O som do metal caindo no chão, meus olhos estáticos fitando o nada, as pessoas correndo a minha volta e meu mundo em câmera lenta...
Agora entendo, agora sei o que quis dizer com "Um dia tua ficha cai...". Ela caiu , uma moeda de vinte e cinco centavos também caiu, junto com uma nota fiscal e o cartão do consultório de um dentista. Mas nada além disso e da lembrança de suas palavras " Um dia tua ficha cai, ai tu se toca".
A ficha já havia caído, todos já haviam esbarrado em mim ou me tocado de alguma forma, mas faltava eu me tocar, tinha algo a ser percebido que estava invisível aos meus olhos.
Então eu toquei, rasguei meu peito sem me importar se meus pertences ainda estavam no chão, se as pessoas ainda estavam apresadas, se me tocavam sem permissão e se elas se desculpavam ou não. Toquei e a saudade tocou fundo e me levou junto pra ver o queacontecia por dentro, mas só vi vazio. Puxei o ar com toda a força que tinha, tentei me recompor, mas era difícil com tantos toques profundos, com a percepção do quão errada pude ser sem perceber.
E eu só queria poder te ligar ou te ver pra dizer que estava certo, que cai do prédio mais alto e quebrei minhas asas. E o pior é que ninguém percebe o que há, ninguém se toca de verdade.
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Bluebird
PoesiaProsa e verso. Um compilado de contos, crônicas, poemas e cartas sem um destinatário especifico, e com um remetente qualquer. Alguns dos textos também estão no meu blog.