2. Encontro

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[LUANA]

Não conseguia acreditar em como meu dia podia ter sido diferente se tivesse me virado quando ouvi Arthur me chamar. Aceitei sua solicitação, salvei seu número e apertei botão para ligar. Dois toques foram suficientes.

- Alô? - disse uma voz grossa, do outro lado da linha.

- Athur?

- Sim?

- Oi...Éé...Sou eu, Luana. Do mercado e do cartão.

- Nossa, que ótimo! Ainda bem que você já viu a mensagem! Tudo bem?

- Tudo sim e com você?

- Tudo bem, também.

Silêncio constrangedor. Por que ele me deixava sem graça, mesmo por telefone?

- Muito obrigada por guardar meu cartão, Arthur! Não tenho palavras para te agradecer!

- Ah, que isso, Luana! É um dever de cidadão. Como eu disse na mensagem, sei como é horrível perder documentos.

- Demais! Imagino que deve ter sido difícil pra você me achar no Facebook... - disse, mordendo o lábio inferior. Essa hesitação foi proposital, pois queria ouvir algo dele, algo mais pessoal.

- Na verdade, não. Só existe uma Luana Mollina no facebook e é você.

- Ah, é?

- Sim. Mas eu nem precisava clicar no perfil pra confirmar que era você. Logo que vi a sua foto fiquei aliviado. Você tem um rosto inconfundível.

OPA. Inconfundível bom ou ruim? Ri, um pouco sem graça e ele retribuiu com uma risadinha.

- Obrigada, eu acho - disse.

- É algo bom. Especial. - disse ele. Ainda bem que não estávamos nos falando ao vivo. Ele provavelmente veria o sangue do meu corpo fugir para minhas orelhas e bochechas.

- Obrigada. - disse novamente - Bem...E quando posso pegar o cartão com você?

- Amanhã eu vou precisar viajar a trabalho à tarde. Você se incomodaria de nos encontrarmos de manhã? Não precisa ser muito cedo.

- Seria ótimo, pra mim, Arthur. Também não quero te dar mais trabalho do que você já teve...

- Não se preocupe com isso! Podemos nos encontrar por volta das dez horas da manhã?

- Sim, seria muito bom - disse.

- Em que bairro você mora, Luana? Me diz que eu passo aí e lhe entrego o cartão.

Essa seria uma péssima. Minha mãe surtaria (mais ainda!) se eu desse meu endereço para um desconhecido.

- Arthur, eu preciso ir ao shopping do Leblon, na livraria que tem lá...Ficaria ruim pra você se nos encontrássemos lá? - sugeri. Eu morava no Humaitá. O shopping do Leblon era meio longe, mas, de fato, eu queria procurar alguns livros da minha wishlist que só tinham lá. Além disso, marcar em um local distante da minha casa e público me pareceu uma ideia segura.

- Não, fica ótimo pra mim. Eu moro em Ipanema.

- Ótimo. Bem, nos vemos amanhã.

- O.k. Boa noite.

- Boa noite - disse, timidamente. Um climão ficou no ar. Fiquei esperando ele desligar.

- Foi bom falar com você - disse ele, subitamente, quando eu já tinha decidido que ia encerrar a ligação.

- Eu digo o mesmo. Tchau, Arthur - disse, com um sorrisinho no rosto.

- Tchau, Luana.

Suspirei na escada. Parecia que uma tonelada tinha sido tirada das minhas costas. Teria meu cartão de volta. Pagaria minhas contas e poderia resolver minha briga com minha mãe, mesmo que, naquele momento, eu não quisesse falar com ela.

Uma Grande BagunçaOnde histórias criam vida. Descubra agora