Sofia Narrando
Acordei por volta das dez horas da manhã e levei um susto por ter acordado atrasada. Então, me levantei rápido ficando zonza e corri para tomar um banho antes que Guilherme começasse a bater que nem um retardado na porta querendo tomar seu banho também.
Quando terminei, sai e me vesti com uma roupa que minha mãe tinha me dado há algum tempo atrás e que eu nunca tinha feito questão de usar. Coloquei um tênis, passei uma maquiagem na minha cara de cavalo pra não ir assustando todo mundo no meu primeiro dia de aula e escondi umas espinhas que todos os dias lutavam comigo querendo sair e virar uma bola de golfe dando “Olá".
“Depois dizem que adolescentes não sofrem. Ata!"
Assim que termino de rebocar minha cara, guardo tudo no seu devido lugar para não dar trabalho à Agatha e desço para tomar o meu café da manhã. Descendo as escadas, dou de cara com a Agatha e minha mãe sentadas à mesa tagarelando alguma fofoca do dia.
– Bom dia, dona Sofia! – Agatha sorriu me dando um beijo molhado na bochecha.
– Bom dia, gostosa! – Lhe dei um abraço forte e empolgado.
– Filha, mais respeito com a Agatha. Por favor! – Letícia, minha mãe, me deu a bronca me lançando seu olhar sério.
– Qual é, mãe! Eu só quis brincar com ela um pouco. Não foi Agatha? – A olhei com um biquinho fofo.
– Foi sim querida. Dona Letícia, não precisa se preocupar com esse modo de agir de Sofia. Eu já me acostumei com os apelidos carinhosos dela então, não é necessário dar bronca. – Seu tom de voz era o mesmo de sempre, transmitia paz. Ela sempre falava como se tivesse toda a paciência e calma do mundo consigo.
– Tudo bem! Não irei mais me preocupar com isso. Bom, tenho que ir. Se eu ousar demorar mais um pouquinho o meu patrão vai fazer questão de me esperar na porta do meu escritório para me dar bronca. E, sinceramente, eu não quero levar bronca de novo. – Se levantou da mesa indo em direção ao sofá da sala para pegar sua bolsa.
Isso pra mim já era normal. Minha mãe vivia no trabalho e o meu pai também e foi por conta disso que eu, quando mais nova, comecei a tratar Agatha como se fosse uma segunda mãe para mim.
Observando a correria desnecessária de sempre da minha mãe, pego um pedaço de pão com tédio e o enfio todo na boca. Tomo um suco com gosto de uva e com aparência de manga e faço careta para minha mãe enquanto ela estava de costas. Agatha ri.
– Beijos minha filha e boa aula. Lembre-se de se comportar e eu não quero você matando aula ou se metendo em encrencas. Entendido? – Segurou minha bochecha e eu assinto livrando meu rosto de sua mão. – Agatha, não esquece de dá comida para o Matheus antes dele ir para escola.
– Pode deixar, senhora. Esta tudo anotado aqui na minha cabeça. Tenha um bom dia de trabalho! – Sorriu com gentileza mas sei que no fundo ela queria se livrar logo da minha mãe. Assim como eu.
– Tchau, mãe. Vai se atrasar se não for agora, lembra? – Dou um tchauzinho forçando um sorriso sem ânimo.
Minha mãe não diz mais nada, apenas se vira indo até a porta da sala e depois desaparece ao ter passado por ela. Aproveitando a saída dela, vou até a sala e me jogo no sofá para esperar a minha a hora de ir. Eu passava os canais da tv sem dar nenhuma importância até ver meu ídolo maravilhoso e cantando uma das minhas músicas preferidas. Do nada, o Guilherme chega e pega o controle com tudo da minha mão me dando um susto.
– Que susto, moleque! Deve ter bebido muito todynho com açúcar para ter tirado o controle assim da minha mão. – Coloco minhas mãos em meu peito tentando me recuperar e o embuste começa á rir trocando o canal.
