Capítulo 4

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Ryan e Keyla contaram sobre a história do Submundo para Shirley, que pôde começar a entender tudo que está acontecendo. Por causa de uma mentira que o garoto vampiro inventou, a bruxa decidiu permitir que a menina mantivesse as memórias do dia, mesmo sendo mortal. De volta à sua dimensão, Shirley agora vai tentar voltar ao seu dia-a-dia normal... mas será que ela vai conseguir?

Boa leitura!

...

CAPÍTULO 4: AS VOZES NÃO SE CALAM NA NOITE

(escrito por ALÍDIA PACHECO)

Shirley chegou nervosa em casa, vendo que já tinha passado da 00:00. O máximo que ela costumava ficar fora era até as 19:00, antes de escurecer, então podia imaginar o que os seus pais iam falar dela chegando assim tão tarde. Ainda não tinha arrumado uma desculpa para contar a eles, atendendo ao pedido de Ryan e Keyla sobre não revelar nada sobre o Submundo para ninguém. Isso ia ser difícil e doloroso, considerando o que aconteceu com Chase na Berkin Street. Estava preocupada com o que os tais dos agentes da Instituição iriam inventar para encobrir a história de como o garoto tinha morrido de verdade. Só de lembrar dele deitado naquela calçada e com o corpo todo congelado já fazia as estruturas de Shirley se abalarem. Ela não sabia como se sentiria quando tivesse que mentir para as pessoas e falar que ele a tinha levado normalmente até em casa, como Keyla recomendou.

A garota entrou em casa com esses pensamentos na cabeça, encontrando-a no escuro. Ligou a luz da sala de estar e subiu as escadas até o quarto, deixando a mochila em cima da cama. O lugar estava um silêncio, o que era estranho, deixando Shirley preocupada. A menina manteve as roupas que estava vestindo e foi andando devagar pelo corredor, tendo um pressentimento ruim. Caminhou em silêncio, pé ante pé, e chegou até o quarto dos pais, que era do outro lado do seu. Abriu a porta com cuidado e se colocou para dentro. Acabou que encontrou os dois deitados na cama, sua mãe Thalia lendo um livro e seu pai Peter mexendo no celular.

― Shirley, querida, aconteceu alguma coisa? ― perguntou Thalia, subindo as sobrancelhas. Não parecia nem um pouco surpresa ou preocupada.

― Você quer alguma coisa, minha princesa? ― disse Peter, como se tivesse acabado de jantar ao lado da garota.

Shirley fez uma expressão confusa.

― Eu... Eu acabei de chegar. ― ela olhou no celular. ― São 00:23, estou super atrasada. Vocês não vão gritar comigo?

Os adultos se entreolharam, achando estranho.

― Você quer que nós briguemos com você, querida? ― perguntou a mulher.

― Não tínhamos percebido que você não tinha chegado ainda, minha princesa ― falou Peter. ― Não lembrava que você tinha um toque de recolher. Você lembrava, Thalia?

― Não, não lembrava não. ― A mulher fez um sorriso dócil. ― Você pode chegar a hora que quiser, Shirley. Não iremos importuná-la com essas coisas.

― Nós somos seus amigos também, princesa, lembre-se disso.

A garota assentiu com a cabeça, absorvendo aquilo.

― Certo. Então, eu... Eu vou deitar agora. Estou cansada.

― Tenha bons sonhos, querida! ― desejou Thalia.

― Boa noite, princesa!

Certo, isso foi estranho. Shirley nunca tinha realmente ouvido dos pais que era para ela chegar até as 19:00, ela só esperava que tinha de fazer isso, como se fosse uma coisa óbvia. Esse tipo de coisa acontecia com certa regularidade. Era estranho como a garota e os pais raramente conversavam sobre coisas frívolas, parando para pensar. Nunca tiveram esse costume...

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora