Capítulo 17

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NOS CAPÍTULOS ANTERIORES, Shirley e os outros viajaram para a floresta de Crow Woods querendo pedir ajuda a uma bruxa conhecida como Madame Korloch. Ao despertar de um Feitiço do Sono feito pela mulher, Ryan descobre que a vampira pode estar em apuros, levada pela bruxa para algum lugar desconhecido. Querendo ir atrás delas, o garoto deixa Keyla e Dewie no chalé e entra na floresta. No meio do caminho, ele acaba topando com ninguém menos que Todd Dernot, seu inimigo. O que será que Todd está fazendo em Crow Woods? O que vai acontecer agora que os dois vampiros se depararam um com o outro de novo?

Boa leitura!

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CAPÍTULO 17: ABREM-SE OS OLHOS DA ESCURIDÃO

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

Todd já estava exausto muito antes de ver a bruxa. Sua missão, desde o dia de julgamento de Daniel Roccula, havia sido bastante clara e concisa: precisava trazer Shirley Ghuven até o seu pai o quanto antes, mas a pressão de fazer isso vinha causando algumas hesitações na cabeça do garoto que ele não previu. A última vez que falara com Thomas havia sido também naquele fórum, então toda a informação que tinha sobre o plano novo era o curso de ação que deveria tomar, o que com o tempo foi parecendo cada vez menos explicativa. Quer dizer, certo, Shirley era de alguma maneira descendente dos Ghuven, mas o que o pai dele ou os seus "contatos misteriosos" iriam querer com ela? Como o Sr. Dernot aspirava ter um bom posto na Instituição, Todd imaginava se não era alguma coisa em favor da contenção daquela Ordem Sangrenta de Vampiros, já que os Ghuven haviam sido, no passado, justamente uma família conhecida por integrar essa organização criminosa. Entretanto, o rapaz não entendia como nada disso se entrelaçava ou como se resolveria, o que com certeza era o primeiro alerta vermelho. O segundo, é claro, tinha sido a bruxa.

Todd passou o dia seguindo aquela maldita kombi. Após o recebimento da missão, ele vinha mantendo um olho aberto em Shirley, a fim de pegá-la no momento mais propício, e agora que ela finalmente estava deixando a mansão Roccula, era exatamente a oportunidade que ele estava esperando. Entretanto, o garoto nunca poderia prever que aqueles idiotas planejavam deixar a cidade num veículo mortal e penetrar aquela floresta densa e misteriosa, o que só serviu para complicar o dia dele. Usou todas as suas economias para pagar uma Carruagem do Céu que seguisse escondida a kombi verde, subindo sucinta entre as nuvens negras. Todd só pôde descer da carruagem e pagar os cavalos alados quando viu que o veículo mortal tinha estacionado no final da estrada e os adolescentes continuaram o caminho a pé. Daí para frente, o rapaz apenas os seguiu escondendo-se entre as árvores, o que exigiu um grande nível de paciência.

Após horas esperando que alguém saísse daquele maldito chalé, Todd estava com as esperanças diluídas. Se o seu pai estivesse ali para assisti-lo, daria uma gargalhada maldosa e diria como estava decepcionado, isso se ainda o considerasse um filho. O vampiro estava mais nervoso e agitado do que gostaria, temendo falhar nesta nova missão. Se eu falhar, tudo estará acabado. Por isso, sua consciência gritava para que ele esperasse apenas pelo momento certo de atacar, o que estava custando além da paciência, o sono e a vontade de continuar de pé. Em nenhum momento, Shirley apareceu sozinha ou desprotegida, o que era um cenário óbvio, mas não por isso menos irritante. Caramba, se aqueles tontos já haviam cometido a estupidez de deixar o lar dos Roccula, por que não simplesmente abriam a oportunidade que ele estava esperando para sequestrar a garota e ir embora feliz? Será que era tão difícil? Os olhos de Todd, tendo que enxergar naquela floresta escura a noite toda, estavam quase pedindo arrego, tanto que ele estava ficando cansado.

Eu podia estar em casa relaxando e vendo televisão...

Então, uma coisa aconteceu.

O garoto tinha se entregado para dar-se um descanso, deitando camuflado atrás de uma moita e repousando o corpo, mas acabou despertando do cochilo quando ouviu a movimentação. A porta do chalé se abriu num rompante e dela saiu uma figura grande e corcunda, andando com alguma dificuldade. Todd precisou piscar os olhos algumas vezes para enxergar melhor: Shirley estava, ao que parecia, desmaiada, sendo levada nas costas de uma senhora magra e alta num vestido esvoaçante. O garoto passou os dedos pelo cabelo crespo, confuso, tentando interpretar o que era aquela visão. Foi aí que o seu cérebro fez as conexões: aquele chalé só poderia pertencer àquela bruxa reclusa de Crow Woods, famosa por ter uma biblioteca preenchida com feitiços raros. Madame Katelyn Alguma Coisa era o nome dela, que ele não conseguia lembrar completamente.

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