 

-Mais alguém foi destacado?- aí, instalou-se um silêncio que me perturbou bastante. Nem sei o que é que os seus olhos transmitiam.- Não, não!- comecei a chorar.- O Luke não, diz-me que ele não foi um dos destacados! Mas ele tem licença, o meu tio deu-lhe licença quando ele se alistou na tropa de Washington! Por que é que ele foi um dos escolhidos?

-O  tio pediu uns dias de baixa para ficar com a mãe e foram substituí-lo.- tentou justificar a situação.

-Caramba Keaton! O tio tem a obrigação de, quando meter baixa e alguém o substituir, pôr ao corrente de tudo o que se tem vindo a passar até ao momento. E sabe muito bem disso.

-Não ponhas as culpas nele, isto anda tudo de candeias às avessas e ninguém se orienta. Vão ou não vão? Eis a questão!

-Eu vou e o Luke ainda não sei.- metade do meu mundo caiu-me aos pés. 

-Eu também vou.- Luke afirmou, entrando no quarto. A raiva tomou conta de mim e dei um estalo a cada um com toda a força que tinha.

-Vocês são dois idiotas chapados, dois doidos que não medem as consequências de certos atos que tomam. Vão deixar-nos sozinhos? Eu com um filho para criar que, se calhar, não deve de precisar de um pai, não é Luke? Se algum de vocês morrer, o que é que eu lhe vou dizer quando fôr maior e perguntar por vocês?

-Nós vamos chegar vivos, Eve!- assegurou-me Luke, mas sem grande convicção.

-E como é que podes estar tão certo?- piquei. Nunca se pode estar certo em relação a chegar vivo de uma situação destas.

-Nós falámos com o Ashton e ele concordou em ficar contigo e ajudar com o que fôr preciso, porque o Michael e o Calum também vêm.- Keaton avisou-me.

-Mas o Ashton não é nenhum de vocês nem a ajuda dele vai fazer com que vocês cheguem vivos ou não a casa. Espero que entendam isso. Não é ele que vai fazer um milagre. 

N/A: Definitivamente, esta família não tem qualquer tipo de descanso. Quando acontece uma desgraça, vêm logo duas ou três. E esta, de facto, não é nada boa! O que acham que poderá acontecer depois de eles irem para o combate? Palpites? Opiniões? Keep reading!!! :D

War Fighters- Temporada 2Onde histórias criam vida. Descubra agora