Meg&Bill&Beatrice&Álcool

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- Vai, aproveita que ninguém tá olhando.

Megan falou, fechando a porta do salão de festas do hotel. O lugar era amplo, iluminado e vazio, tirando o som de última geração no canto da parede. O aparelho tocava Hip Hop em volume alto, já que seria utilizado à noite. Megan descobriu a informação horas atrás, quando ela e Bill guardavam as malas no carro. Partiriam para Firenze após o almoço e a menina quis conhecer o ambiente antes de ir embora. William não os acompanharia, pois servia na Alemanha e teria que retornar ao país em breve.

- O que você quer que eu faça? - perguntou o militar, parando no meio do salão com um semblante confuso. Megan riu, parando ao seu lado e começando a dançar. Bill riu, a observando. - O que você está fazendo? - perguntou.

- Para de perguntar e dança logo! - respondeu a escocesa, rodando no salão. William a encarava com os olhos arregalados, até que Megan parou o que estava fazendo para lhe dar atenção. Bagunçou seus cabelos e abriu sua camisa, puxando suas mãos para que a acompanhasse. O rapaz aos poucos começou a se soltar, deixando sua rigidez de lado por alguns instantes para se divertir com Megan. O casal ria e dançava, aproveitando o tempo sozinhos.

- Megan... - iniciou William, ainda dançando. - Antes que você vá embora, quero dizer que... - percebendo que a garota mais rodopiava do que lhe dava atenção, parou de dançar, segurando-a pelos ombros. - Gostaria que... - bufou, enquanto Megan erguia uma das sobrancelhas, rindo. - Você pode retornar a Escócia levando um pedaço meu? - perguntou, com um tom sério.

- C-como? Uma perna? Um braço? - Megan brincou com um sorriso no rosto, que foi gradativamente morrendo ao perceber que William falava sério. - Que tipo de pedaço? - perguntou, apreensiva. Bill sorriu, tirando do bolso um cordão, que Megan rapidamente identificou como chapa militar. Ergueu as sobrancelhas em surpresa, fazendo William rir.

- Calma. - ele pediu, mostrando que o objeto na realidade podia ser aberto no meio. Dentro, a menina pode ver sua foto com o rapaz. Acabou rindo e deixando que ele colocasse em seu pescoço.

- Assim, quando você achar que estou demorando demais, é só dar uma olhada. - disse, sorrindo. Megan envolveu os braços em torno do pescoço de William, lhe puxando para um beijo.

Foram interrompidos pelos trabalhadores do Hotel, que abriram a porta e desligaram o som, dando a oportunidade para deixarem a sala.

Beatrice havia terminado de verificar os cômodos, parando na janela por alguns segundos para dar uma última olhada na vista. Estava feliz por ter conhecido Verona, mas infeliz por ter passado momentos tão complicados na cidade. Queria que tudo fosse perfeito, como a primeira semana, mas não teve essa sorte. John havia lhe jogado um balde de água fria e se não fosse por James, estaria escondida debaixo das cobertas até agora. A briga acabou dificultando o passeio, já que todos estavam muito doloridos. Só melhoraram nos últimos dias, salvando um pedaço da viagem. Beatrice agradeceu mentalmente por ter encontrado pessoas tão maravilhosas durante suas férias. Ives, Roberto, Fernando, as meninas de Barcelona... Se divertiu quase todos os dias e por mais que John tivesse armado seu golpe final num momento inesperado, não deixaria de sorrir. Preferia pensar em seu nariz sangrando. Megan tinha conseguido e sabia que contaria essa história no dia de Natal com a maior alegria do mundo.

A menina percebeu que o tempo passava depressa. Há três semanas atrás, descobria a traição de seu noivo. Estava machucada e no fundo do poço. Agora, tinha forças para continuar caminhando. Tinha James. Ele conseguiria fazê-la feliz. Acreditava de todo o coração. Se sentia feliz por fazer isso, pois há dias atrás imaginou que não seria capaz. Acreditou que ficaria desolada e presa a John para sempre, mas Ives tinha razão.

Pensando no professor, resolveu ir até seu quarto. Partiriam em breve e não queria que ele fosse pego de surpresa. Bateu na porta três vezes, franzindo o cenho na última. James costumava responder rapidamente e se estivesse fora, avisaria. Estaria dormindo?

- James! Você está aí? - perguntou, voltando a bater na porta. - James! - persistiu, pegando o celular. Discou o número do rapaz, conseguindo ouvir o toque no lado de dentro. Depois de tentar duas vezes, ouviu barulhos dentro do quarto, batendo na porta mais uma vez.

- James! - chamou, conseguindo ouvir os passos lentos na direção da porta.

Quando encarou o rapaz, surpreendeu-se. Por reflexo, empurrou seu tórax com as duas mãos, para evitar que caísse. O americano estava completamente bêbado e sorriu de forma abobalhada, reconhecendo a menina.

- BEeEeEa! - chamou, tropeçando na mala atrás de si e por sorte caindo na cama. Beatrice fechou a porta rapidamente, correndo em sua direção e vendo ao lado da cama duas garrafas de vodka. Ele havia bebido tudo aquilo sozinho?

- James, não dorme! Me escuta! Preciso te levar ao Hospital! - pediu Beatrice, vendo o rapaz sentar-se na cama com dificuldade e recusar com a cabeça. - Nada disso... venha aqui! - disse, envolvendo Beatrice com os braços, a puxando para junto de si e deitando novamente. A menina precisou de dez minutos para se soltar e levantou da cama rapidamente, em busca de água no frigobar. Quando olhou para trás, viu James em pé bebendo o resto da garrafa. Ficou boquiaberta.

- Como você consegue? Por favor, James... vamos, me ajuda! - pediu, com tom choroso, vendo o rapaz sorrir na sua direção.

- S-sabe... gosto de você. Gosto mesmo. - o rapaz balbuciou, antes de fechar os olhos e cair desacordado no chão.

- Ele vai ficar bem, só precisa tomar um pouco de glicose. Acho que vão ter que adiar a viagem. - disse o doutor, com um sotaque engraçado. Ainda assim, a notícia não era das melhores. Teriam que sair no dia seguinte de manhã se quisessem pegar a excursão a tempo. William se dispôs a levar James para casa, mas Beatrice se recusou. Não o deixaria no Hospital.

- O que aconteceu? - a menina perguntou com um tom triste, observando James reclinado na maca. O rapaz estava silencioso, com um semblante envergonhado. Beatrice quis tocar sua mão, mas ele a afastou, virando também o rosto.

- Acho melhor você ir embora hoje. William pode me levar. - começou, mas Beatrice o interrompeu.

- Eu já disse que não, James. Não saio desse Hospital enquanto você estiver nele, entendeu? - a menina tinha um tom de voz firme, diferente do costumeiro.

- Não vou para Firenze. Vou ficar aqui. - disse, fazendo a escocesa franzir o cenho, confusa.

- Porque? O que está acontecendo, James? - perguntou novamente, recebendo apenas o silêncio como resposta. Enervou-se.

- James, não sei o que está pensando, mas não vai melhorar nada assim! Você me confessou os seus problemas e eu os aceito, pois você aceitou os meus! Levou uma maldita mordida por minha causa e eu não vejo problema em te apoiar agora! Agir dessa forma só vai piorar as coisas! Só vai me magoar!

- Não, Beatrice! - James a interrompeu com a voz alterada, finalmente a encarando com os olhos cheios de lágrimas. - Vou te magoar se continuar ao seu lado! Não posso fingir ser o que não sou! - desabafou, deixando que as lágrimas rolassem por seu rosto. Limpou-as com o braço livre, fungando. - Eu cheguei ao fundo do poço, vê? Sabe quantas vezes eu vim ao Hospital nas últimas semanas? Inúmeras! Sou vazio e viciado. É isso o que eu sou. Tentei ser o homem que você merece, mas não consigo. Ele morreu em Julho. Junto com o meu pai. - disse com pesar, pausando para engolir o choro. - Agora, se você puder me deixar sozinho, eu agradeço. - pediu, com o tom mais calmo. Não conseguia mais encarar Beatrice e a menina sentiu os olhos se encherem d'água. Apenas se levantou da cadeira, parando em frente a maca por alguns instantes.

- O homem que me acompanhou em Verona todos esses dias era o que? Uma fraude? - iniciou, sem receber resposta. - Não, James. O homem que me fez feliz de Firenze até aqui é real, está vivo e tem um problema. E quem não tem? Eu fui trocada por uma colegial às vésperas do meu casamento! Meu ex noivo além de usar a igreja que eu escolhi para casar com outra pessoa, quase destruiu as minhas férias! E pra completar, não consegui dizer uma palavra a ele! Uma que seja, porque nunca fui capaz de me defender sozinha! Quando te conheci, estava totalmente quebrada! Você me ajudou a superar muitas coisas! Me deixe te ajudar também! Me deixe ser para você o que foi para mim! - pediu Beatrice, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto, a enxugando com os dedos. Caminhou até a porta do quarto e abriu-a, encarando James pela última vez. - Se quer recomeçar, se dê uma chance. - finalizou, deixando o americano com os próprios pensamentos.

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