Capítulo 13

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NOS CAPÍTULOS ANTERIORES, Shirley, ao ser atacada por um espectro fantasma, teve a imensa sorte de ser salva por Ryan, que coincidentemente estava também no Mundo Mortal, apesar de ser um garoto do Submundo. Agora, ela está vivendo na mesma casa que o vampiro cuja vida havia sido ameaçada 15 anos atrás pela suposta família da garota, os Ghuven, que assassinaram outras 9 crianças Retta num ritual macabro. Após uma audiência na Instituição, Ryan é condenado por ultrapassar a barreira entre as dimensões sem permissão e, em 1 mês, terá de se mudar para Torre Atlas, um colégio interno para adolescentes rebeldes. Será que usar a passagem para o Mundo Mortal foi o único ato de rebeldia do garoto? Ou será que ele está escondendo coisas que nem mesmo Shirley faz ideia? 

Boa leitura!

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CAPÍTULO 13: ASAS FECHADAS PARA O MUNDO

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

uma série de motivos para ele, um garoto pequeno e certinho, pensar que Torre Atlas era o último lugar onde gostaria de estar. Qualquer um que nascesse no Submundo sabia que aquele era um colégio para todo tipo mais barra pesada de criatura, o que somente contribuía para as lendas urbanas que se contavam sobre o instituto. Havia quem dissesse que os alunos mal-comportados eram amarrados pelos pulsos, pendurados no alto da torre de ferro do prédio, submetidos ao frio cortante. Outra lenda falava que havia integrantes de facções de contrabando de sangue infiltradas no colégio, de onde colhiam os seus asseclas. Um lugar perfeito pra um fracote igual a você, Ryan, dizia o menino para si mesmo, já começando a ter os primeiros vislumbres de terror. Isso que dá bancar uma de herói.

Ele sabia que a culpa era de Shirley. Quer dizer, não exatamente dela, mas da influência que ela tinha sobre ele, que era algo que o garoto só estava começando a perceber. Desde o momento em que a conhecera, Ryan não conseguia conter pensamentos estúpidos sobre como aquela era a menina mais bonita que ele já tinha visto, algo que vinha se tornando recorrente. Não era algo que um adolescente pudesse controlar, talvez. Naquelas semanas entre o episódio do Espectro Fantasma e o da criatura ofídica, o rapaz teve mais de um sonho constrangedor sobre a garota doce e arrasadora que havia conhecido.

Ela disse que somos amigos!, relembrou afetivo. Disse que confia em mim! Disse que eu sou um fofo!

O que tudo isso quer dizer?

Para Ryan, significava o que queria dizer. Eles eram amigos então, bons amigos, que era algo ao que o menino não estava acostumado. Sua única outra amiga era Keyla, mas com ela as coisas sempre foram diferentes, já que a loira estava mais para uma figura inspiradora em sua cabeça. Enquanto a bruxa podia muito bem ser uma irmã mais velha, Shirley era algo à própria maneira que o rapaz ainda não conhecia, o que fazia o estômago dele borbulhar. Por algum motivo, o corpo dele tinha reações estranhas toda vez que se aproximava da menina, ficando suado e cheio de tiques. Era definitivamente uma coisa irritante.

Por que eu não consigo ficar com as mãos secas?

Talvez fosse a culpa, o vampiro ponderava. Desde que Shirley tinha vindo ficar na Mansão Roccula, isso era tudo que ele sentia.

Eu sei quem é você, Shirley Ghuven, pensava ele. Mas infelizmente não posso te dizer.

Aí estava a razão de tanta culpa e sentimentos ruins, é claro: o rapaz era um mentiroso! O motivo real do descontentamento de Daniel com o filho nunca havia sido o fato deste ser um Retta, muito pelo contrário. A história era muito mais longa e profunda do que isso.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora