Capítulo 5

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, tivemos uma grande revelação: Shirley é uma vampira... talvez?? Quando um assassino do Submundo apareceu para tentar matá-la (igual ao Espectro Fantasma da Berkin Street), algo despertou na garota e ela se transformou numa criatura sanguinária, usando sua força para estraçalhar seu inimigo. Agora, vendo o que suas garras e dentes cometeram, Shirley está sozinha e assustada. O que será que vai acontecer?

Boa leitura!!

...

CAPÍTULO 5: HÁ UMA CRIATURA HORRENDA NO INTERIOR

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

Demorou mais ou menos 1 hora até que Ryan chegasse e encontrasse Shirley. Estava já de noite, os postes de luz iluminando a rua em explosões de alaranjado, e estava um pouco frio. A menina, que ainda não acreditava no que tinha feito, se agachava numa quina de rua, afastada da carnificina. Não havia aguentado ficar naquele antro, o cheiro a deixava cada vez mais enjoada, então correu para longe o quanto podia, até que suas pernas se deram por fracas. Estava assustada e muito perturbada, incapaz de entender o que havia acontecido. A única coisa que o seu organismo parecia capaz de fazer agora era produzir uma torrente infindável de lágrimas, tomando-a de desespero.

O garoto vampiro aproximou-se.

― Ei, o que aconteceu? ― perguntou, soando preocupado. ― Você... ― olhou as roupas dela, repletas de sangue, e subiu as sobrancelhas. ― Você está bem?

A garota ainda olhava para as próprias mãos, também ensanguentadas.

― Ele, ele... me atacou. Eu não sabia. Não sabia que era capaz... Que eu era capaz...

Ele fez uma expressão de estranhamento.

― Capaz? Capaz do que? ― o menino se abaixou à altura dela, colocando uma mão no ombro da jovem. ― Você precisa me dizer o que houve, Shirley.

Lágrimas desciam pelas bochechas dela, copiosas. Cada gota parecia um oceano, afogando-a na própria tristeza. Shirley não se reconhecia.

― Aquela coisa tinha vindo atrás de mim naquele dia... E agora outro veio p-pra... terminar o serviço ― contou ela, entre os soluços. Não conseguia olhar para os olhos de Ryan, então desviava os próprios pela escuridão.

Eu fiz pior. Eu fiz aquilo. Eu sou o monstro.

O garoto continuou com uma expressão confusa.

― O Espectro? O que ele iria querer com uma mortal? Isso não faz o menor sentido...

Shirley abraçou o próprio tronco, sentindo cada vez mais frio.

― E-eu... eu não sou o que você acha, Ryan... Eu...

Ela se interrompeu, incapaz de repetir aquilo que tinha dito, aquela sua conclusão.

O olhar de Ryan se estreitou.

― De quem é esse sangue todo, Shirley? Como foi que você ficou nesse estado?

Então a garota virou os olhos na direção do vampiro pela primeira vez, capturando-os. Diferente do que ela estava esperando, eles não pareciam julgadores ou reprovadores, bem pelo contrário. Se havia alguma fonte de calor naquela rua suja e gelada, todo ele vinha do olhar afagador de Ryan, que cada vez parecia mais compadecido com Shirley. O rapaz não estava com medo dela, nem com pena: apenas verdadeiramente preocupado.

― Ele me atacou, Ryan. Então eu ataquei de volta.

Por um instante, ele não pareceu entender do que ela estava falando, mas então suas sobrancelhas subiram e seus olhos se arregalaram. Ela então explicou sobre tudo que aconteceu, descrevendo o incidente em todas as minúcias. Deixou de fora apenas o momento em que a criatura ofídica chamou-a de Ghuven.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora