Megan&Edwin

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- Ah meu Deus, maldita campainha, não tô esperando ninguém!

Megan dizia para si mesma enquanto corria em direção a porta de entrada do apartamento. Era seu último dia em casa antes da viagem. Já tinham esquematizado todo o passeio e organizado seus dias de férias com a empresa. Após o casamento não efetuado de Beatrice, as coisas acabaram ficando mais fáceis. O tempo também ajudara as duas moças a acalmarem os nervos, pensando exclusivamente na viagem que estavam prestes a fazer. Megan abriu a porta, esperando qualquer notícia vinda do porteiro, mas se impressionou ao ver ninguém menos que Edwin.

Seu sorriso murchou.

- O que você quer aqui? Não posso te atender, Bea está dormindo. Não quero que tenha más recordações. - disse com um tom de voz pesado. Edwin segurou a porta com o pé antes que ela pudesse fechá-la.

- Vim lhe dizer que lamento muito. Não respondi suas ligações porque não sabia como reagir. Não por telefone. - Edwin sempre teve um tom de voz grave e contido. Agia mais do que falava e isso era uma das coisas que Megan mais amava. Ao ver o pé travando a porta, lembrou-se das inúmeras vezes que tentara finalizar discussões daquela forma e não conseguira. Ele sempre agia. Nunca a deixava esperando. O amava, por mais que não pudesse arriscar uma relação tão séria. Tinha medo. E agora, tinha raiva. Não poderia mesmo se quisesse. Ele era amigo do ex noivo da amiga e o termino não foi normal. Foi algo absurdo, digno de tragédia grega. Não queria que Bea tivesse recordações nem por um segundo. Ainda assim, não conseguia fechar a porta. E era incapaz de bater em Edwin, por mais que quisesse.

- E qual é a grande diferença de você vir aqui pedir desculpas ou falar por telefone? Está deixando tudo pior, Edwin. - Megan respondeu, abrindo a porta novamente e o encarando com o semblante fechado. Edwin mantinha uma expressão preocupada e um tanto sem graça. Não podia fazer milagres. Muito menos limpar toda a situação embaraçosa que John criou. Megan podia ver em seus olhos que estava se sentindo mal, mas não queria acreditar. Não depois de ser totalmente enganada por John. Voltara a ser aquela menina de nove anos que só andava com um cão.

- A diferença você sabe qual é. - Edwin respondeu, mantendo o olhar preso a Megan por bastante tempo. Só desviou-o quando a garota o fez primeiro, olhando brevemente para a janela da sala. Pensou em algo para responder, mas foi interrompida. - Vocês estão indo pra algum lugar? - perguntou Edwin, que havia reparado na mala aberta ao chão. Megan fez questão de atrapalhar a vista, colocando o corpo na frente. - Não. Aquilo é tudo da Bea. Esqueceu que ela saiu da casa do seu amiguinho? - mentiu, torcendo para que não reparasse nos detalhes da bagagem. Teve certeza de que Edwin sabia quando o encarou novamente. Depois de Dixie e Beatrice, era a terceira pessoa que conseguia ler pelo olhar. E ele parecia fazer o mesmo, o que naquele caso era mal.

- Tenho que ir. Melhoras a Beatrice. E... cuide-se. - Edwin finalizou, voltando a manter o contato visual por mais tempo do que Megan gostaria. Achou melhor começar a fechar a porta, fazendo-o menear a cabeça em despedida e seguir pelo corredor do prédio, em direção as escadas. Fechou a porta atrás de si e permaneceu por alguns segundos ali, imóvel. Era difícil vê-lo. A expectativa de reencontrá-lo depois da última discussão e término era grande e não imaginava que após tudo aquilo, ainda sentia o coração acelerado. Mais um ótimo motivo para viajar, sem dúvida.

Jogou-se ao lado da mala e começou a fazer a listagem do que precisaria. Encontrou dentre os muitos acessórios, o anel que Edwin lhe dera ao completarem um ano de relacionamento. Era prateado e simples, mas de muito significado. Antes disso, Megan jamais tinha completado aquela data com alguém. Sempre expulsara os homens com menos de seis meses e Edwin conseguira ultrapassar esse limite muito bem. Estava impressionada por chegar a esse marco e Edwin estava certo de que continuariam avançando. Megan sentiu-se extremamente culpada por recusar o pedido a três meses atrás, mas não podia.

Ainda assim, guardou o anel na bolsa. Depois disso, fechou-a. A viagem se aproximava e não via a hora de sair daquele redemoinho que se tornou a sua vida e a de Bea.


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