Capítulo 19

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NOS CAPÍTULOS ANTERIORES: após chegarem à floresta Crow Woods e caírem no feitiço da Madame Korloch, os adolescentes se encontram no meio de um grande problema: Shirley foi levada pela bruxa até o Lago dos Diamantes e, quando Ryan e Todd a seguem, descobrem que Harold Pittorch, chefe do Departamento de Justiça, era quem estava por trás de tudo. Que motivos será que o velho vampiro tem para sequestrar Shirley? Será que os garotos conseguirão salvá-la? Será que Ryan deverá continuar confiando em Todd?

Boa leitura!

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CAPÍTULO 19: NA BEIRA DO LAGO DOS DIAMANTES

(escrito por ALÍDIA PACHECO e BERNARDO CORRÊA)

Shirley soube que estava em perigo antes mesmo de abrir os olhos. Seu corpo deitava não mais sobre o colchão macio da cama no chalé de Madame Korloch, porém numa superfície cascalhenta e dolorosa, meio úmida em alguns pontos. Estava bastante frio, o ar gelado oprimindo os braços e pernas da garota, mesmo cobertos pelas roupas. Ela movimentou devagar os dedos e sentiu-os pegar o que parecia ser uma pedra, o que a fez subir uma sobrancelha. Então, ainda mais lentamente, ela abriu os olhos e um brilho lilás intenso se incendiou diante das suas pupilas.

Onde eu estou?

O lugar parecia uma praia. Um grande bolsão de água se estendia para os dois lados de onde Shirley estava, desaparecendo como se nunca tivesse fim. Dele, aquela luz forte e hipnotizante saía, em tom de violeta, como poucas coisas que a garota tinha visto. Ela não precisou pensar muito para entender que havia magia envolvida. Ao invés de areia, o chão tinha pedrinhas e cascalho, dando a entender que não se tratava exatamente de uma praia oceânica, mas talvez da beira de um lago de água doce. Estava de noite, como sempre estava no Submundo, e as estrelas tinham um brilho diminuto, como se estivessem com preguiça de cintilar na sua potência máxima. Da mesma maneira, Shirley podia sentir a sua energia esvaída, como se tivesse tomado uma coronhada na nuca e desmaiado. Não lembrava de ter se sentido tão fraca antes.

Piscou os olhos, vindo à consciência. Rapidamente descobriu que não estava sozinha. Duas figuras conversavam algo com certa animosidade, a poucos metros de distância. Não foi também difícil reconhecê-las: primeiro, Madame Korloch, naqueles seus trajes costumeiros, quase sendo soprada pela brisa que batia, o tecido esvoaçante. Ao seu lado, gesticulando de maneira fervorosa, um Harold Pittorch de expressões duras e olhar impaciente estava de pé, usando também o tipo de roupa que a garota normalmente associava a ele. O que parecia ser um guarda-chuva fechado servia de apoio para uma de suas mãos, como uma bengala. Um de seus pés batucava impacientemente no chão. Nenhum deles pareceu perceber que Shirley tinha acordado.

― A garota veio, Harry, exatamente como você previu ― disse a velha bruxa, dando de ombros. ― O que posso fazer se adolescentes são idiotas?

Eles se conhecem, percebeu a menina, surpresa. Sabiam que viríamos até aqui.

O vampiro deu um risinho, balançando a cabeça.

― Você teve sorte, Katelyn. Mas eu devo dizer que é um bom presságio ― ele suspirou. ― Uma parte de mim não parava de me importunar sobre os outros buscadores: "Harold, seu descuidado, como pôde ter enviado assassinos atrás de uma menina de 16 anos?". O Espectro e o Ofídico terem falhado foi provavelmente uma forma dos demônios me punirem por essa escolha infeliz.

Ele enviou os assassinos o tempo todo? Havia sido Pittorch?

Korloch pôs as mãos debaixo do queixo, contemplativa.

― Você continua o mesmo servente demoníaco de sempre. Algumas coisas não mudam... ― ela deu uma risada. ― Imagina se eu fosse esperar alguma coisa dos demônios!

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora