21. Pulsações - Parte IV

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Karen pega o celular e abre na conversa de Davi. São quase três da manhã e ele está online. Ela pensa no que dizer, precisa se fazer de boazinha e fingir preocupação.

"Hey. Se você quiser conversar sobre o que aconteceu, eu estou aqui, Davizinho" envia.

Ela olha fixamente para a sua mensagem que é visualizada imediatamente. Davi começa a digitar.

"Agora não dá. Vamos esquecer o que aconteceu hoje. Obrigada por sempre se preocupar comigo. Me desculpa por hoje, fui um idiota e você não merece isso. Espero que possa me perdoar." Diz ele.

Karen gargalha de felicidade. É ótimo fazer com que ele se sinta culpado, assim ela tem chances de chantageá-lo.

"É claro que eu já te perdoei, Davizinho, não podemos ficar magoados com aqueles que amamos. Doeu muito na hora, mas tudo bem, você estava mal, eu deveria ter entendido" diz ela.

"Não é justificativa, Karen. De verdade, me desculpa."

"Já passou. O que você fez depois? Conseguiu se acalmar?"

"Na verdade sim. Dormi um pouco e, depois de uma ligação, acordei e vim para o hospital."

"Hospital? O que houve, Davi?"

"Você não vai acreditar...A Luana sofreu um acidente de carro."

"O que houve, Davi? Fiquei preocupada agora!!", dissimula Karen.

"Não dá pra explicar muito bem, mas um carro colidiu no táxi em que ela estava e ela acabou batendo a cabeça no banco. Está internada."

"É muito grave?"

"Talvez seja. Ela não está enxergando."

Karen precisa tapar a boca para não gargalhar tão alto e acordar seus pais que chegaram de viagem. Além de ter acabado com os sentimentos de Davi, a idiotinha da Luana ainda ficou cega. Que notícia maravilhosa!

"Ai, não acredito! Isso é definitivo? Não me esconde nada, Davi!"

"Acho que é provisório. Os médicos estão esperando ela acordar amanhã para fazerem uma avaliação mais precisa."

"Por que você não me disse antes? Eu trocaria de roupa agora e iria até aí, mas não quero acordar meus pais, que chegaram de viagem hoje". Karen tenta não rir ao escrever, fingindo que estava preocupada. Ela jamais sairia de madrugada para ver aquela idiota no hospital ou onde quer que fosse.

"Não faça isso, Karen. É perigoso sair sozinha de madrugada. Amanhã o horário de visitas começa às 9h. Você pode ir visitá-la."

"Eu farei isso, Davi. Você vai voltar pra casa hoje?"

"Não, eu estou muito preocupado pra ir. Além disso, também estou aqui com os pais dela aqui, dando uma força junto com alguns amigos."

"Ah, sim! Mande beijo para tia Magda e tio Alberto."

"Pode deixar. Até amanhã, Kaká."

"Até amanhã, Davi. Qualquer coisa que precisar, me chama."

"Obrigado amiga", diz ele.

Karen encara o teto no escuro. Uma parte de seu coração está muito feliz com tudo o que aconteceu com Luana. Para ficar melhor, só precisava que aquela idiota morresse.

O despertador toca às sete da manhã. Karen toma um banho rápido e corre para escolher uma roupa. Ela decide que vai toda de preto, mas com roupas extremamente caras; era como encarar o funeral da sua maior inimiga, o que de fato, Luana é.
Calça, blusa e jaqueta preta são as escolhas de Karen, que finaliza com um salto,  tudo extremamente exagerado. Como Davi olharia para aquela tonta com ela chegando daquele jeito arrasando no hospital?

Uma Grande BagunçaOnde histórias criam vida. Descubra agora