Capítulo 10

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Shirley finalmente teve uma conversa muito séria com Harold Pittorch, o chefe do Departamento de Justiça da Instituição. Ao olhar as lembranças da garota, o vampiro se horroriza em ouvir a palavra 'Ghuven' e logo explica sobre o Massacre das Brocas. Será que Shirley descende dos mesmos vampiros que, no passado, raptaram e sacrificaram nove crianças Retta - sendo que uma delas quase foi Ryan? Como será que o garoto vai reagir quando descobrir sobre isso? Se é que Shirley terá coragem de contar... 

Boa leitura!

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CAPÍTULO 10: AMALDIÇOADO SEJA O SEU NOME

(escrito por BERNARDO CORRÊA)

Saindo do gabinete, Shirley foi seguida por Pittorch, que deixou seus afazeres para levá-la até Daniel Roccula. Ela continuava temerosa, mas a expressão calma e doce do vampiro a ajudava a tranquilizar, pelo menos um pouco. As novas informações boiavam na mente da garota, pesando mais do que deviam. Mesmo com o Sr. Pittorch dizendo para ela não se preocupar, ela não conseguia exatamente não fazer isso. Como poderia? Se a criatura da Coronary Street estivesse mesmo correta e Shirley fosse, de alguma maneira, descendente dos Ghuven, então queria dizer que o monstro que ela temia viver dentro de si era mesmo real. 9 crianças Retta mortas no passado, sendo Ryan o único que escapou no último momento. Aprender isso era suficiente para fazer a garota ter mais pesadelos do que quando ela experimentou os instintos primários de vampira pela primeira vez. Seu medo era uma coisa muito mais palpável agora.

O que o Ryan dirá se souber?, se perguntava, paranoica. Ele vai ter medo de mim, achar que sou um dos monstros sangrentos que querem a morte de todos os Retta.

E se... ela realmente fosse? Esse era um pensamento assustador. Rapidamente, Shirley tentou se lembrar da história de sua família, imediatamente sentindo o coração dar uma parada. Sua relação com os pais era tão distante que a menina não se lembrava deles terem conversado sobre suas origens sequer uma vez, o que no mínimo era uma bandeira vermelha. Não conhecia seus avós, não sabia se tinha tios, primos, nada disso, simplesmente porque seus pais não tocavam nesse tipo de assunto.

Eu posso muito bem ser Ghuven, isso explicaria tudo. A minha família quase tirou a vida de Ryan quando ele ainda era um recém-nascido.

O que a garota faria quando encontrasse com o amigo outra vez? Como poderia lhe contar essa possível verdade?

Ryan não estava na sala de espera, como disse que faria quando Shirley entrou no gabinete, o que a deixou tranquilizada. Estava um grande silêncio ali, o recinto completamente vazio. Será que havia acontecido alguma coisa naquele meio tempo?

― Shirley, querida ― chamou Pittorch, fazendo-a olhá-lo com uma sobrancelha levantada. ― Antes de chegarmos até Daniel, eu preciso lhe pedir um pequeno favor, tudo bem? Acho que você achará compreensível.

Ela fez uma expressão de curiosidade.

― Preciso que você não fale nada sobre essa história de Ghuven por enquanto ― disse o vampiro, falando baixo. ― No clima atual que estamos vivendo, se as pessoas souberem que estamos conversando sobre Ghuvens, mesmo que por conta de um comentário bobo de um assassino, as coisas podem ficar mais fora do controle do que já estão. Você entende o que estou pedindo?

A garota assentiu devagar. Ela entendia bem demais o que ele estava pedindo.

― Eu não posso falar disso pra ninguém? ― perguntou.

Pittorch fez um sorriso complacente.

― Não, minha querida. Imagina o que diriam! Imagina o que o garoto Roccula diria se soubesse! Não, não, é melhor manter isso em sigilo por hora, enquanto investigamos.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora