Capítulo 7

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Shirley e Ryan tiveram a sua primeira discussão quando a garota se recusou a ser levada até os Patrulheiros. Felizmente, a mãe do vampiro, May, apareceu no último minuto e as coisas ficaram mais tranquilas. Os jovens fizeram as pazes e descobriram uma amizade muito forte começando um com o outro. Agora, Ryan finalmente vai conseguir levar Shirley aos Patrulheiros... Ou será mesmo?

Boa leitura!

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CAPÍTULO 7: SANGUE E CARNE NO SUBMUNDO

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

Uma carruagem estava esperando do lado de fora da Mansão Roccula quando Shirley se levantou, como se fosse a própria Morte desembarcando. Seria a carona da garota até a tal Mystic Creak, sede dos Patrulheiros da Instituição. Se alguém abrisse um dicionário e encontrasse a foto da jovem abaixo da palavra "ansiosa", não haveria surpresa: desde que abrira os olhos, ela vinha sentindo o estômago se revirar com apreensão, nervosa com que reviravoltas o dia a estaria aguardando. Afinal, não havia nada demais acontecendo: apenas assassinos sendo enviados um após o outro para tentar matá-la por algum motivo obscuro. Só mais uma segunda-feira.

A menina não podia dizer estar tão ansiosa quanto ontem, por outro lado. O apoio que os Roccula estavam dando, principalmente o de Ryan, estava ajudando muito para que ela não surtasse de vez. Precisava ficar agradecida com o quanto eles estavam sendo simpáticos e prestativos, características que estavam em falta no Mundo Mortal de onde ela vinha. Por isso que Shirley não evitou um pequeno sorriso quando despertou, esfregando os olhos. Olhando para baixo, o viu: dormindo com os membros esparramados e sem nenhum cobertor por cima, Ryan estava longe de lembrar os vampiros dos filmes de Hollywood.

Bom dia, meu amigo vampiro. Espero que tenha dormido bem.

Mesmo que fosse antes do 12:00, para a garota ainda ficava a impressão de que a madrugada não tivesse passado, considerando como céu continuava negro e riscado de estrelas. Os Roccula, por outro lado, mal pareciam notar essa contradição, se adiantando para o que só poderia ser o café da manhã mais esquisito da história. Certo, eu tinha que ter previsto isso. Esperando encontrar pães, ovos e bacon à mesa, a única coisa que Shirley viu em cima da mesa quando todos se dirigiram à cozinha eram umas caixas vermelhas de papelão e umas taças de ferro, coisas que contrastavam bizarramente com todo o luxo daquela mansão. Ainda assim, Ryan e May pareciam famintos.

― Sangue matinal ― explicou o garoto ao notar como ela olhava para as caixas de papelão. Mas é claro. ― É desconcentrado, misturado a água e alguns outros nutrientes, pra ajudar na digestão de manhã. A nutrição vampírica nesse sentido é bem similar à nutrição mortal, se você parar pra pensar.

Shirley observou May tirar o líquido vermelho de uma das caixinhas e colocar numa das taças, boquiaberta.

O Submundo nunca deixa de ser bizarro.

― Hum eu adoro o cheirinho de sangue de cabra pela manhã! ― disse a mulher, lambendo os beiços. ― Tem certeza que você não quer um pouco, minha querida?

A garota abriu um sorriso.

― Tenho sim, May! Não estou com tanta fome assim! Ha-ha.

E imediatamente Shirley foi traída por seu estômago, que roncou.

Ryan olhou-a com piedade.

― Eu sinto muito, Shirley... Infelizmente só temos sangue aqui em casa. Vampiros não consomem outra coisa.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora