Capítulo 8

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NO CAPÍTULO ANTERIOR, Shirley pensou que estava apenas indo até Mystic Creak para denunciar as estranhas ocorrências a rodeando, quando se deparou com algo assustador: o cadáver de sua velha professora. Se não é a garota que vai aos Patrulheiros, agora são eles que virão até ela! O que será que vai acontecer quando os oficiais se depararem com uma jovem mortal no meio de uma cena de crime? Só tem um jeito da gente descobrir:

Boa leitura!!

...

CAPÍTULO 8: RATOS SANGRENTOS À ESPREITA

(escrito por ALÍDIA PACHECO)

Keyla tinha uma expressão preocupada, passando um copo d'água para Shirley. O fogo dos lampiões criava sombras pronunciadas em sua face, deixando-a ainda mais temerosa. A garota mortal bebeu seu primeiro gole d'água, tentando reduzir o choque que havia acabado de sentir ao ver o corpo assassinado da Sra. Pattinson. Parecia que o destino estava disposto a manter Shirley sempre em constante adrenalina, sem sequer dá-la uma pausinha pra descansar. Os mortos e a Morte a rodeavam como num culto: parecia que ela era a catalisadora.

― Vocês fizeram certo em me chamar, pombinhos ― disse a garota loira, sentando ao lado de Shirley na calçada. Tinham voltado à Reaky Avenue, que aparentemente fazia parte de um pequeno bairro para criaturas mistas e híbridos, chamado Crossheart. O beco com a defunta estava a apenas alguns metros de distância. ― Agora os Patrulheiros da Instituição podem cuidar do resto.

A primeira coisa que Ryan fez no instante em que tomou conta do que aquele corpo mortal queria dizer tinha sido chamar por Keyla, de quem ele tinha o contato pessoal. A garota bruxa, sabidamente, não veio sozinha para ajudá-los, trazendo seus colegas de Mystic Creak, afim de isolar a área e tomar conta de toda a situação. Era um evento especialmente macabro: não só a Sra. Pattinson havia sido cruelmente assassinada, como quem fez isso sugou todo o sangue que havia dentro dela, deixando-a completamente seca. Por isso a pele dela estava tão branca e o corpo parecia tão mais envelhecido e amassado: as veias e artérias deviam ter se esvaziado o suficiente para que os órgãos parassem de funcionar um por um, deixando todo o organismo obsoleto. Era uma visão triste e repugnante: por estar vazia de sangue, mais lembrava, por exemplo, aquele fantasma de gelo da Berkin Street do que o resto de carnificina que Shirley tinha criado daquela serpente transmorfa.

Ela teve a pior morte que alguém poderia ter.

― Ela era minha professora ― disse a menina, sem acreditar. ― Tive aula com ela essa semana mesmo...

A Sra. Pattinson era aquela mesma professora que pedira o essay sobre Moby Dick que sempre tinha a data de entrega postergada. Agora ele nunca ia ser entregue.

Olhou pelo cenário, incendiado pelas luzes vindas dos lampiões. A rua estava apinhada de homens em uniformes cinza de aparência hostil, todos portando instrumentos robustos como machados ou facões. Então aqueles que eram os tais Patrulheiros, afinal. Keyla, sempre de aura tão jovial, contrastava, mesmo usando as mesmas roupas: calça apertada, botas de couro, cinto estilo medieval e uma farda cinzenta de botões prateados. Todos também usavam uma capa dramática que ia até o chão. A última coisa que Shirley pensaria era que aqueles eram os policiais.

Ryan pôs uma mão no ombro da garota.

― Quem fez isso cometeu um crime horrendo. Aqui nós levamos as Leis de Impedimento muito à sério.

Keyla balançou a cabeça, coçando o queixo com o dedo.

― É o segundo caso de ataque a mortais este mês. Isso excluindo o seu, Shirley. ― ela suspirou. ― Esses monstros da Ordem Sangrenta estão ficando cada vez mais numerosos... Eu sabia que esse tipo de coisa só iria se tornar mais comum.

A Ordem SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora