Megan&Beatrice&Labirinto

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O Parque do Labirinto d' Horta.

Localizado na antiga finca do Marquês de Llupià, tem estilos neoclássicos e românticos que arremetem respectivamente aos séculos XVIII e XIX. Beatrice lia o folheto com atenção, caminhando pelo local. Interessada pela história, queria descobrir cada detalhe significativo. Enquanto isso, Megan observava um riacho, com os cotovelos apoiados na pequena ponte. Era sem dúvida um local romântico. A grande maioria de visitantes eram noivos posando para as fotos de casamento, o que tornava o passeio um pouco torturante.

Edwin e John ainda as assombravam. De formas diferentes, mas o faziam. Enquanto Megan se afundava em um mar de pensamentos sobre seus medos e futuro, Beatrice sentia-se amargurada. A dor que John causara não fora pequena. Era a primeira vez que de fato se imaginava casando com alguém. De uma hora para a outra, tudo foi ao chão, como um castelo de cartas. Sentiu-se estúpida por ter acreditado tanto e talvez ficasse quebrada para sempre. Teve medo. E se Ives estivesse errado? E se tudo o que lhe dissera servisse apenas para ele? Conseguiria amar novamente? Conseguiria encarar outro olhar e sentir-se feliz verdadeiramente? Seu coração apertou.

Megan lembrava do sonho. De como era destemida e sem amarras. Balançou a cabeça, querendo afastar qualquer pensamento do passado, mas era quase impossível em um lugar como aquele. Até mesmo o ar parecia apaixonado. Lembrava-se a todo segundo de Edwin em sua montaria, em frente a Notre-Dame. Chegava a ser cômico. Mas quando ele não era? Por mais sério que gostasse de parecer, sempre a fazia rir. Sempre colocava seu intrometido pé na porta, antes que conseguisse deixá-lo falando sozinho. Era Edwin que pegava Dixie no colo e a levava para o quarto enquanto dormia. Era ele que sem motivo algum, trazia pastinhas e guloseimas para a cadela. Lembra-se como se fosse ontem da última fuga da Cocker. Edwin parou uma avenida inteira debaixo de chuva para buscá-la. Era dolorido pensar que não conseguiria casar com ele.

Seu medo não a deixava nem ao menos tentar.

Sentia-se estúpida e infeliz. Ainda mais quando pensava que seu ex namorado estava envolvido na sujeira de John. Acobertou-o e Megan jamais poderia beijá-lo novamente sem pensar nisso. Estavam fadados ao afastamento.

Suspirou, desiludida. Aquele cavalheiro jamais a buscaria novamente. Nunca mais veria a ponta de seus sapatos bloqueando a porta ou seu olhar azul e intenso. Não sabia a quem culpar. Edwin ou a si mesma?

- Vamos passear lá dentro. - ouviu a voz de Beatrice e voltou a realidade. A amiga tinha um sorriso triste nos lábios e Megan não pensou duas vezes em passar um dos braços por seus ombros. Caminharam juntas até a entrada do labirinto, se separando.

Os caminhos eram estreitos e confusos, deixando-as mais enroladas do que previam. Não conseguiam nem mesmo encontrar a estátua de Eros ao centro. Gritavam uma o nome da outra e nunca se encontravam, rindo da confusão. Quando cansaram-se de desbravar o local, tentaram se reencontrar.

Não conseguiram.

Escureceu.

E as duas garotas permaneceram lá dentro, completamente perdidas.

- Meu Deus, Megan! Eu não acredito que ficamos presas aqui! - Beatrice gritava, nervosa. Não conseguia enxergar um palmo a frente e a bateria de seu celular estava acabando. Megan xingava do outro lado.

- Eu juro que quando sair daqui vou afogar todos eles naquele riacho ridículo! - reclamou, furiosa. Também não conseguia ver.

- Beatrice, vamos fazer o seguinte. É Marco-Polo, ok? Marco! - gritou, começando a andar.

- Polo! - respondeu a amiga.

- Marco!

- Polo!

- Marco!

- Polo!

- Marco!

- Megan, você tá perto de mim! - gritou Beatrice, percebendo a proximidade das vozes. Completamente cega, a garota se abaixou, tentando enxergar o outro lado do labirinto pela fresta. Podia ver uma sombra e esticou o braço, pretendendo tocá-la.

- UAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

O grito de Megan quase matou Beatrice do coração. E o pulo quase esmigalhou seus dedos. Por sorte, após tocar na perda da amiga, tirou a mão do caminho. A mais velha pulou algumas vezes, até perceber as gargalhadas de Beatrice do outro lado.

- Beatrice... meu Deus... vou morrer... juro que vou morrer e te levo junto. - disse Megan, arfando e pousando uma das mãos no peito. Abaixou-se, encontrando a mão da amiga e não pensou duas vezes antes de esgueirar-se pela fresta. A mais nova ajudou-a a levantar.

- Agora precisamos achar uma forma de sair daqui. - disse a menina, de mãos dadas com Megan. As duas ficaram com medo de se perder novamente. - Você consegue entrar em contato com alguém? - Megan cogitou, fazendo a amiga erguer os braços, lembrando-se se algo.

- Claro! Porque não pensei nisso antes! - agitou-se Beatrice, pegando o celular dentro da bolsa e torcendo para que a bateria não tivesse acabado. Achou entre seus contatos o número que queria e primeiro enviou uma mensagem. Depois, ligou. Após explicar a situação da forma mais excêntrica possível, recebeu uma resposta rápida e eficaz.

Roberto e Fernando pulavam os muros do Parque para o resgate.

- Como vocês conseguiram ficar presas aqui? - Fernando perguntou, altamente intrigado. As duas estavam envergonhadas, mas acabaram achando graça. - Eu gritei Polla ao invés de ajuda. - Megan respondeu, fazendo os três rirem.

- Ok, depois dessa aventura vocês precisam de uma cerveja. - disse Roberto, ajudando Beatrice a descer o muro. Os quatro seguiram rumo ao metro, onde as amigas puderam contar todo o ocorrido.

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