Dentro de um livro antigo te encontrei. Um encontro rápido, daqueles de acenos pequenos sorrisos. Não tínhamos muito o que falar, apenas o que havia sido escrito numa tarde.
Os nossos bilhetes ainda estão colados pela casa, havia um perto do telefone, cheio de frases desconexas; colado na geladeira, uma lista impessoal. Mas no criado mudo muitas palavras rabiscadas dando voz ao papel, um pequeno enigma com extremidades arredondadas. E eu continuo (de mãos atadas) aqui parada com esse livro na mão.
Seus rabiscos quase incompreensíveis me prendem a atenção, meus olhos correm pelas linhas e uma pequena saudade me abate, me pega pela mão e não me solta.
Minha saudade não vai te trazer de volta, então respiro fundo e fecho o livro.
Em pensamento me repreendo por ter aberto aquele livro, mas isso não muda nada, nunca vai mudar.
Endireito minha postura e tomo em minhas mãos a decisão que passei tanto tempo a me perguntar se era a correta.
Corro pela casa a despregar cada bilhete, cada cartão. Prefiro não lembrar, perder a hora e os compromissos; se eles forem junto com esse meu vício estarei satisfeita. Assim, me desfaço, me perco como te perdi... Só espero me encontrar, e que esse encontro não seja num bilhete dentro de um livro.

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Bluebird
PoetryProsa e verso. Um compilado de contos, crônicas, poemas e cartas sem um destinatário especifico, e com um remetente qualquer. Alguns dos textos também estão no meu blog.