25. Resgate

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[LUANA]

Um som de choro encheu a minha sala. Os pais de Camila a abraçavam e se debulhavam em lágrimas, enquanto ela mal conseguia abrir os olhos. Meu pai decidiu ligar para a polícia, enquanto minha mãe preparava um chá para todos.

     Assim que os policiais chegaram, puderam constatar que era de fato Camila e nos acompanharam até o hospital. Minha mãe ficou com Rafa e eu fui com meu pai acompanhar Camila e sua família. Na sala de espera, enquanto faziam uma bateria de exames em minha amiga, decidi avisar aos amigos pelas redes sociais que ela foi encontrada e que estava bem. Eu não tinha certeza dessa última parte, mas não queria alarmar ninguém.

     Mil hipóteses se passavam na minha cabeça. Era terrível assistir minha amiga se destruindo e não poder fazer nada. Ela estava enterrando todas as possibilidades de sair daquela situação e de viver uma vida feliz porque não queria aceitar o fim do namoro. É claro que existiam muitas outras coisas envolvidas, ela estava sofrendo de um grave quadro de depressão, mas só conseguia pensar que ela também estava confusa a ponto de não perceber onde suas escolhas a estavam levando. 

     Onde ela teria ficado todos esses dias? Teria usado drogas? Alguém teria abusado dela? Cada uma dessas perguntas me assustava ainda mais e não saíam da minha cabeça.

     Cada segundo na sala de espera era uma tortura. Queria ter notícias da minha amiga. Só queria saber se estava tudo bem. Joguei a cabeça pra trás, me apoiando na parede e fechei os olhos. Respirei fundo algumas vezes, tentando me acalmar. De repente, me lembrei de Davi e do nosso encontro. Eu quase podia sentir o cheiro dele novamente, assim como seus dedos entre os meus. Essa lembrança não me deixava melhor, mas me acalmava. Ah! Se as coisas pudessem ser diferentes...

     Pouco tempo depois de postar que Camila foi encontrada, recebi mensagens de alguns amigos e não demorou para que recebesse uma mensagem de Davi no celular.

"Boa noite, Luana. Como a Camila está?"

"Boa noite, Davi. Estou no hospital. Eles estão fazendo alguns exames nela. Acho que você pode entender a situação...Não sabemos o que aconteceu com ela nesses dias."

"Sim, eu compreendo, é uma situação delicada." Respondeu ele

"Sem dúvida."

"Você está aí sozinha? Precisa de alguma coisa?"

"Estou com meu pai. Eu precisava dormir, amanhã tenho aula bem cedo, mas não vou conseguir fechar os olhos até ter certeza que ela está bem. Então, não preciso de nada, mas obrigada pela preocupação". Respondi.

     Senti um olhar em minha direção e percebi que meu pai estava olhando para a tela do meu celular. Os pais de Camila conversavam com um policial. 

- O que foi, pai? – perguntei.

- Está falando com Davi?

- Sim.

- Seja...Amável, Luana. Por favor.

- O que é isso, pai? Por acaso sou algum monstro?

- Você fica na defensiva com ele, Lu. Acho que podia ser mais gentil.

- Eu estou sendo. Até fui agradecer por ele ter achado minha amiga.

- Se eu não tivesse falado nada, você ainda estaria lá na sala, de boca aberta, vendo ele partir.

     Encarei meu pai com a cara mais feia que conseguia fazer. Eu sabia que ele tinha razão. Voltei meus olhos para a tela do celular e vi que Davi tinha respondido.

Uma Grande BagunçaOnde histórias criam vida. Descubra agora