Capítulo 11

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Shirley entendeu que realmente é uma vampira. Após uma turbulenta consulta com Daniel Roccula, o pai de Ryan, foi descoberto que a garota em algum ponto de sua vida recebeu uma maldição que a faz retroceder ao estado de mortal, sendo um mistério quem fez isso ou por quê. Percebendo como a Ordem Sangrenta poderia usar essa maldição a seu proveito, Pittorch e Daniel decidem que Shirley precisa permanecer no Submundo. Agora, ela irá morar com os Roccula na mansão e viverá como vivem os vampiros. Será que a garota vai conseguir se adaptar às mudanças?


Boa leitura!

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CAPÍTULO 11: RENOVAM-SE OS ESPÍRITOS E OS ANSEIOS

(escrito por ALÍDIA PACHECO)

Daquele dia em diante, a vida de Shirley deu um duplo twist carpado e nada mais foi como antes. Primeiro que ela não era mais permitida fora do Submundo, temendo que os assassinos supostamente mandados pela Ordem Sangrenta pudessem achá-la com mais facilidade. Preocupada com a segurança dos pais, a menina foi rápida em querer saber quem manteria o perigo longe deles e Pittorch logo explicou que haveria uma equipe de contenção colocada próxima à casa dos Miller, vigiando-a à espera de qualquer ataque desavisado.

Mas era importante que a garota permanecesse no Submundo porque, nele, a Instituição tinha mais meios de impedir que chegassem até ela, o que não seria tão possível no Mundo Mortal. É claro, toda uma história foi criada para encobrir o sumiço da menina, que poderia logo ficar notório em toda Beakley. A equipe da Instituição inventou que Shirley havia sido convidada para estudar como bolsista integral num internato na Florida e até enviou correspondentes falsos para conversar com Peter e Thalia, explicando todos os detalhes. A garota precisou participar de uma video-call fingindo estar em Orlando, tinha até recebido um chapéu com orelhas de Mickey para fazer a coisa toda soar mais convincente. Os pais dela, sendo como eram, precisaram de bem pouco para se convencerem de que estava tudo certo, pedindo, é claro, que ela os chamasse para conversar regularmente. Com isso fora do caminho, a nova vida de Shirley podia enfim começar.

Agora eu sou uma vampira.

Não, em momento algum a menina esqueceu daquele pequeno papo com Pittorch. O passado terrível dos Ghuven e o Massacre das Brocas assombravam os sonhos de Shirley, fazendo com que ela rolasse e rolasse na cama, sem conseguir pregar os olhos. Era parecido com o que havia acontecido com a morte de Chase, só que ainda pior: não apenas a menina tinha de mentir para todo mundo, como também para si mesma, tentando se convencer que não havia mesmo maneira dessa família amaldiçoada realmente ser a sua. Dormia sobre o mesmo teto do garoto cuja vida havia sido ameaçada pelos Ghuven naquele dia traiçoeiro 15 anos atrás. Intensa culpa e paranoia acompanhavam a jovem toda vez que, ao acordar, ela se deparava com o rostinho tímido e simpático de Ryan desejando-a bom dia com um sorriso de caninos protuberantes. Mal sabiam os Roccula, mas o monstro dormia na mesma casa onde eles estavam, pois eles mesmos quem o tinham convidado.

Após as coisas terem se estabelecido e se "normalizado", o dia-a-dia comum bateu naquela mansão da Magimenium Village e as noites passavam com mais tranquilidade. Ryan, coitado, tinha recebido um brabo castigo dos pais por conta das passagens para o Mundo Mortal e todas as mentiras, o que era algo que, querendo ou não, ele merecia. As tarefas do rapaz consistiam basicamente em: limpar o sangue da louça que era suja durante as refeições, espanar os pedaços de pele que se desgrudavam e iam parar nos móveis, recolher todo o cabelo nos ralos dos banheiros antes que criassem vida, repor o gel espanta-moscas das janelas e limpar as moscas mortas, retirar as teias de aranha que insistiam em crescer nas cabeceiras de cama, verificar diariamente se todas as caixas e frascos de sangue estavam dentro da validade, além das tarefas básicas como encerar o chão, lavar os banheiros, tirar o pó da mobília, etc.. Na metade do quinto dia de castigo, já dava para perceber que o menino ficava esgotado, a expressão do rosto abatida e as roupas coladas no corpo por causa do suor.

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