Abro a boca para dar meus gritos histéricos mas antes, fecho meus olhos e respiro bem fundo. Tento manter a calma e me levanto tentando pegar o controle novamente da mão de Guilherme mas, mesmo pulando para tentar alcançar, os meus poucos centímetros de altura não me permitiam tocar em suas mãos.– Me dá, Guilherme! Para de infantilidade. Já viu que horas são para você está aqui em baixo atentando meu juízo e ainda vestido apenas de cueca!? – Bufo vendo que o mesmo não me dava o mínimo de atenção. – Aé? Agatha, olha Guilherme aqui de palhaçada!
– Para de ser escandalosa, Sofia! Não está vendo que não está passando nada de mais nesse canal. Só esse bibazinho aí que, aliás, ninguém se importa ou se interessa. – Guilherme debochou se jogando no sofá.
– Você quer morrer cedo, Guilherme? Quer saber? O ídolo é meu! Não gostou? Muda de lugar, de planeta. Ou melhor, engole ele que passa. – O encarei séria cruzando os meus braços e ele me olhou fazendo careta.
– Ei, parou já vocês dois! Vou ficar maluca de tanta gritaria nessa casa. Guilherme, por favor, dá o controle na mão dela e vai logo tomar o seu banho para ir pra escola. – Chegou secando suas mãos em um pano de prato.
– É, seu porco. Não quero chegar no primeiro dia de aula atrasada e com um gambá do meu lado. – Arranquei o controle da sua mão e dei um riso de vitória voltando no canal que estava antes.
– Chega de mi-mi-mi, Sofia. Cansa não? Oxi. - Resmungou e foi até as escadas subindo sem paciência.
Eu poderia até ser chata mas Guilherme – Infantilzão! – provocava isso. {...}
Quando Guilherme finalmente tinha terminado o seu banho demorado propositalmente, ele desceu todo pozudo sacudindo seus cabelos e foi até a mesa de centro pegando a chave do seu carro. Ou como ele chama, brinquedinho de adulto.
Ele nem sequer me esperou ou me chamou, saiu de cara virada para mim e para Agatha. Pedi para ela não ligar com esse comportamento idiota dele e me despedi lhe dando um beijo na testa. Quando sai, fui em direção ao carro e tentei abrir a porta mas ela não abria e eu podia jurar que Guilherme ria da minha cara lá dentro.
– Pode abrir, por favor? – Suspiro e ele abre mantendo o sorrisinho patético e implicante no rosto.
Guilherme de uns anos para cá começou à ter uns comportamentos totais idiotas. Não só comigo como com todo mundo lá em casa. Ele repetiu de ano umas TRÊS vezes e agora está tentando se redimir com o meu pai para tentar um emprego na empresa da família.
Sem eu me dar conta, Guilherme parou o carro no estacionamento e em uma vaga para pessoas especiais. Olho através da janela do carro e todos que estavam por ali encaravam o carro como se fosse uma ferraria de algum famoso chegando naquele inferno de lugar. Suspiro e saio toda desengonçada tentando ignorar todos os olhares curiosos pairando sobre mim. Eu odiava ser o centro das atenções porquê quanto mais desconfortável eu ficava, mais a chance de passar mico aumentava. Olho para o meu lado oposto tentando ver se Guilherme estava ainda por ali e vejo que o mesmo já estava distante rindo de canto-á-canto se achando "O TODO PODEROSO" com as meninas que já começavam a lhe rodear cheias dos sorrisinhos. Resumindo... tudo estilo prato de micro-ondas. Não entendeu? É que são tudo rodadas.
Jogo o meu cabelo para o lado fingindo não está nem um pouco abalada já com a fama do meu irmão e balanço a cabeça negativamente saindo dali o mais de pressa possível.
– Olá escola! Eu já estou te amando tanto, sua linda! –Ironizo falando sozinha. Como sempre.
Só espero que tenha uma tia da limpeza legalzinha por aqui porquê pelo visto é a única pessoa que eu vou tentar fazer amizade.
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Meu mundo, seu mundo. ♡ { Em revisão }
Teen FictionBrian Scott, um menino de dezoito (18) anos que se faz de durão, teimoso e acaba sendo bipolar também. Mas... vocês já sabem que nem todo mundo consegue manter a pose de "sadboy" ou "badboy" para sempre, né? O famoso Scott acaba se apaixonando e ca...