Capítulo 24

151 20 123
                                    

NOS CAPÍTULOS ANTERIORES, verdades começam a surgir a todo lugar: Ryan revela na verdade ter sabido sobre a identidade de Shirley desde o começo; os jovens descobrem que Harold Pittorch, chefe do Departamento de Justiça, está atrás dos poderes de Shirley; Todd descobre que o pai está envolvido com a Ordem Sangrenta. O que mais será que se esconde nas sombras e está prestes a ser revelado também?

Boa leitura!

...

CAPÍTULO 24: A QUEDA DA ORDEM SANGRENTA

(escrito por ALÍDIA PACHECO)


Havia uma série de motivos para Shirley querer confiar em Todd, mas o principal deles era o deboche: se algo iria irritar Ryan, então era algo que a garota faria, só para ver aquela carinha avermelhada de indignação. Assim que ela, Keyla e Dewie voltaram daquele encontro chuvoso em Kryturr Square, todos pareciam ainda um pouco relutantes em aceitar a ajuda do garoto Dernot, mas no final das contas eles sabiam que era a única opção disponível. Quando Ry soube da história toda, foi o primeiro a apontar como aquele Todd podia ser uma pessoa pouco confiável, lembrando como o vampiro havia se aproximado de Any somente para ficar de olho na família Roccula. Shirley, por outro lado, estava começando a se convencer que isso não era mais tão relevante.

― Se a informação dele for correta, então não importa o que ele fez no passado ou deixou de fazer ― argumentou, largando-se no sofá verde oliva no centro da sala de estar. Eles haviam alugado dois quartos num hotel simples na região de Crossheart, percebendo que o apartamento dos amigos de Dewie não era exatamente o lugar mais sossegado para eles discutirem sobre coisas importantes. Enquanto Shirley e Keyla dividiam o quarto 22, que era este onde os jovens estavam agora, Ryan e o transmorfo ficaram com o quarto 18. ― Pode ser que a gente não tenha uma oportunidade como esta de novo.

Os demais ficaram pensativos por alguns instantes, se acomodando no lugar. As paredes brancas, um pouco sujas de mofo e empoeiradas, aumentavam essa sensação de inquietude, como se de repente eles se vissem dentro de uma instalação perigosa e insalubre onde tudo poderia acontecer. Com certeza, o cheiro de roupa de cama velha e poeira também não ajudava, nem a iluminação a velas, que só fazia o ambiente parecer mais sinistro e soturno. Parece que eu tô numa mansão mal assombrada.

― Ele pode estar mentindo ― Ryan apontou, cético, fazendo os demais encará-lo. O garoto vinha estando bastante quieto e compenetrado nos últimos dias, mais do que o normal, evitando conversar com os amigos ou até mesmo a olhá-los nos olhos. Shirley sabia que isso só devia ser uma tentativa dele de tentar fazê-los sentir culpa e perdoá-lo por todas as mentiras. Se o idiota pensa que eu vou cair nessa de novo, vai se decepcionar. ― Pode muito bem ser uma armadilha. Temos que pensar nisso direito ou corremos o risco de fazer algo de que vamos nos arrepender depois... Não podemos nos dar ao luxo de agir de cabeça quente.

A vampira revirou os olhos, balançando a cabeça. Curvou-se para frente, em direção da mesa de centro, e abriu a garrafa de vidro que estava ali, enchendo um copo com sangue suculento de boi. Lambendo os beiços, ela ergueu o copo e bebeu um gole.

Essa coisa é estranhamente deliciosa.

― Não seria o primeiro mentiroso em que confiamos ― debochou a garota, assim que tinha engolido o líquido vermelho, subindo uma sobrancelha desafiadoramente. ― Se isso for agir de cabeça quente, eu diria que já temos experiência o suficiente na coisa toda.

O rapaz mordeu um lábio e desviou o olhar, colando as costas à parede, como se estivesse tentando escapar daquele ambiente pequeno e claustrofóbico. Agora que Ryan era um mortal, havia ficado muito mais difícil para ele tentar esconder seus sentimentos através das expressões, então quase sempre dava para ver o rosto dele ficando avermelhado de constrangimento, algo que não aconteceria a um vampiro. Seria adorável, caso Shirley não estivesse com tanta raiva do garoto.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora