Capítulo 3

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Shirley entrou pelo Submundo e conheceu Ryan, um garoto vampiro. Quando um outro vampiro os atacou querendo sugar o sangue da menina mortal, a bruxa Keyla apareceu e salvou o dia. Agora, eles caíram fora daquele lugar. Tá na hora de algumas explicações serem feitas...

Boa leitura!

...

CAPÍTULO 3: UM LADO OCULTO DESTE MUNDO

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

Keyla levou Shirley e Ryan para uma lanchonete, de volta à cidade de Beakley. Aquele lugar comum, com suas luzes neon, poltronas vermelhas e atendentes usando bonés padronizados era um grande contraste com os ambientes do Submundo, que eram tão soturnos e misteriosos. O cheiro de batata frita e gordura deixou Shirley meio tonta, mas talvez fosse mais aqueles eventos malucos do dia. O relógio marcava quase 23:00, o que era bastante mais tarde do que o horário normal dela voltar para casa. Não sabia o que diria a seus pais quando chegasse, não sabia nem o que dizer a si mesma.

― Legal esse lugar aqui, não acham? ― disse Keyla, tomando o seu milk shake de morango. A garota não devia ser muito mais velha do que Shirley, que tinha 16 anos, mas agia como se fosse bem mais nova. Era bonita, loira dos olhos azuis e detentora de um simpático sorriso brincalhão. Usava roupas estranhas, cinzentas, lembrando uma fantasia de guarda medieval, todas de couro e com uma capa longa até os pés. Tinha os botões do casaco abertos, revelando uma camisa preta de uma banda que Shirley nunca tinha ouvido falar. Poderia se passar facilmente por uma garota de universidade que gostava de frequentar convenções de cosplay. Ninguém nunca diria que ela era uma bruxa do Submundo. ― Vocês não precisam ficar com essas caras de culpado. Andem, deem um sorriso.

Shirley e Ryan se entreolharam, sem entender.

A bruxa sorriu.

― Olha, eu vou explicar o que tá acontecendo. Eu fui contratada pela Sra. Roccula, a mãe do Ryan, para vigiá-lo. Ele anda saindo escondido esses dias, desaparecendo para sabe-se lá onde. Quer dizer, sabia-se lá onde, já que agora eu descobri. Sabia que ele ia para aquela região do Submundo, que nós chamamos de Brocas, onde tem todo o tipo mais barra-pesada de criatura, mas não sabia o que ele ia fazer lá. Quando eu vi vocês junto daquele traste do Poulter soube na hora o que tava acontecendo.

O menino, que estava sentado do lado de Shirley, engoliu em seco. Ele parecia cada vez mais branco.

― N-não é o que você tá pensando, Keyla ― ele disse, soando nem um pouco certo de si. ― Eu juro que tem uma explicação.

Keyla achou graça.

― Sei, magrelo. Não precisa esconder. Eu já entendi tudo: você se apaixonou por uma mortal! Oh que grande novidade! Não é a primeira vez que acontece na história. Eu acho.

Shirley arregalou os olhos, sem crer.

Era só o que me faltava.

― A gente não... ― começou a dizer, mas Ryan a interrompeu:

― Como você descobriu?

A garota não acreditava no que estava ouvindo. O que é que ele estava dizendo?

― Mas a gente... ― ia corrigi-lo, porém olhou de novo nos olhos dele. Eles suplicavam para ela, como se o rapaz tivesse feito uma coisa muito errada. Esse menino tá escondendo alguma coisa. ― A gente nem se conhece a tanto tempo. Na verdade, faz o que? Um mês?

Decidiu que continuaria a mentira dele, como agradecimento por tê-la salvado. Mas só por causa disso.

O garoto forçou uma risada, assentindo.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora