O azar é só meu
Em mais uma ação do meu dia,
na maçaneta fria
da porta que range.
Nas escadas de degraus traiçoeiros,
nos nevoeiros
que me impedem de ver,
de esquecer
esse meu azar.
Sigo mudando de calçada,
(alarmada)
tentando fugir de cada sinal,
buscando aval.
Que confirme que esse transtorno
tem retorno
e tudo faz sentido.
Mesmo tendo mentido
quando disse que havia sentido.
Mas se negasse você teria vencido,
no fundo sabe que foi um mal entendido
e o meu azar.
Coisa de quem nunca soube voar...
É só uma desculpa que criei
para explicar cada erro, cada tropeçar.
Criei esse meu azar.
Não são os astros, ou as linhas em minhas mãos
os culpados .
Não são as câmeras e os vizinhos alarmados
que impedirão
o próximo tropeço
não se importarão...
Se o azar correr preso em minha sombra,
até a próxima queda
que me assombra.
E não tem como dividir quando o azar é só meu,
ninguém herda
esse azar que sempre foi meu.
E no final esqueço,
que o azar é só meu
me revolto e entristeço,
faço um discurso extenso
e volto a tropeçar.
Tudo por causa desse meu azar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bluebird
PoesiaProsa e verso. Um compilado de contos, crônicas, poemas e cartas sem um destinatário especifico, e com um remetente qualquer. Alguns dos textos também estão no meu blog.
